sábado, 2 de dezembro de 2023

O CRENTE E A EVANGELIZAÇÃO


 

 




“Procura apresentar-te a Deus, aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” (2Tm 2. 15)

 

             Um dos sérios problemas, praticamente, verificado em grande parte das nossas igrejas, é a classificação dos seus membros, em obreiros e crentes de banco! Não sei de onde surgiu, nem como ficou instituída, essa classificação perversa. Mas a verdade é que isso serve de abrigo aos maus crentes que não se dispõem a trabalhar pela causa do evangelho. Esses tais são egoístas, porque se consideram abençoados pela Salvação, como se fossem pessoalmente privilegiados. Rigorosamente falando, esses crentes estão sob maldição, como se lê em Jeremias 48. 10.

 

            A palavra obreiro não é apenas um jargão evangélico, que as pessoas usam para identificar pastores, evangelista ou presbíteros etc.; é um adjetivo que se refere a todo aquele que está envolvido numa obra. São obreiros os engenheiros civis, os mestres de obra, os pedreiros, os serventes etc.! No caso da igreja, VOCÊ TAMBÉM É UM OBREIRO, se estiver envolvido na execução de uma obra: a obra do Reino de Deus!

 

            É muito triste perceber que há, em “todas” as igrejas, pessoas que passaram pelas águas do batismo, participam da Ceia do Senhor – de modo indigno, porque são pessoas omissas (1Co 11. 27) - mas não se dispõem a ser obreiros, pelo simples fato de que não se envolvem com a “obra”. Jesus falou desses membros infrutíferos, os quais são varas que não dão frutos; os tais serão cortados e lançados ao fogo. (Jo 15. 1-6).

 

 

“Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a salvação da alma.” (Hb 10. 39)

 

 

 

1.    EVANGELIZAR: A PRINCIPAL TAREFA DA IGREJA

 

 

“Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e, eis que eu estou convosco, todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!” (Mt 28. 19-20)

 

 

Todos sabemos que a grande tarefa da Igreja cristã, determinada pelo Senhor Jesus é a anunciação do evangelho; é fazer discípulos! Considerando-se, entretanto, que as igrejas são organizações terrenas, sociais, distribuídas em diversas denominações, em conformidade com seus princípios teológicos e suas declarações de fé, cada uma tem a sua “cara” diante da sociedade.

 

         Em geral, o que a sociedade vê e analisa, com relação às igrejas, é o seu sistema administrativo (que, hoje, chega rápido ao mundo). Porém, é a sua liturgia que a expõe favorávelmente, ou não, ao público. Em Atos dos Apóstolos, lemos:

 

 

“... E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos, com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo...” (At 2.46-47)

 

 

            Reunirem-se nas residências para fazerem refeições comunitárias era uma prática social da época. Hoje é impossível observar, à risca, essa prática Porém, o que nos deve chamar a atenção é que eles estavam perseverantes na fé e o povo admirava-os! O comportamento social e “religioso” das igrejas precisa atrair a simpatia do povo.

 

            Essa simpatia não deve ser causada apenas pela beleza dos nossos templos, nem pela apurada liturgia dos nossos cultos. Também, não se conquistará a simpatia dos homens com uma demonstração desnecessária de “usos e costumes”, pois isso não deve fazer parte do nosso trabalho evangelístico. A vida particular de cada crente precisa ser testemunho vivo de sua santificação (objeção à convivência com os interesses deste mundo). A santificação não é demonstrada pelo traje, nem pelo isolamento social, nem pelas práticas antissociais. É a vida espiritual de cada crente, em particular, e a prática da evangelização, totalmente em conformidade com a nossa teologia e, sobretudo, segundo as Escrituras, que resultará na admiração do povo e na redenção de almas.

 

 

2.    O QUE É EVANGELIZAR?

 

 

Evangelizar consiste na prática do evangelismo, também chamada de evangelização. A palavra evangelismo refere-se mais à convicção daquele que segue, melhor dizendo, vive o evangelho de Cristo. Evangelização refere-se ao trabalho de anunciar o evangelho aos homens, cumprindo a determinação do Senhor Jesus, não somente à Igreja, mas a cada um de nós, seus servos. É uma ordem do Senhor!

 

 

“Aquele servo que conheece a vontade de seu senhor, e não prepara o que ele deseja, nem age para agradá-lo, será castigado com extrema severidade.” (Lc 12.47. KJA)

           

            A evangelização deve ser, antes de tudo, uma obrigação pessoal, isto é, não existe crente desobrigado desse trabalho. Mas a evangelização pessoal não é feita como um pregador solitário, pelas ruas, trens e ônibus, como vendedores ambulantes fazem! A evangelização pessoal é feita no seu ambiente particular, de trabalho, com alguns amigos etc. Não evangelizar é tornar-se vara que não dá fruto. Imaginemos quantas varas infrutíferas há nas igrejas! Mas, próprio Pai as tirará da videira verdadeira e as lançará no fogo! (Jo 15.1). Você sabe que essas palavras foram ditas por Jesus!

