sexta-feira, 22 de setembro de 2023

ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL: UM DEPARTAMENTO IMPORTANTE

 


 Introdução

 

Gostaria de trazer para este “bate papo” uma reflexão que julgo imprescindível para uma boa compreensão de toda a gama de atividades que se desenvolvem no âmbito da vida cristã, mormente no seio das igrejas.

 

Geralmente, o desinteresse pelo raciocínio, ou a falta de discernimento, tão comum nas pessoas, faz que todas as atividades que se desenrolam na vida das igrejas, se incluam numa noção simplista do que seja “trabalhar na obra do Senhor”.

 

          Nem tudo o que se faz em favor de uma igreja local é, especificamente, um “trabalho para o Senhor”. Por exemplo, evangelizar é um trabalho para o Senhor, mas pintar o templo é trabalho para a igreja; não para o Senhor! Por isso, há necessidade de que todos os membros de qualquer igreja - no sentido de comunidade local de cristãos - estejam aptos para compreender e identificar o que faz parte do sagrado e o que, embora necessário, faz parte das necessidades ou dos interesses humanos.

 

A vida terrena, que se findará um dia, traz necessidades que envolvem essa nossa finitude: a manutenção pessoal e, a dos nossos semelhantes, inclusive a do próprio planeta, que é o nosso habitat, é um trabalho para a humanidade. Assim, praticamos ações que contribuem para o mais amplo bem-estar social, seja de crentes; seja de descrentes. (Mt 5. 45).

 

Evidentemente, a linha divisória entre o que é de natureza espiritual e o que é de natureza material torna-se, nesse particular, muito tênue; mas essa linha existe, e nós devemos notá-la. O Senhor Jesus nunca relacionou o que é natural com o que é espiritual. Ele usou muito o lado material, para fazer parábolas que instruíssem os discípulos; não, porém, para juntar um e outro aspecto. “Dai a César o que é de César”, disse ele. (Mt 22. 21).

 

Quando a multidão pobre carecia de alimento, o Senhor Jesus mandou que os discípulos lhes dessem de comer. (Mt 14. 16). Isso mostra que, antes do ato sobrenatural da multiplicação de pães, o Senhor provocou os discípulos para que eles percebessem o lado das necessidades materiais, as quais eles mesmos deveriam resolver.

 

Sempre há um lado totalmente material; a igreja deve conscientizar-se disso! Não é raro que, como crentes, pensemos em buscar uma solução divina para aquilo que devemos, nós mesmos, solucionar. (Js 1. 9).

 

Há atividades, na igreja, que só dependem de seus membros; para essas, não adiantam orações. Lembro-me de certo pastor, apreciador de “profetadas”, que vive orando para que Deus “mande” pessoas para a sua igreja! Que as igrejas se conscientizem dos seus deveres neste mundo!

 

          Em pouco tempo, após o Dia de Pentecostes, a direção humana da igreja primitiva sentiu a necessidade de criar um departamento, com função específica: o Departamento de Diaconia. (At 6). A necessidade do setor era humana, a decisão de criá-lo foi humana, embora a direção andasse dirigida pelo Espírito Santo.

 

          Tenho a impressão de que muitas administrações de igrejas, neste nosso século, não simpatizam com a criação de departamentos, os quais são úteis ao trabalho eclesiástico. Jetro, o sogro do patriarca Moisés, há muitíssimos séculos, orientou-o a setorizar a administração do povo de Israel (Êx 18. 13-27). Por que tantos líderes desvalorizam a setorização?

 

1.     DEPARTAMENTO DE ORAÇÃO

 

Baseados na ideia de que a oração é um dever contínuo de toda a igreja, muitos pastores não se dão o cuidado de estruturar um Departamento de Oração, conduzido por um obreiro apto para conduzir tão importante departamento, e para formar uma equipe de intercessão, sob seus cuidados e orientação.

Há necessidade de um lugar específico, próprio para o momento de oração, preferencialmente, retirado da nave do templo, bem arejado; se possível, com música ambiente, para a reunião semanal de oração. Essa reunião, ainda que formada por um grupo fixo de intercessores, deve ser aberta a todos os membros da igreja. Não há dúvida de que um departamento assim, bem orientado, trará os melhores resultados para toda a igreja.

 

 

2.     DEPARTAMENTO DE ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL

 

Outro dos departamentos mais importantes na estrutura de uma igreja é o Departamento de Escola Bíblica Dominical. Talvez, esse departamento se coloque imediatamente após o Departamento de Oração, em uma ordem de importância.

