Chamo de processos educacionais todo o conjunto dos elementos físicos e
intelectuais voltados para obtenção do êxito numa programação educacional. Em
outras palavras: esses processos representam a materialização do que entendemos
por “escola”, estritamente no sentido de ambiente de ensino/aprendizagem. Todavia,
a relação ensino/aprendizagem antecede o ambiente escolar, porque as primeiras
lições têm início no lar.
Observado esse ponto de vista, não é
difícil notar que o ensino domiciliar varia de família para família, o que produzirá
nos educandos diferentes modos de ver a vida. Essa cosmovisão diversa será
desastrosa, se não houver a escola, no seu papel de filtrar e realinhar essas
diferenças (em princípio saudáveis), levando os indivíduos à seleção do que é
ético ou antiético para o senso comum em sua sociedade.
Mas o que nos provoca essa meditação é buscar
a relação entre os referidos processos educacionais e a pedagogia para a
prática da vida cristã. Evidentemente, ainda que a Educação no Brasil seja de
natureza laica (como deve ser), seus processos educacionais precisam ser
modelos para a educação cristã; isto é, a tarefa da educação cristã deve
utilizar tudo quanto há de excelente nas técnicas – incluindo as tecnologias -
da educação laica. O assunto é vasto; por isso, muita coisa ficará para outros
momentos.
Para hoje, é importante entendermos que a
base da “educação” propriamente dita, está na noção transformacional, isto é, na
intenção de se promover a mudança de uma
situação de ignorância para uma situação de sabedoria. Essa noção transformacional
envolve-se no próprio conteúdo da palavra evangelho. Por isso, não há
conhecimento sem mudança de situação. Exatamente isso é o que propõe o
evangelho: mudança que leva ao conhecimento (Jo 8. 32). Paulo, escrevendo a
Timóteo, ensina:
“Toda a Escritura é
inspirada por Deus e proveitosa para ministrar a verdade, para repreender o
mal, para corrigir os erros, e para ensinar a maneira certa de viver; para que
todo homem de Deus tenha capacidade e pleno preparo para realizar todas as boas
ações.” (2Tm 3.
16-17)
A partir desse texto, ninguém pode
negar o caráter transformacional que há no ensino apostólico de Paulo. Só se explica
a verdade onde há risco de operação da mentira; só se repreende o mal onde há
as obras perversas; só se faz correção onde há erros. Concluímos, então, que as
Escrituras são a fonte do ensino, que é o fator preponderante no processo da
educação. Crentes são educandos, pertencentes a uma etapa de curso que só
terminará na extinção desta vida, mas continuará na vida futura. Imaginemos
quanto há para os salvos aprenderem lá no Céu!
Não há vida cristã que não seja
resultado de transformação, portanto, resultado do ensino. A transformação é
feita pelo Espírito Santo, pois Jesus disse que “ele nos ensina e nos faz
lembrar todas as coisas”.
“Mas,
aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos
ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto tenho dito.” (Jo 14. 26)
“Eu
ainda tenho muitas verdades que desejos vos dizer; mas seria demais para o
vosso entendimento neste momento. No entanto, quando o Espírito da verdade
vier, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá
tudo o que tiver ouvido e vos revelará tudo o que estiver por vir.” (João 16. 12-13)
Lemos, no início desta meditação, o
texto na Carta aos Efésios, que ensina qual é o alicerce de uma igreja cristã.
Muitos julgam que esse alicerce é um belo e confortável templo; outros o
atribuem esse a um bom departamento de Música e Canto, a fim de congregar mais
pessoas em suas reuniões. Tudo isso é bom! Mas o que estrutura a verdadeira
igreja militante neste mundo, a qual glorifica a Trindade celestial é a
observância da instrução, que está em Efésios 4. 11-13.
As igrejas têm a obrigação de fazer
discípulos (Mt 28. 19-20); portanto, elas devem valer-se dos processos educacionais,
uma vez que a sua estrutura envolve aqueles que o próprio Deus “deu” às igrejas,
desde os tempos primitivos: uns, para apóstolos (os de hoje não são os que ele
deu, pois a tarefa apostólica é bem reduzida; Deus mesmo abriu caminho para o
trabalho das missões); outros, para profetas, que são os homens encarregados da
transmissão da mensagem bíblica à igreja; outros, para evangelistas, que são os
que anunciam as boas novas aos perdidos; deu outros para pastores, cuja função
é conduzir as ovelhas aos pastos verdejantes de alimentação, segurança e
repouso; por fim, deu os mestres ou doutores: os homens dedicados ao estudo
bíblico e teológico, com vistas à educação cristã. Toda igreja tem de ter essa estrutura! Em
alguns casos, essas funções ministeriais podem ser cumulativas, mas as igrejas
não podem prescindir delas, porque os versículos 12 e 13 apontam que essa é uma
vontade de Deus:
“Querendo
o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do
corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do conhecimento do
Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.”
À
vista disso, não se pode ignorar, nem desprezar a noção de que os processos
educacionais são confirmados pelas Escrituras, para a sanidade da vida cristã.
Que todas as igrejas e todos os ministérios cheguem à conclusão de que a sua
maior necessidade não é, por exemplo, o investimento de recursos na
grandiosidade dos templos; pois, amanhã, não ficará pedra sobre pedra. Que se
plantem frutos que permaneçam. (Jo 15.16) Amém!
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