segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Briga nos ministérios.

 





“Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não em vista o que é propriamente seu, senão também o que é dos outros...” (Fp 2.3-4)






Introdução

Assisti, há pouco, a um vídeo postado em mídia social, por meio do qual um pastor procura defender as virtudes da liderança do ministério ao qual está ligado, as quais, ao que se sabe, foram desprestigiadas pelo líder de outra denominação.


A priori, soa estranho falar-se em “outra denominação” e, a seguir verificar-se que ambos os contendores são tidos como “líderes de igrejas Assembleias de Deus”. Está a Igreja Assembleia de Deus dividida, porque os homens a retalharam em partes que denominaram “ministérios”, tal como filhos repartem e dilapidam a herança paterna. Não existe mais a Igreja Evangélica Assembleia de Deus; existem frações eclesiásticas que satisfazem a vaidade e a vanglória dos que chamam para si o epíteto de “grandes homens de Deus”.

O significado da palavra ministério foi deturpado; passou de ser o conjunto de homens separados para conduzir uma igreja local, sob os mesmos princípios gerais assembleianos para o sentido de feudo, onde impera um senhor feudal, isto é, o suserano e seus vassalos. A vassalagem está feliz com isso.

A triste constatação da inexorabilidade desta verdade é percebida nas placas de identificação dos templos, que contêm a inscrição “Ministério tal” (marca da divisão).

E não somente isso, tão longe vai o espírito de vaidade e de ganância dentro das igrejas, que se criam, em meio aos seus membros, pequenos “grandes homens de Deus” os quais, inchados de vanglória, abandonam as suas congregações e partem para o seu “próprio negócio”, denominando as suas instituições com invenções tão pueris quanto ridículas, qual seja uma suposta Assembleia de Deus dos Santos Reunidos e outras “igrejolas” afins.


  1. QUANDO A VAIDADE TRANSBORDA MANCHA O TECIDO


Nos relatos do Antigo Testamento encontram-se casos em que o Senhor Deus tomou gravíssimas providências contra pessoas destacadas do povo de Israel que permitiram a ganância, a vaidade e o destemor ocuparem os seus corações. (1Samuel 2.12-17; 27-30; 4.12-18; Números 12.1-15. 16). Deus abate os soberbos. Aos líderes das igrejas em Sardes e em  Laodiceia, o Senhor envia severas repreensões pela má condução dos trabalhos a eles confiados.

Tenho a impressão de que à Igreja de nossos dias há escassez de temor para a condução dos negócios do Reino de Deus; parece que vivemos tempos de homens amantes de si mesmos e da glória pessoal.

Não bastassem os problemas havidos no seu próprio meio congregacional, veem-se líderes partindo para a disputa nas mídias eletrônicas, sem qualquer pudor para preservar a honradez do cristianismo.

Quando dois líderes de projeção vão à praça digladiar - diretamente ou por meio de seus correligionários – eles permitem que o vazamento de suas indecências manche o bom nome dos cristãos.

Prega-se nos púlpitos a boa conduta cristã; repudia-se a atitude de um pequeno cristão levar suas causas aos tribunais do mundo; mas não se repara que no nosso próprio meio já não há, praticamente, líder apto a dirimir questões, pois que se engalfinham nas praças. Vergonha!


  1. ENTREGUES AO VERGONHOSO INTERESSE POLÍTICO


A descompostura dos dois líderes que se mordem tem uma razão: a disputa política no ambiente governamental. Ora, terá o Senhor escolhido mal esses líderes? Evidentemente, não! Deus não escolhe mal; todavia os escolhidos podem deixar-se levar pelo mal e caem nas armadilhas da concupiscência mundana.

Quando Satanás, na tentação do Senhor, ofereceu-lhes as grandezas e as riquezas deste mundo, Jesus deixou bem marcante a atitude que, como seus imitadores devemos ter. Não é o que ocorre.

Um dos líderes encrenqueiros permite que vá ao ar uma defesa de sua honradez. Nessa defesa não se fala do embate entre dois homens vaidosos e empertigados. Fala-se da “igreja”, a qual, num rompante de soberba é chamada de “nação”.

Terá o apóstolo Pedro se referido àquele ministério quando escreveu;


“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo escolhido de Deus...” (1Pedro 2.9a)


Não! Não foi a respeito daquele ministério que o apóstolo escreveu; e a questão se resume na parte b do versículo:


... a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;...” 

(1Pedro 2.9b)


Conclusão

Estão levantados, em rápidas pinceladas, os grandes problemas de uma igreja evangélica que reúne crentes fiéis a Deus e às Escrituras Sagradas. Agradecemos a Deus pela preservação de nichos assembleianos sérios, conduzidos por homens que vivem para a obra de Deus, e não para os seus ventres.

É inegável, contudo, que muitos dos fiéis, neste solo brasileiro, são transformados em massa de manobra, para os interesses escusos de líderes mercenários, que dirigem as igrejas a eles confiadas como se elas fossem seu patrimônio pessoal. Por isso as escandalosas brigas em praça pública. A Igreja, em muitas malfadadas repartições chamadas “ministérios”, tem ficado submetida à humilhação travestida de humildade.

Oremos para que Deus intervenha sem demora na direção sua seara, pois há muitos obreiros agindo indignamente, e não há muito tempo para se cumprirem as tarefas dadas ao povo de Deus.



  

  


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