Muitas vezes, dois trechos, em diferentes partes das Escrituras Sagradas, podem dar a impressão de incoerência nas respectivas informações.
Entretanto, essa falsa impressão - pois não há incoerência entre as passagens no texto sagrado - decorre de alguns fatores, tais como a ampla diversidade de vocabulário e de estrutura sintática adotados nas muitas versões da Bíblia, em conformidade com os originais, e também da falta de observação do leitor, quanto às circunstâncias e intenções do texto, além do despreparo linguístico de tantos leitores.
Examinemos o conteúdo de duas passagens bíblicas, respectivamente registradas em Mateus 10. 13; Lc 10. 10-11 e 2Tm 4. 1-5.
Em Mateus e Lucas, Jesus envia seus discípulos em missão, mas faz restrições quanto à atuação deles em campo.
"... E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés." (Mt 10.13)
Por sua vez, mais tarde, o apóstolo Paulo recomenda que Timóteo seja insistente na pregação da palavra.
"Conjuro-te, … que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores, conforme as suas próprias concupiscências." (2Tm 4. 1-3).
E agora?! Parece que Jesus manda abandonar os que resistem à pregação, enquanto Paulo recomenda insistir! Porém, não é essa a compreensão que os textos nos permitem.
Notemos a necessidade de se distinguir a diferença entre a "pregação" do evangelho aos descrentes e o "sermão", discurso que instrui, orienta e corrige os crentes.
No caso dos discípulos, Jesus deixou claro que não se deve insistir com quem rejeita a pregação do evangelho para a Salvação. Não se perde tempo com ímpios; pois, se a seara é grande, poucos são os ceifeiros. (Lc 10. 2).
Quanto ao ministério de Timóteo, Paulo orienta a insistência em estar ele próprio, Timóteo, sempre preparado (instes a tempo e fora de tempo) para fazer sermões que instruam a igreja, com toda a paciência (longanimidade) para repetir a instrução doutrinária; porque, sabendo que - se há, na igreja, rebeldes ao ensino - há também os que se corrigem. "... cumpre o teu ministério".
Um problema nas igrejas, por falta de ensino, é a não distinção entre uma pregação (discurso envangelístico) e um sermão (discurso doutrinário).
Os crentes se tornam desatentos a um sermão, porque - sendo já evangelizados - imaginam que conhecem o teor do discurso do pregador.
É imprescindível que todo líder se apresse para instruir seus liderados, a fim de que eles adquiram uma sadia e abençoada compreensão dos textos bíblicos, que respondam às suas expectativas para uma visão clara das doutrinas maravilhosas do Senhor Jesus.
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