 

            O Senhor nos pôs por testemunhas dele. Sabemos que qualquer testemunha que desconhece a realidade do que afirma é testemunha falsa: incorre em crime!

 

 

“Mas, recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós, e sereis minhas testemunhas...” (At 1. 8 - destaque meu)

 

“Vós sois as minhas tetemunhas, diz o Senhor, e o meu servo, a quem escolhi; para que o saibas, e me creiais, e entendais que sou eu mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e, depois de mim, nenhum haverá. Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há Salvador!”

(Is 43. 10-11 - destaque meu)

 

 

Pretender evangelizar, sem estar ciente e consciente do plano da Salvação, em Cristo Jesus e das bênçãos do evangelho para o homem perdido é dar falso testemunho. A vida toda do crente deve dar testemunho da obra salvífica da cruz. Ser salvo não é apenas permanecer membro de uma igreja; não é dizer que é salvo, nem dizer que crê em Deus. É ter passado pelo processo do “novo nascimento”: justificação em Cristo Jesus (Rm 5. 1); regeneração, pelo Espírito, por meio da água purificadora da Palavra (Tt 3. 5; 1 Pe 1. 23; 2Co 5.17) e santificação (1Pe 1.15-16; Hb 12. 14), como nova criatura.

 

 

3.    PARA IR À LUTA!

 

Um perigo enorme no trabalho mde evangelização é o despreparo bíblico e também social de muitos crentes. A palavra luta termina por inflamar o comportamento agressivo das pessoas, mesmo crentes! É necessário saber que o evangelho manda-nos condenar o pecado, ou seja, levar a verdade bíblica em oposição à mentira do enganador. Satanás enganou a Eva (mas não enganou a Adão). Eva foi enganosamente levada ao pecado; porém Adão agiu conscientemente; aceitou a possibilidade de pecar. A partir disso, a humanidade ficou destituída da glória de Deus. (Rm 3.23). Porém, não somos autorizados a condenar o pecador! Não lutamos contra pessoas; não sejamos “antipáticos religiosos”, não temos o “orgulho de sermos salvos”, nem somos melhores do que aqueles a quem anunciamos o evangelho. A fé é que nos salva, a misericórdia de Deus é o que nos sustenta, inclusive nas situações das nossas fraquezas humanas.

 

 

“... E, enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se comovia em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria...(At 17. 16).

 

“... E estando Paulo no meio do areópago, disse: Homens atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos; porque passando eu, e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio.” (At 17. 22-23)

 

 

A Igreja de Cristo, os cidadãos dos Céus, não lutam contra as pessoas, não devem ser agressivas com elas - tenham elas a condição que tiverem. É preciso lembrar aos evagelizadores que eles lidam com seres humanos caídos na rede do mal, atraídos pela malignidade deste mundo; devem tratá-las com o mesmo amor com que Cristo nos amou, com um tratamento digno, carregado de respeito e urbanidade.

 

 

“... porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais.” (Ef 6.12).

 

 

            Agora eu te pergunto, depois de ler essa orientação de Paulo, aos efésios, você acha que é fácil sair a evangelizar? Claro que não! Se sairmos na nossa força, o trabalho será nulo ou prejudicial à obra do Reino de Deus. Pior, ainda: seremos fatalmente envergonhados!

 

 

“... e alguns dos exorcistas judeus, ambulantes, tentavam invocar o nome do Senhor Jesus sobre os que tinham espíritos malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus, a quem Paulo prega! Os que faziam isso eram sete filhos de Cevfa, judeu, principal dos sacerdotes. Respondendo, porém, o espírito maligno, disse: Conheço a Jesus e bem sei quem é Paulo, mas vós, quem sois?

E saltando neles o homem que tinha o espírito maligno e assenhoreando-se de dois deles, pôde mais do que eles; de tal maneira que nus e feridos fugiram daquela casa. (At 19. 13-16).

 

 

4.    NÃO BASTA IR À LUTA! É NECESSÁRIO PREPARAR-SE!

 

Acabamos de ler a instrução do apóstolo Paulo, a respeito de quão árdua é a nossa luta contra o mal. Não basta ser soldado, não basta estar no quartel, não basta ter armas à disposição. É necessário estar treinado para o combate. Você é crente; diz que é soldado. Você frequenta a igreja; diz que está no quartel e tem a Espada como arma para essa batalha.  Então, você deve responder se está preparado para ir à batalha contra as hostes espirituais da maldade, referidas pelo apóstolo Paulo. Talvez, você responda que não está preparado, por isso não irá à luta!

