sexta-feira, 22 de setembro de 2023

A TAREFA PRINCIPAL DA IGREJA: MISSÕES

 

 

Leitura: At 1. 4; 8; 2. 1-4; 13. 1-3.

 

1.4: “E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, que - disse ele - de Mim ouvistes.”

 

1.8: “... Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós, e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra.”

 

2. 1-4: “Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem...”

 

13. 1-3: “Na igreja que estava em Antioquia, havia alguns profetas e doutores, a saber, Barnabé, e Simeão, chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo. E servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.”

 

Introdução

 

As quatro sequências de textos que acabamos de ler são a base daquilo que a Igreja precisa saber a respeito das determinações do Senhor, quanto ao tempo de realizar a sua obra e de que maneira fazê-la.

 

 Nós não decidimos qual o dia adequado para iniciar o trabalho, nem qual a estratégia que usaremos, ainda que assim pensemos! Na verdade, a decisão sempre é do Espírto Santo.

 

“... ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder.” (Lc 24.49).

 

Em Atos 1.4, lemos, novamente, que o Senhor mandou que os discípulos não se ausentassem de Jerusalém, mas lá ficassem, na expectativa da Promessa. Jesus não marcou dia e hora para a promessa; com isso, ele gerou nos seus discípulos a necessidade da perseverança.

 

Precisamos nos livrar da ansiedade pela resposta de Deus. É certo que ele responderá conforme a sua vontade, e de acordo com os seus insondáveis planos. Perseverar na fé é uma virtude! No tempo do Senhor, o que há de vir, virá! Continuemos em “Jerusalém”: o lugar de oração e de espera. O texto seguinte, (1. 8), garante a promessa: “Mas, recebereis a virtude do Espírito Santo que há de vir sobre vós...”! Somente depois disso, é que estaremos aptos a testemunhar a mensagem do Senhor, em todo o mundo!

 

A resposta àquela espera obediente está narrada no capítulo 2. 1-4: o Senhor enviou o Espírito Santo sobre eles. A partir desse ponto é que surgiu uma Igreja poderosa, contra a qual as portas do inferno não prevalecem (Mt 16. 18).

 

          As portas do inferno não são as perseguições aos crentes; são todas as sutilezas com que Satanás procura atrair a Igreja, para levá-la à porta larga (Mt 7. 13-14). Nesse trecho Jesus não tratou da perseguição violenta que viria sobre a Igreja, por causa da obediência ao evangelho! As aflições foram previstas pelo Senhor (Jo 16. 33); logo, não se trata de o inimigo prevalecer contra a Igreja! A obediência ao Senhor, a perseverança em oração e a fé são o segredo da nossa vitória.

 

Somente sob a orientação do Espírito Santo é que a Igreja Primitiva empreendeu corajosamente o trabalho missionário, como se lê em Atos 13. 1-3. É pela obediência ao “ide” do Senhor, e pela fé na perene atuação do Espírito Santo na Igreja, que devemos empreender a obra missionária.

 

          O apóstolo Tiago ensina a importância da fé que suporta a obra do evangelho no mundo: a fé assegura o resultado das obras (Tg 2. 17); logo, não há resultado para o Reino, se não houver a fé.

 

 De quais obras nos fala Tiago? Ele nos fala das obras frutíferas; resultantes da obediência ao Senhor e da fé em suas promessas. Fala-nos daquelas obras que resultam benefícios para o Reino de Deus.

 

A Assistência Social é obra meritória e necessária à vida terrena; o atendimento às pessoas carentes também deve ser preocupação da igreja. Mas a Ação Social, em si mesma, não é uma obra que frutifica para o Reino de Deus! A Ação Social é prática da cidadania terrena; não faz parte do fruto do Espírito, registrado em Gl 5.22.

