Leitura: At 1. 4; 8; 2. 1-4; 13. 1-3.
1.4: “E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de
Jerusalém, que - disse ele - de Mim ouvistes.”
1.8: “... Mas recebereis a virtude do
Espírito Santo, que há de vir sobre vós, e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e
Samaria, e até os confins da terra.”
2. 1-4: “Cumprindo-se o dia de Pentecostes,
estavam todos reunidos no mesmo lugar;
e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e
encheu toda a casa em que estavam
assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo,
as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo,
e começaram a falar em outras línguas,
conforme o Espírito lhes concedia que falassem...”
13. 1-3: “Na
igreja que estava em Antioquia, havia alguns profetas e doutores, a saber,
Barnabé, e Simeão, chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado
com Herodes, o tetrarca, e Saulo. E servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse
o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho
chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.”
Introdução
As quatro sequências de textos que acabamos
de ler são a base daquilo que a Igreja precisa saber a respeito das
determinações do Senhor, quanto ao tempo de realizar a sua obra e de que
maneira fazê-la.
Nós
não decidimos qual o dia adequado para iniciar o trabalho, nem qual a
estratégia que usaremos, ainda que assim pensemos! Na verdade, a decisão sempre
é do Espírto Santo.
“... ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de
poder.” (Lc 24.49).
Em Atos 1.4, lemos, novamente, que o Senhor
mandou que os discípulos não se
ausentassem de Jerusalém, mas lá ficassem, na expectativa da Promessa. Jesus
não marcou dia e hora para a promessa; com isso, ele gerou nos seus discípulos
a necessidade da perseverança.
Precisamos nos livrar da ansiedade pela
resposta de Deus. É certo que ele responderá conforme a sua vontade, e de
acordo com os seus insondáveis planos. Perseverar na fé é uma virtude! No tempo
do Senhor, o que há de vir, virá! Continuemos em “Jerusalém”: o lugar de oração
e de espera. O texto seguinte, (1. 8), garante a promessa: “Mas, recebereis a virtude do Espírito Santo
que há de vir sobre vós...”! Somente depois disso, é que estaremos aptos a
testemunhar a mensagem do Senhor, em todo o mundo!
A resposta àquela espera obediente está
narrada no capítulo 2. 1-4: o Senhor enviou o Espírito Santo sobre eles. A partir
desse ponto é que surgiu uma Igreja poderosa, contra a qual as portas do
inferno não prevalecem (Mt 16. 18).
As
portas do inferno não são as perseguições aos crentes; são todas as sutilezas
com que Satanás procura atrair a Igreja, para levá-la à porta larga (Mt 7.
13-14). Nesse trecho Jesus não tratou da perseguição violenta que viria sobre a
Igreja, por causa da obediência ao evangelho! As aflições foram previstas pelo
Senhor (Jo 16. 33); logo, não se trata de o inimigo prevalecer contra a Igreja!
A obediência ao Senhor, a perseverança em oração e a fé são o segredo da nossa
vitória.
Somente sob a orientação do Espírito Santo é
que a Igreja Primitiva empreendeu corajosamente o trabalho missionário, como se
lê em Atos 13. 1-3. É pela obediência ao “ide” do Senhor, e pela fé na perene
atuação do Espírito Santo na Igreja, que devemos empreender a obra missionária.
O apóstolo Tiago ensina a importância da fé que suporta a
obra do evangelho no mundo: a fé assegura o resultado das obras (Tg 2. 17);
logo, não há resultado para o Reino, se não houver a fé.
De quais
obras nos fala Tiago? Ele nos fala das obras
frutíferas; resultantes da obediência ao Senhor e da fé em suas promessas.
Fala-nos daquelas obras que resultam benefícios
para o Reino de Deus.
A Assistência Social é obra meritória e
necessária à vida terrena; o atendimento às pessoas carentes também deve ser
preocupação da igreja. Mas a Ação Social, em si mesma, não é uma obra que frutifica
para o Reino de Deus! A Ação Social é prática da cidadania terrena; não faz
parte do fruto do Espírito, registrado em Gl 5.22.
