Leitura: 1Rs 18.10-21; 19. 1-5
Introdução
As Escrituras Sagradas ensinam que o Senhor Deus vê as
pessoas, de modo totalmente diferente de como nós as vemos. Nós só podemos
observar as suas características físicas e algumas manifestações perceptíveis
aos nossos olhos, e nem sempre verdadeiras. Deus, porém, as avalia pelo que
lhes vai na alma. Nada há que seja encoberto para o Senhor. (1Sm 16. 7). O
salmista diz:
“Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me sento e me levanto; de longe percebes os meus pensamentos. Sabes muito bem quando trabalho e quando descanso; todos os meus caminhos são conhecidos de ti. Antes que a palavra chegue à minha língua, tu já a conheces inteiramente, Senhor.” (Sl 139. 1-4)
Há inúmeros os exemplos de
como as características exteriores de alguém são imperfeitas para que façamos
uma avaliação adequada do outro. A nossa falha nesse aspecto é recorrente. O
Senhor tem duas maneiras de escolher um servo para cumprir uma ordem:
a)
São muitos os
casos em que o próprio Deus chamou o servo. São exemplos bem claros, entre
outros, Noé, Gideão, Josué, Isaías Jeremisas, e também os Doze, a quem Jesus
mesmo convocou. (Gn 6. 11-13; Jz 11. 6-16; Is 1. 9; Jr 1. 5-7; Mt 4. 18ss)
b)
Outros foram
chamados por intermédio de líderes: Arão, Davi, Paulo e Barnabé, para as
viagens missionárias, entre outros casos. (Êx 7. 1-2; 1Sm 16. 10-13; At 13.
2-3)
De qualquer maneira, direta
ou indiretamente, aquelas escolhas provieram do próprio Deus.
Quando o homem decide
escolher por conta própria, o desastre é iminente. Isso aconteceu com a escolha
de Saul, para governar Israel.
1.
Deus usou Elias, um profeta sem história
Não há registro bíblico
sobre a história do profeta Elias, a não ser o seu lugar de nascimento. Ele era
natural de Tisbe, ou Tisbé, uma cidade na região de Gileade, localizada,
atualmente, na Jordânia, ao Sul do mar da Galileia. Nenhuma outra informação
sobre ele. Mas, esse homem sem currículo foi intensamente usado por Deus, até
que Deus o tomou para si, arrebatando-o ao céu, num carro de fogo, com cavalos
de fogo, num redemoinho. É necessário que se leia a história desse profeta sem
currículo, muitas vezes temeroso por causa da violência pecaminosa do rei Acabe
e de sua mulher Jezabel. O currículo do homem não é condição sine qua non para que Deus o use, para
cumprimento da sua vontade. Deus usou um sábio doutor da Lei, Paulo; mas também
usou um pescador indouto, Pedro.
2.
“O poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza.” (2Co 12. 6)
O erudito apóstolo Paulo fez a máxima questão de
deixar claro que todo o seu preparo intelectual não estava acima do poder de
Deus. Há muitos crentes orgulhosos da sua intelectualidade, colocando-a à
frente da operação do Espírito Santo. As coisas de Deus são tratadas segundo a
vontade de Deus, da maneira que Deus decidir, independentemente daquilo para
que nos sintamos capazes. Não somos capazes para Deus; apenas podemos nos
tornar capacitados por Ele. Elias não apresentou currículo; pode ser que o
tivesse, mas o Senhor não se interessou nisso. Deus não usa os soberbos em
quaisquer que sejam as suas atitudes, não só as intelectuais. O Senhor os
humilha para que se arrependam.
3.
Deus pôs desafios diante do tímido Elias
Embora pareça que Elias se mostrava poderoso para atos
sobrenaturais, o próprio Deus
permitiu que ele deixasse evidente o seu caráter tímido, até mesmo medroso.
Mais de uma vez o profeta estremeceu diante das circunstâncias, o que nos prova
que Deus usa o homem, não a sua valentia pessoal. O poder jamais será de nós
mesmos, porque pertence a Deus. Se a Bíblia não registrasse os temores de
Elias, somente as suas vitórias, talvez, nós não atentássemos para ver que o
poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza humana. Deus conhece, mais do que qualquer
pessoa, as nossas fragilidades.
4.
O medo pode voltar depois de grandes vitórias.
As instabilidades emocionais de Moisés; o pouco
cuidado moral demonstrado por Davi; o reconhecimento da vida mundana de Isaías;
a arrogância estúpida de Pedro; ou o caráter violento de João e Tiago não foram
empecilhos para que o Senhor os usasse no cumprimento daquilo que decidira
fazer; todavia, não deixou de colocar essas fraquezas diante deles, não apenas
para os corrigir, mas também para nos corrigir dos nossos mesmos males.
“Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros, e orem uns pelos outros, para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz. Elias era humano como nós. Ele orou fervorosamente para que não chovesse, e não choveu sobre a terra durante três anos e meio. Orou outra vez, e os céus enviaram chuva, e a terra produziu os seus frutos.” (Tg 5. 16-18)
Elias teve muitos momentos de medo e depressão. Porém,
Deus não o desprezou por isso; mas lhe proveu do necessário, porque ele
reconhecia que, mesmo em suas angústias, o Senhor o fortalecia, alimentava-o,
por causa da sua vida de oração, por meio das quais ele confessava os seus
temores e fraquezas.
Deus não esconde as nossas imperfeições: ele nos
coloca bem diante delas, para que conheçamos a nossa realidade humana diante do
seu poder transformador e abençoador de todos aqueles que reconhecem a sua
insignificância e buscam ajustar-se àquilo que é a vontade do Pai. Coloquemos
diante de Deus, com sinceridade as nossas imperfeições que afloram
constantemente. O Senhor é fiel e justo para nos purificar de todo pecado, de
toda fraqueza e timidez.
Conclusão
Que os exemplos aqui citados de tantas fraquezas
notadas nos homens a quem Deus usou, possam servir a nós mesmos de espelho em
que está projetada a nossa pequenez, a fim de que, tendo-as diante de nós,
tenhamos a certeza de que Deus, antes de tudo nos conhece física e
emocionalmente; ele conhece as nossas arrogâncias, conhece a nossa timidez e
sabe que sem ele somos nada. O próprio Senhor Jesus alertou: “sem mim nada
podeis fazer.”
“... Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará muito fruto; pois, sem mim, vocês não podem fazer coisa alguma.” (Jo 15. 5b)
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