 

Sem o fruto do Espírito, na igreja, o serviço social é mero exercicio de civilidade! Porém, o nosso assunto encaixa-se na área da obediência às determinações do Senhor Jesus, conforme Atos 1. 4: devemos permanecer em Jerusalém, até que tenhamos o revestimento de Poder (At 1.8), para bem executarmos a tarefa que o Senhor Jesus delegou à Igreja, em Mateus, 28. 19-20. Falo de uma atividade própria e exclusiva do corpo de Cristo: as Missões!

 

 

1.     O QUE É MISSÃO? QUEM É MISSIONÁRIO?

 

 

Missão é uma ordem, de natureza superior, dada a outrem, para que seja necessáriamente cumprida, com a responsabilidade da indispensável prestação de contas.

 

Missionário, em termos bíblicos, é o indivíduo incumbido de uma missão. Não se trata do título eclesiástico que muitos atribuem a si mesmos. O missionário, na verdade, é um evangelista. Aliás, cabe lembrar que a ocupação ministerial é uma decisão divina, para o crecimento sadio da obra do Reino de Deus. Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores ou mestres não constituem uma ordem hierárquica entre si. Não se trata de uma classificação humana; porque são dons ministeriais, distribuídos por Deus, segundo a sua vontade e decisão, conforme Ef 4.11. Os homens que transformam o seu dom ministérial em posição hierárquica, à moda das empresas, estão fora da graça de Deus; passam a mercenários.

 

 

Não pode haver uma tarefa bem executada, se não houver pessoas bem preparadas e aptas para a cumprir. A atividade militar conhece bem o significado da palavra missão; por isso, antes de qualquer missão militar, é necessário um tempo, para a boa instrução do soldado. O apóstolo Paulo usa conceitos da atividade militar, para exemplificar a missão do crente; consequentemente, da Igreja. Todo soldado deve entender o que é uma missão e quais os detalhes de seu cumprimento; assim também deve prepara-se o soldado de Cristo. A igreja do nosso tempo “precisa ficar mais em Jerusalém”, para ser cheia do Poder de Deus, precisa buscar com dedicação o preparo espiritual; mas também não pode desprezar a aquisição e a manutenção da competência intelectual. Certamente, não foi em vão que Deus criou o intelecto humano! O Senhor criou a capacidade intelectiva para o engrandecimento da sua própria glória!

 

Muitas pessoas costumam apoiar-se num provérbio popular bastante duvidoso, que diz: “Deus não escolhe os preparados...” Isso é um péssimo conselho, que os preguiçosos apreciam muito. Devemos entender que o Senhor Deus cobra a excelência! De Abrão, exigiu perfeição (Gn 17 1). A Moisés, disse; “Perfeito serás, como o Senhor, teu Deus.” (Dt 18. 13); aos discípulos, Jesus disse: “Sede vós perfeitos como é perfeito o vosso Pai que está  nos céus.” (Mt 5. 48).

 

Da igreja, também é cobrada a excelência; pois o apóstolo Paulo manda que sejamos imitadores de Cristo e de Deus! (1Co 11. 1; Ef 5.1). Quem imita o Senhor busca assemelhar-se a ele; busca pensar do mesmo modo como ele revelou pensar (Fp 2. 5-11).

 

Perfeição é excelência, portanto, só se torna perfeito na obra

do Senhor aquele que busca a excelência em tudo quanto faz! Quem busca seriamente a perfeição não faz a obra do Senhor relaxadamente. (Jr 48.10). Quem, de nós, diria ao Senhor: “Não me peça isso! Ninguém é perfeito!”, se Deus quer o aperfeiçoamento dos santos! (Ef 4. 12). Trabalhemos!

 

            O apóstolo Paulo demonstra grande interesse pela perfeição no exercício da vida em Cristo:

 

Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra. E, se alguém também milita, não é coroado, se não militar legitimamente.” (2Tm 2. 4-5).