 

          Graças a Deus, já se veem lideranças assembleianas que se despertam para enfatizar setores prioritários em seus ministérios; entre esses setores, as EBDs. Expande-se a noção de que as Assembleias de Deus consideram as EBDs como um importante núcleo de ensino teológico semanal, além de considerá-las um ótimo recurso tanto doutrinário quanto evangelístico. Todos os ministérios podem contar com uma escola teológica básica, ao alcance dos seus membros e dos seus convidados. Assim, as EBDs constituem uma valiosa estrutura, nas igrejas, para a Educação Bíblica de seus membros, a qual pode contar com a excelência do material didático, e com o apoio para a formação e capacitação teológica de professores que se dedicam ao ensino e à expansão da Palavra de Deus em todo o nosso país. Gloria a Deus por isso!

  

Já que andamos nessa fase, é importante que se veja a estrutura das EBDs como um terreno fértil para o plantio de um projeto amplo de Ação Social.

 

Quando se fala em Ação Social, feita pelas igrejas evangélicas, é natural que se pense, a “priori” em distribuição de gêneros alimentícios e de roupas, entre as pessoas carentes. Porém, a carência de nosso povo vai além da necessidade de comida e de roupas; na verdade, as pessoas são carentes, sobretudo, do evangelho de Cristo. Depois, vem a carência da escolaridade, que as segrega da cidadania; a seguir e, consequentemente, a fome e a nudez. Nesses aspectos é que a Igreja Cristã tem o dever de atuar.

 

O Senhor Jesus mandou que os seus discípulos saíssem, por todas as nações, praticando o ensino, e levando os aprendizes ao batismo, em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. (Mt 28.19). Deve chamar a nossa atenção, que no versículo 20, o Senhor repete o verbo da “educação”: ensinar. Devemos ensinar as gentes, com a finalidade de que elas guardem tudo quanto Ele mandou! O que é esse tudo?

 

Jesus não deu nenhuma instrução parcial! Ele disse: “tudo”! O programa a ser cumprido e ensinado, em primeiro plano, está em Marcos 16. 15:

 

E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura”.

 

Essa ordem do Mestre é o passo inicial do trabalho da Igreja. Já, em Mateus 10. 1, tomamos conhecimento de um “evangelho aplicado”; Esse é o evangelho verdadeiramente integral:

 

E, chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem, e para curarem toda enfermidade e todo mal.”

 

Um estudo cuidadoso dos evangelhos mostrará que Jesus praticou a verdadeira missão integral; isto é, uma missão que não tem interesse político nem pendor ideológico. (Lc 20. 25). Toda ação social que se veste de ideológia política é falsa missão integral, pois não visa, primordialmente, à Salvação de almas (Mc 8. 36). As missões que há por aí objetivam os interesses dos sistemas políticos, em que o ser humano se torna apenas massa de manobra.

 

A igreja realmente cristã deve trabalhar como Jesus trabalhou e como ele ensinou: demonstrando compaixão por toda sorte de pobreza humana; seja ela espiritual, seja material, ou social, ou intelectual. Cristo satisfaz todas as necessidades humanas, por intermédio do interesse demonstrado por seus discípulos atuais: a Igreja.

 

A omissão sobre ensinar tudo quanto Jesus mandou trará mal resultado para aqueles que, dizendo-se cristãos, deixam de atender as necessidades gerais do próximo, porque pensam, apenas, nos próprios interesses. Judas, o ladrão traidor e avarento, ficou incomodado, porque Maria gastou dinheiro para agradar o Mestre, em vez de colocá-lo na bolsa de ofertas, de onde o bandido roubaria. (Jo 12).

 

O evangelho segundo Mateus registra, no capítulo 25. 31-46, o resultado do cumprimento ou do descumprimento da missão integral, determinada pelo Senhor Jesus. Cumpramos tudo quanto ele nos mandou; (Jo 2. 5); ensinemos aos homens que o verdadeiro evangelho é integral, pleno de bênçãos para uma vida espiritual sadia e para uma vida material equilibrada.

 

Por isso, a instituição que chamamos de Escola Bíblica Dominical é a terra propícia para que a igreja local ensine tudo quanto o Senhor mandou.

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Translate:

Pesquisar este blog

• Arguivo do blog