domingo, 16 de abril de 2023

DEUS ESTÁ EM NOSSA RESIDÊNCIA?

 



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“Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.” (Sl 91.11)

 

Jesus nasceu fora de um ambiente residencial: ele chegou a este mundo, praticamente, como um “morador de rua”. Seus pais conseguiram pernoitar, por empréstimo, numa estrebaria; o menino Jesus amanheceu deitado numa cocheira (as pessoas, hipocritamente, preferem o eufemismo manjedoura: uma palavra de origem francesa). Porém, não havia lugar mais rústico e pobre para um nascituro. O nascimento de Jesus entre animais não foi apenas circunstancial; sua família era muito pobre.

 

É possível que se veja, no episódio do glorioso nascimento, que, sendo Jesus o Rei do Universo, quisesse ele evidenciar para a humanidade que a sua preocupação não eram palácios, castelos nem as nossas humildes residências. Jesus, o Cristo de Deus, preocupa-se com a pessoa que o recebe, independentemente do espaço em que ela está ou reside. O melhor lugar para a residência humana foi, exatamente, o lugar que o homem perdeu: o Éden. A partir dali, o homem valoriza espaços amaldiçoados (Gn 3.17); mas Jesus não. Um dia, todo o espaço terreal será purificado pelo Senhor (2Pe 3.7).

 

ONDE O SENHOR NOS VISITA?

 

No Antigo Testamento, há alguns relatos de que Deus marcou lugares para se manifestar aos seus servos. No Paraíso, Deus colocou o primeiro casal num lugar - o Jardim do Éden - onde, diariamente, conversava com Adão, até o dia quando o expulsou dali, por causa do pecado cometido pelo casal.

 No tempo anterior aos profetas, Deus determinou espaços para falar com alguns homens; conversou com Abraão, com Jacó, com Moisés, com Gideão, entre outros. Mais tarde, o Senhor falou aos homens por meio dos profetas. Chegado o tempo do Novo Testamento, fala-nos pelo Filho.

 

“Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós, falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho,...” (Hb 1.1)

 

 Não há dúvida de que Deus reserva para si a decisão de como falará, de modo especial, mas não de modo rotineiro,c com o homem da atualidade. Ninguém lhe tira o poder de determinar espaço e tempo para comunicar-se com quem quer que seja; porém, nesta Era, todo homem pode saber a vontade de Deus por Sua Palavra, a Escritura Sagrada. 

A mulher samaritana confrontou Jesus sobre o espaço reservado para o ser humano pôr-se em contato com Deus (Jo 4. 20-24). A resposta deixou clara a explicação de que o espaço, a região, a residência, o templo não são determinantes para que nos aproximemos do Senhor. O templo não é mais santo do que a nossa casa, do que a rua por onde andamos; a santidade tem que estar em nós. Diz o apóstolo:

 

“... ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (1Co 6.19)

 

  Portanto, é atitude absolutamente vã a de muitos crentes que, em pleno século XXI, com tantas traduções e versões das Escrituras, com tanta literatura didática cristã e evangélica, insistem em certos hábitos rançosos, espúrios e tão ingênuos quanto os da mulher samaritana. A falta de estudo bíblico sadio e proveitoso alimenta a verdadeira enxurrada de falsos ensinos, transmitidos por muitos pregadores e, sobretudo, por canções e discursos aparentemente edificantes, mas cheios de contradições que deturpam a boa compreensão da vida cristã.

 

CANÇÕES QUE INDUZEM AO ERRO

 

  Ainda há igrejas que entoam várias canções que “informam” que “Deus está no Templo”, ou que “Eu marquei um encontro com Deus”;

Pedem, ainda, ao Senhor: “Entra na minha casa!”. Essas são letras que induzem a igreja uma leitura denotativa, altamente prejudicial à compreensão da verdade evangélica.

 

Como já foi dito, o que devemos entregar ao Senhor não é a nossa residência, pedindo-lhe que, nela, Deus faça o lugar da sua habitação; não são os nossos automóveis o lugar para o qual ele “venha”, a fim de deslocar-se conosco. O salmista diz que Deus dá ordem aos seus anjos para que eles nos acompanhem! Também não é correta a oração que entrega o lugar do culto (o edifício da igreja) ao Senhor. Salomão dedicou o Templo como “a casa do Senhor”, tal como era o Tabernáculo, no deserto. Entretanto, muitos crentes tomam o Salmo 122, de Davi, e o aplicam ao templo que frequentam dominicalmente. Deus não habita em templos feitos por homens! (At 17.24)

Essa maneira de compreender aquele texto judaico não é correta; embora tenhamos imensa alegria de estar no lugar em que crentes adoram o Senhor – não necessariamente em algum templo!

É necessário que se corrijam esses hábitos que, inadvertidamente, muitos crentes cometem, porque não percebem o que Jesus nos instruiu, por meio do diálogo com a samaritana:

 

“... Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai [...]. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (Jo 4. 21; 23-24)

 

Recrimina-nos o escritor da Epístola aos Hebreus:

“Porque, devendo já ser mestres, pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite e não de sólido mantimento. Porque, qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino; mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal. Pelo que, deixando os rudimentos da doutrina, prossigamos até a perfeição, não lançando, de novo, o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus,...” (Hb 5. 12-14; 6.1)

 

Conclusão.

 

Queira o Senhor que a sua bendita Igreja busque com esmero as bênçãos do aperfeiçoamento espiritual, considerando que

 

“... ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo...” (Ef 4.11-13).

 

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