 

Porém, acabamos de ver que nós fomos arrolados como testemunhas de Cristo, porque participamos do seu sofrimento na cruz. A nossa participação na Ceia do Senhor revela isso! Portanto, não temos o benefício da omissão sem prejuízo. Isso seria negar a Cristo!

 

 

“Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante do meu Pai, que está nos céus; mas, qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante do meu Pai, que está nos céus.” (Mt 10. 32-33)

 

 

          O próprio apóstolo Paulo instrui sobre o equipamento que o crente deve ter para enfrentar tão grande batalha. Vejamos Efésios 6. 13-17. Que equipamento é esse? O comentarista Wiersbe explica:

 

        É importante que o cristão não dê lugar ao diabo (4. 27)” Isso quer dizer que jamais se pode deixar vulnerável qualquer que seja a área da vida; pois o inimigo usará suas armas para fazer o ataque e, “dessa forma, permitir que Satanás consiga [nessa brecha] uma base de operações. O crente tem que “vestir toda a armadura de Deus”. A batalha, efetivamente, obriga o crente a defender-se com a Palavra de Deus, que é a sua Espada. Na tentação, que sofreu no deserto, o Senhor Jesus venceu com a Palavra: “Está escrito”!

Você sabe onde “está escrito”, para não ser atingido?

 

         O crente não receberá ataque na região dos órgãos vitais (lombos) se estiver protegido com a verdade e com a couraça da justiça. Os pés, que posiibilitam a marcha adiante, devem estar calçados na preparação do evangelho da paz. Por que na preparação? Porque o crente não pode esquecer de que a vida cristã exige prática bíblica, exame das Escrituras, estudo bíblico. Não se trata de decorar versículos aleatoreamente, mas compreender o contexto da Palavra!  Sem isso, ninguém pode prosseguir na luta contra o mal; o crente poderá ser ferido em sua tarefa de evangelização.

 

Satanás tem grande interesse na descrença, por isso, a fé é um dos pontos que ele mais procura enfraquecer. Os de fé enfraquecida caem facilmente. Essa é a razão de ser necessário portar o escudo da fé, para rebater ataques do maligno.

 

Outro ponto vulnerável, aliás, mortal, se atingido é a cabeça. Nessa parte do corpo humano funciona a alma humana: a sua mente. Muitos cristãos caíram e outros cairão, por terem as suas mentes atingidas pela falta do capacete da salvação. O capacete da salvação é que leva o crente a compreender a verdade pura do evangelho. Ele protege essa verdade das heresias malignas que levam à perdição.

 

Por fim, o crente deve conviver com a Espada do Espírito, a Palavra de Deus; por ela, o crente tem os lombos cingidos com a verdade e com a couraça da justiça; por ela, faz a preparação do evangelho da paz para o levar ao mundo perdido; por ela, alcança o escudo da fé e, por ela, se protege com o capacete da Salvação.

 

 

Conclusão

 

 

Ao encerrar esse brevíssimo estudo, convém que eu lembre que o Senhor Jesus avisou que, sem ele não poderemos fazer. A oração é que nos põe em contato com o Mestre e Senhor. A oração é o meio de o crente falar com Deus, para louvar e engrandecer o seu Nome, para chegar ao Trono, levando-lhe uma sincera adoração, para agradecer a sua graça e misericórdia cotidiana para nós e para manter acesa constantemente a nossa relação com o nosso Rei e Senhor amoroso e fiel.

 

A oração deve ser constante em nossos corações, independentemente de lugar, de horário, de voz audível ou da posição do corpo. Ela tem de ser constante. Não saia a evangelizar sem que a oração seja o seu contato direto com Deus. Toda obra do Reino de Deus é feita com base na oração, porque sem Jesus, todo o nosso trabalho é vão.

 

Não há necessidade de espalharmos por aí que vivemos em oração; aliás, esse hábito pode dar a impressão de que nós oramos mais do que os nossos irmãos. O Senhor Jesus deixou bem claro:

 

 

“Tu, porém, quando oraraes, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu pai, que vê em secreto, te recompensará.” (Mt 6.5)

           

 

Então, meu irmão, abra a sua Harpa Cristã, observe o hino 93 e entenda que a mensagem poética daquelas estrofes é dirigida a você e a mim! Vá, agora, ao hino 471!

 

Tenho certeza de que você brevemente se apresentará como um soldado ao batalhão, pois, soldado não sai sozinho à batalha. Não recomendo que você saia pelas ruas como um pregador solitário. Você faz parte de uma equipe! Essa equipe tem um propósito e um projeto a cumprir. Una-se aos projetos da sua igreja; assim, todos mostraremos que somos fiéis soldados de Cristo! Contamos com você, irmão ou irmã!

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