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“Porque aos seus anjos dará ordem a
teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.” (Sl 91.11)
Jesus nasceu fora de um ambiente
residencial: ele chegou a este mundo, praticamente, como um “morador de rua”.
Seus pais conseguiram pernoitar, por empréstimo, numa estrebaria; o menino
Jesus amanheceu deitado numa cocheira (as pessoas, hipocritamente, preferem o
eufemismo manjedoura: uma palavra de origem francesa). Porém, não havia lugar
mais rústico e pobre para um nascituro. O nascimento de Jesus entre animais não
foi apenas circunstancial; sua família era muito pobre.
É possível que se veja, no episódio
do glorioso nascimento, que, sendo Jesus o Rei do Universo, quisesse ele
evidenciar para a humanidade que a sua preocupação não eram palácios, castelos
nem as nossas humildes residências. Jesus, o Cristo de Deus, preocupa-se com a
pessoa que o recebe, independentemente do espaço em que ela está ou reside. O
melhor lugar para a residência humana foi, exatamente, o lugar que o homem
perdeu: o Éden. A partir dali, o homem valoriza espaços amaldiçoados (Gn 3.17);
mas Jesus não. Um dia, todo o espaço terreal será purificado pelo Senhor (2Pe
3.7).
ONDE O SENHOR NOS VISITA?
No Antigo Testamento, há alguns
relatos de que Deus marcou lugares para se manifestar aos seus servos. No
Paraíso, Deus colocou o primeiro casal num lugar - o Jardim do Éden - onde,
diariamente, conversava com Adão, até o dia quando o expulsou dali, por causa
do pecado cometido pelo casal.
No tempo anterior aos profetas,
Deus determinou espaços para falar com alguns homens; conversou com Abraão, com
Jacó, com Moisés, com Gideão, entre outros. Mais tarde, o Senhor falou aos
homens por meio dos profetas. Chegado o tempo do Novo Testamento, fala-nos pelo
Filho.
“Havendo Deus, antigamente, falado,
muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós, falou-nos,
nestes últimos dias, pelo Filho,...” (Hb 1.1)
Não há dúvida de que Deus
reserva para si a decisão de como falará, de modo especial, mas não de modo
rotineiro,c com o homem da atualidade. Ninguém lhe tira o poder de determinar
espaço e tempo para comunicar-se com quem quer que seja; porém, nesta Era, todo
homem pode saber a vontade de Deus por Sua Palavra, a Escritura Sagrada.
A mulher samaritana confrontou Jesus
sobre o espaço reservado para o ser humano pôr-se em contato com Deus (Jo 4.
20-24). A resposta deixou clara a explicação de que o espaço, a região, a
residência, o templo não são determinantes para que nos aproximemos do Senhor.
O templo não é mais santo do que a nossa casa, do que a rua por onde andamos; a
santidade tem que estar em nós. Diz o apóstolo:
“... ou não sabeis que o nosso corpo
é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não
sois de vós mesmos?” (1Co 6.19)
Portanto, é atitude
absolutamente vã a de muitos crentes que, em pleno século XXI, com tantas
traduções e versões das Escrituras, com tanta literatura didática cristã e
evangélica, insistem em certos hábitos rançosos, espúrios e tão ingênuos quanto
os da mulher samaritana. A falta de estudo bíblico sadio e proveitoso alimenta
a verdadeira enxurrada de falsos ensinos, transmitidos por muitos pregadores e,
sobretudo, por canções e discursos aparentemente edificantes, mas cheios de
contradições que deturpam a boa compreensão da vida cristã.
CANÇÕES QUE INDUZEM AO ERRO
Ainda há igrejas que entoam
várias canções que “informam” que “Deus está no Templo”, ou que “Eu marquei um
encontro com Deus”;
Pedem, ainda, ao Senhor: “Entra na
minha casa!”. Essas são letras que induzem a igreja uma leitura denotativa,
altamente prejudicial à compreensão da verdade evangélica.
Como já foi dito, o que devemos
entregar ao Senhor não é a nossa residência, pedindo-lhe que, nela, Deus faça o
lugar da sua habitação; não são os nossos automóveis o lugar para o qual ele
“venha”, a fim de deslocar-se conosco. O salmista diz que Deus dá ordem aos
seus anjos para que eles nos acompanhem! Também não é correta a oração que
entrega o lugar do culto (o edifício da igreja) ao Senhor. Salomão dedicou o
Templo como “a casa do Senhor”, tal como era o Tabernáculo, no deserto.
Entretanto, muitos crentes tomam o Salmo 122, de Davi, e o aplicam ao templo
que frequentam dominicalmente. Deus não habita em templos feitos por homens!
(At 17.24)
Essa maneira de compreender aquele
texto judaico não é correta; embora tenhamos imensa alegria de estar no lugar
em que crentes adoram o Senhor – não necessariamente em algum templo!
É necessário que se corrijam esses
hábitos que, inadvertidamente, muitos crentes cometem, porque não percebem o
que Jesus nos instruiu, por meio do diálogo com a samaritana:
“... Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me
que a hora vem, em que nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai [...].
Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é
Espírito e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (Jo
4. 21; 23-24)
Recrimina-nos o escritor da Epístola
aos Hebreus:
“Porque, devendo já ser mestres, pelo
tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros
rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de
leite e não de sólido mantimento. Porque, qualquer que ainda se alimenta de
leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino; mas o mantimento
sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos
exercitados para discernir tanto o bem como o mal. Pelo que, deixando os
rudimentos da doutrina, prossigamos até a perfeição, não lançando, de novo, o
fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus,...” (Hb 5. 12-14;
6.1)
Conclusão.
Queira o Senhor que a sua bendita
Igreja busque com esmero as bênçãos do aperfeiçoamento espiritual, considerando
que
“... ele mesmo deu uns para
apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para
pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do
ministério, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à
unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da
estatura completa de Cristo...” (Ef 4.11-13).

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