quarta-feira, 13 de março de 2024

A RELAÇÃO ENTRE PROCESSOS EDUCACIONAIS E VIDA CRISTÃ

 


 



 

 

            Chamo de processos educacionais todo o conjunto dos elementos físicos e intelectuais voltados para obtenção do êxito numa programação educacional. Em outras palavras: esses processos representam a materialização do que entendemos por “escola”, estritamente no sentido de ambiente de ensino/aprendizagem. Todavia, a relação ensino/aprendizagem antecede o ambiente escolar, porque as primeiras lições têm início no lar.

 

            Observado esse ponto de vista, não é difícil notar que o ensino domiciliar varia de família para família, o que produzirá nos educandos diferentes modos de ver a vida. Essa cosmovisão diversa será desastrosa, se não houver a escola, no seu papel de filtrar e realinhar essas diferenças (em princípio saudáveis), levando os indivíduos à seleção do que é ético ou antiético para o senso comum em sua sociedade.

 

Mas o que nos provoca essa meditação é buscar a relação entre os referidos processos educacionais e a pedagogia para a prática da vida cristã. Evidentemente, ainda que a Educação no Brasil seja de natureza laica (como deve ser), seus processos educacionais precisam ser modelos para a educação cristã; isto é, a tarefa da educação cristã deve utilizar tudo quanto há de excelente nas técnicas – incluindo as tecnologias - da educação laica. O assunto é vasto; por isso, muita coisa ficará para outros momentos.

 

Para hoje, é importante entendermos que a base da “educação” propriamente dita, está na noção transformacional, isto é, na intenção de se promover a mudança de uma situação de ignorância para uma situação de sabedoria. Essa noção transformacional envolve-se no próprio conteúdo da palavra evangelho. Por isso, não há conhecimento sem mudança de situação. Exatamente isso é o que propõe o evangelho: mudança que leva ao conhecimento (Jo 8. 32). Paulo, escrevendo a Timóteo, ensina:

 

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e proveitosa para ministrar a verdade, para repreender o mal, para corrigir os erros, e para ensinar a maneira certa de viver; para que todo homem de Deus tenha capacidade e pleno preparo para realizar todas as boas ações.” (2Tm 3. 16-17)

 

            A partir desse texto, ninguém pode negar o caráter transformacional que há no ensino apostólico de Paulo. Só se explica a verdade onde há risco de operação da mentira; só se repreende o mal onde há as obras perversas; só se faz correção onde há erros. Concluímos, então, que as Escrituras são a fonte do ensino, que é o fator preponderante no processo da educação. Crentes são educandos, pertencentes a uma etapa de curso que só terminará na extinção desta vida, mas continuará na vida futura. Imaginemos quanto há para os salvos aprenderem lá no Céu! 

 

            Não há vida cristã que não seja resultado de transformação, portanto, resultado do ensino. A transformação é feita pelo Espírito Santo, pois Jesus disse que “ele nos ensina e nos faz lembrar todas as coisas”.

 

“Mas, aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto tenho dito.”  (Jo 14. 26)

 

“Eu ainda tenho muitas verdades que desejos vos dizer; mas seria demais para o vosso entendimento neste momento. No entanto, quando o Espírito da verdade vier, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos revelará tudo o que estiver por vir.” (João 16. 12-13)

 

            Lemos, no início desta meditação, o texto na Carta aos Efésios, que ensina qual é o alicerce de uma igreja cristã. Muitos julgam que esse alicerce é um belo e confortável templo; outros o atribuem esse a um bom departamento de Música e Canto, a fim de congregar mais pessoas em suas reuniões. Tudo isso é bom! Mas o que estrutura a verdadeira igreja militante neste mundo, a qual glorifica a Trindade celestial é a observância da instrução, que está em Efésios 4. 11-13.

 

            As igrejas têm a obrigação de fazer discípulos (Mt 28. 19-20); portanto, elas devem valer-se dos processos educacionais, uma vez que a sua estrutura envolve aqueles que o próprio Deus “deu” às igrejas, desde os tempos primitivos: uns, para apóstolos (os de hoje não são os que ele deu, pois a tarefa apostólica é bem reduzida; Deus mesmo abriu caminho para o trabalho das missões); outros, para profetas, que são os homens encarregados da transmissão da mensagem bíblica à igreja; outros, para evangelistas, que são os que anunciam as boas novas aos perdidos; deu outros para pastores, cuja função é conduzir as ovelhas aos pastos verdejantes de alimentação, segurança e repouso; por fim, deu os mestres ou doutores: os homens dedicados ao estudo bíblico e teológico, com vistas à educação cristã.  Toda igreja tem de ter essa estrutura! Em alguns casos, essas funções ministeriais podem ser cumulativas, mas as igrejas não podem prescindir delas, porque os versículos 12 e 13 apontam que essa é uma vontade de Deus:   

 

“Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.”

 

À vista disso, não se pode ignorar, nem desprezar a noção de que os processos educacionais são confirmados pelas Escrituras, para a sanidade da vida cristã. Que todas as igrejas e todos os ministérios cheguem à conclusão de que a sua maior necessidade não é, por exemplo, o investimento de recursos na grandiosidade dos templos; pois, amanhã, não ficará pedra sobre pedra. Que se plantem frutos que permaneçam. (Jo 15.16) Amém!

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