Sem o fruto do Espírito, na igreja, o serviço
social é mero exercicio de civilidade! Porém, o nosso assunto encaixa-se na
área da obediência às determinações do Senhor Jesus, conforme Atos 1. 4: devemos
permanecer em Jerusalém, até que tenhamos o revestimento de
Poder (At 1.8), para bem executarmos a tarefa que o Senhor Jesus delegou à
Igreja, em Mateus, 28. 19-20. Falo de uma atividade própria e exclusiva do
corpo de Cristo: as Missões!
1.
O QUE É MISSÃO? QUEM É MISSIONÁRIO?
Missão é uma ordem, de natureza superior, dada a outrem, para que seja
necessáriamente cumprida, com a responsabilidade da indispensável prestação de
contas.
Missionário, em termos bíblicos, é o indivíduo incumbido de uma missão.
Não se trata do título eclesiástico que muitos atribuem a si mesmos. O
missionário, na verdade, é um evangelista. Aliás, cabe lembrar que a ocupação
ministerial é uma decisão divina, para o crecimento sadio da obra do Reino de
Deus. Apóstolos, profetas, evangelistas, pastores ou mestres não constituem uma
ordem hierárquica entre si. Não se trata de uma classificação humana; porque
são dons ministeriais, distribuídos por Deus, segundo a sua vontade e decisão,
conforme Ef 4.11. Os homens que transformam o seu dom ministérial em posição
hierárquica, à moda das empresas, estão fora da graça de Deus; passam a
mercenários.
Não pode haver uma tarefa bem executada, se
não houver pessoas bem preparadas e aptas para a cumprir. A atividade militar
conhece bem o significado da palavra missão;
por isso, antes de qualquer missão militar, é necessário um tempo, para a boa
instrução do soldado. O apóstolo Paulo usa conceitos da atividade militar, para
exemplificar a missão do crente;
consequentemente, da Igreja. Todo soldado deve entender o que é uma missão e
quais os detalhes de seu cumprimento; assim também deve prepara-se o soldado de
Cristo. A igreja do nosso tempo “precisa
ficar mais em Jerusalém”, para ser cheia do Poder de Deus, precisa buscar
com dedicação o preparo espiritual; mas também não pode desprezar a aquisição e
a manutenção da competência intelectual. Certamente, não foi em vão que Deus criou
o intelecto humano! O Senhor criou a capacidade intelectiva para o
engrandecimento da sua própria glória!
Muitas
pessoas costumam apoiar-se num provérbio popular bastante duvidoso, que diz: “Deus não escolhe os preparados...” Isso
é um péssimo conselho, que os preguiçosos apreciam muito. Devemos entender que
o Senhor Deus cobra a excelência! De Abrão, exigiu perfeição (Gn 17 1). A
Moisés, disse; “Perfeito serás, como o
Senhor, teu Deus.” (Dt 18. 13); aos discípulos, Jesus disse: “Sede vós perfeitos como é perfeito o vosso
Pai que está nos céus.” (Mt 5. 48).
Da igreja, também é cobrada a excelência;
pois o apóstolo Paulo manda que sejamos imitadores de Cristo e de Deus! (1Co
11. 1; Ef 5.1). Quem imita o Senhor busca assemelhar-se a ele; busca pensar do
mesmo modo como ele revelou pensar (Fp 2. 5-11).
Perfeição é excelência, portanto, só se torna
perfeito na obra
do Senhor aquele que busca a excelência em
tudo quanto faz! Quem busca seriamente a perfeição não faz a obra do Senhor
relaxadamente. (Jr 48.10). Quem, de nós, diria ao Senhor: “Não me peça isso!
Ninguém é perfeito!”, se Deus quer o aperfeiçoamento dos santos! (Ef 4. 12).
Trabalhemos!
O apóstolo Paulo demonstra grande interesse
pela perfeição no exercício da vida em Cristo:
“Ninguém
que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o
alistou para a guerra. E, se alguém também milita, não é coroado, se não
militar legitimamente.” (2Tm 2. 4-5).