 

A responsabilidade de uma missão nunca será dada a um homem despreparado! Por isso, Jesus mandou que os discípulos aguardassem o revestimento do Espírito Santo, em Jerusalém, sem o que a missão não poderia ser cumprida. (Atos, 1. 4). Nenhum crente pode cumprir a missão, sem que esteja revestido do Espírito Santo! É totalmente falho o nosso interesse por fazer missão, sem que também busquemos esse revestimento, com orações, jejuns, intensa dedicação ao estudo bíblico e preparo intelectual; este é, prioritariamente, obrigatório para o bom êxito das missões transculturais.

                             

 

2.     QUE SÃO MISSÕES TRANSCULTURAIS

 

 

Missões transculturais são as incursões evangelísticas de um missionário, em culturas diferentes da sua. Esse missionário é um embaixador do Reino.  A missão transcultural ocorre em países alheios à cultura do missionário, ou mesmo dentro de seu próprio país, onde ocorrem grupos de culturas e etnias alheias à do missionário, como é o caso de muitas tribos indígenas, entre outras. O preparo intelectual do missionário transcultural deve ser intenso, longo e voltado totalmente para a cultura em que ele vai atuar. Ele há de ser um ministro bem preparado, “que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2.15) e também que domine com fluência a língua e a cultura do lugar de seu trabalho.

 

 

Dessa forma, a missão transcultural não deve ser entendida como, simplesmente, uma obra missionária em país estrangeiro; porque é necessário levar-se em conta, muito mais os aspectos culturais de uma população do que o espaço geográfico de um país.

 

 

 

Considerações finais.

 

          Cabe lembrar que o Senhor Jesus instruiu e treinou os seus doze discípulos, durante três anos, dia e noite, em particular e entre a multidão, em terra e no mar; municiando-os de toda a instrução necessária, para que eles fossem propagadores das Boas Novas. Mesmo assim, a “escolaridade cristã” não os levou ao ponto necessário para que pudessem agir. Pedro o negou, na última hora, Tomé duvidou da ressurreição, Judas o traiu, os dois de Emaús imaginaram que tudo fora inútil! O nosso preparo intelectual, para orgulho próprio, não satisfaz as tarefas no Reino. Por isso, Jesus, após a ressurreição, não permitiu que seus discípulos saíssem da escola para a prática, da igreja para as ruas; mandou que eles aguardassem em Jerusalém a descida do Espírito Santo, o qual os tornaria capacitados para o trabalho. Isso aconteceu no dia de Pentecostes. Não queiramos sair a pregar sem o endosso celestial. Temos que permanecer em Jerusalém! Precisamos da bênção do Espírito Santo e do discernimento do dom que Deus nos concedeu, a fim de bem servirmos na obra. A escolha é do Senhor!

 

De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada; se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou, o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita a misericórdia, com alegria.” ( Rm 12. 6-8)

 

Por esse trecho, verificamos que nada tem a ver púlpito com ministério. O púlpito, sem ministério é apenas vaidade humana; o ministério verdadeiro atua independentemente do púlpito.

 

Notemos também que o dom do ministério - dado a quem ministra - não se refere apenas ao ato de pregar, como muitos pensam; pois, aconselhar um irmão em suas dificuldades espirituais - e até materiais - é usar o dom de ministério. O dom de ensino abrange todo o campo educacional da igreja, tais como o ensino da música, o preparo de regência de música e canto, a supervisão e o magistério da EBD etc. Quanto a exortar, esse verbo vai além do sentido da reprimenda ao irmão; o sentido é de conduzir para o bem. Por outro lado, parece que não são muitos os crentes que querem o dom de repartir.

 

Enfim, toda igreja precisa conhecer com segurança quais são os dons ministeriais, os quais Deus instituiu para o aperfeiçoamento dos santos (Ef 4. 11-13; Rm 12. 6-8);  e quais são os dons espirituais, dádiva de Deus à Igreja, por meio da operação do Espírito Santo, a cada crente, para o que for útil. (1Co 12.4-11).

         

Mas um só, e o mesmo Espírito, opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.” (v.11). Amém!

 

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