A responsabilidade de uma missão nunca será
dada a um homem despreparado! Por isso, Jesus mandou que os discípulos aguardassem
o revestimento do Espírito Santo, em Jerusalém, sem o que a missão não poderia
ser cumprida. (Atos, 1. 4). Nenhum crente pode cumprir a missão, sem que esteja
revestido do Espírito Santo! É totalmente falho o nosso interesse por fazer
missão, sem que também busquemos esse revestimento, com orações, jejuns, intensa
dedicação ao estudo bíblico e preparo intelectual; este é, prioritariamente,
obrigatório para o bom êxito das missões transculturais.
2.
QUE SÃO MISSÕES TRANSCULTURAIS
Missões transculturais são as incursões evangelísticas de um missionário,
em culturas diferentes da sua. Esse missionário é um embaixador do Reino. A missão transcultural ocorre em países
alheios à cultura do missionário, ou mesmo dentro de seu próprio país, onde
ocorrem grupos de culturas e etnias alheias à do missionário, como é o caso de
muitas tribos indígenas, entre outras. O preparo intelectual do missionário
transcultural deve ser intenso, longo e voltado totalmente para a cultura em
que ele vai atuar. Ele há de ser um ministro bem preparado, “que maneja bem a
palavra da verdade” (2Tm 2.15) e também que domine com fluência a língua e a
cultura do lugar de seu trabalho.
Dessa forma, a missão transcultural não deve
ser entendida como, simplesmente, uma obra missionária em país estrangeiro; porque
é necessário levar-se em conta, muito mais os aspectos culturais de uma
população do que o espaço geográfico de um país.
Considerações
finais.
Cabe
lembrar que o Senhor Jesus instruiu e treinou os seus doze discípulos, durante
três anos, dia e noite, em particular e entre a multidão, em terra e no mar;
municiando-os de toda a instrução necessária, para que eles fossem propagadores
das Boas Novas. Mesmo assim, a “escolaridade cristã” não os levou ao ponto
necessário para que pudessem agir. Pedro o negou, na última hora, Tomé duvidou
da ressurreição, Judas o traiu, os dois de Emaús imaginaram que tudo fora
inútil! O nosso preparo intelectual, para orgulho próprio, não satisfaz as
tarefas no Reino. Por isso, Jesus, após a ressurreição, não permitiu que seus
discípulos saíssem da escola para a prática, da igreja para as ruas; mandou que
eles aguardassem em Jerusalém a descida do Espírito Santo, o qual os tornaria
capacitados para o trabalho. Isso aconteceu no dia de Pentecostes. Não
queiramos sair a pregar sem o endosso celestial. Temos que permanecer em
Jerusalém! Precisamos da bênção do Espírito Santo e do discernimento do dom que
Deus nos concedeu, a fim de bem servirmos na obra. A escolha é do Senhor!
“De
modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada; se é profecia,
seja ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é
ensinar, haja dedicação ao ensino; ou, o que exorta, use esse dom em exortar; o
que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que
exercita a misericórdia, com alegria.” ( Rm 12. 6-8)
Por esse trecho, verificamos que nada tem a
ver púlpito com ministério. O púlpito, sem ministério é apenas vaidade humana; o
ministério verdadeiro atua independentemente do púlpito.
Notemos também que o dom do ministério - dado
a quem ministra - não se refere apenas ao ato de pregar, como muitos pensam;
pois, aconselhar um irmão em suas dificuldades espirituais - e até materiais -
é usar o dom de ministério. O dom de ensino abrange todo o campo educacional da
igreja, tais como o ensino da música, o preparo de regência de música e canto,
a supervisão e o magistério da EBD etc. Quanto a exortar, esse verbo vai além
do sentido da reprimenda ao irmão; o sentido é de conduzir para o bem. Por
outro lado, parece que não são muitos os crentes que querem o dom de repartir.
Enfim, toda igreja precisa conhecer com segurança
quais são os dons ministeriais, os
quais Deus instituiu para o aperfeiçoamento dos santos (Ef 4. 11-13; Rm 12.
6-8); e quais são os dons espirituais, dádiva de Deus à
Igreja, por meio da operação do Espírito Santo, a cada crente, para o que for
útil. (1Co 12.4-11).
“Mas um
só, e o mesmo Espírito, opera todas essas coisas, repartindo particularmente a
cada um como quer.” (v.11). Amém!
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