sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

A RIQUEZA DO ÍMPIO É PASSAGEIRA

 






Introdução

Os Salmos não são um livro; eles são um conjunto de cinco livros poéticos e musicais, escritos por vários poetas do Antigo Testamento.

Nesta ocasião, eu pretendo levar os meus leitores à meditação no assunto tratado no Salmo 73, sobre a preocupação do salmista Asafe por causa da vida próspera daqueles que não servem a Deus.

Para isso, é necessário que tenhamos em mente que a nação de Israel – no tempo anterior à vinda do Messias, portanto, antes do Novo Testamento - tinha o progresso econômico e a riqueza material como sinal da boa mão do Senhor para com o seu povo, desde Abraão. Para Israel, um homem abençoado devia ser próspero materialmente. (Ml 3.18). Os Salmos 1 e 23 apontam para essa mentalidade. O conteúdo dos dois Salmos mencionados não faz referência ao crente contemporâneo, mas às famílias dos judeus.

Por outro lado, a pobreza e o infortúnio eram marcas que identificavam o ímpio, o povo pagão, merecedor, apenas de castigos divinos, por causa da sua incredulidade e idolatria.

Esse pensamento distorcido, entre riqueza e pobreza, fortuna e infortúnio, ainda, nestes tempos, está arraigado na compreensão dos neopentecostais e em boa parte dos crentes pentecostais. Para esses, o crente fiel tem à sua disposição a bênção da prosperidade material; se não a tiver, está em situação de pecado. São pessoas com a mesma mentalidade do autor do Salmo 73. Precisamos corrigir esse mal-entendido.


  1. UMA COISA É A VIDA MATERIAL; OUTRA, A ESPIRITUAL


O ser humano veio do pó e para lá retornará. Tudo quanto faz parte deste viver terreno também é pó e se desfará. A vida humana, depois da queda, é constituída de aflições (Jo 16.33). É infantilidade acreditar que a riqueza material afasta as aflições deste mundo, ou é passaporte para a salvação da alma.

A fragilidade física, o desconforto emocional e a inconstância psíquica acompanham a vida do homem. Por causa dessas características naturais é que o crente vive numa batalha entre o que é carnal e o que é espiritual. (Gl 5.17)  “Carne e sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem o que é perecível pode herdar o imperecível” (1Co 15.50).

Paulo, na 1ª Epístola aos Coríntios, ensina a condição antagônica entre o homem carnal e o homem espiritual. A preocupação com os bens deste mundo faz parte do caráter do homem carnal.

A palavra preocupação significa a condição de uma pessoa ter em mente questões futuras; embora o futuro não lhe pertença. Preocupações não podem fazer parte de uma vida de fé; e, sem fé, é impossível agradar a Deus. Que faremos, então? Devemos pedir como fizeram os discípulos: “Senhor, aumenta-nos a fé.” (Lc 17.5)

Sem que sejamos abençoados por uma fé viva, garantida pelo Espírito Santo, não conseguiremos separar a vida material da vida espiritual; então, sofreremos esse constante dilema. A preocupação preenche todo o espaço da ocupação (Fp 3.19).


  1. SE NOS AFASTAMOS DE DEUS, ADMIRAMOS A BELEZA DO MUNDO

 

Falta com a verdade quem diz que não há coisas atraentes neste mundo. O próprio Satanás sabe isso, tanto que se propôs a tentar o Senhor Jesus, mostrando-lhe todo o esplendor e riqueza, século após século. O diabo insinuou que, a troco de uma breve adoração, Jesus poderia tornar-se o mais rico e afamado homem de todas as épocas!

Jesus não desmentiu a existência dessas riquezas, apenas deixou clara a desgraça de quem troca a adoração exclusiva a Deus pelas coisas perecíveis deste mundo (Mt 4.8-10). Paulo ensina: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.” (1Tm 4.10) Tudo quanto, no mundo, nos atrai, constitui a nossa riqueza e nos torna idólatras, fazendo-nos, portanto, “mais amigos do mundo do que de Deus.” (2Tm 3.4)


  1. PASSOS PARA A DESISTÊNCIA DA PERSEVERANÇA


Examinando o trecho lido para esta meditação, podemos levantar os males que conduzem o crente à deserção da fé:

  1. Inveja da boa vida dos maus (vv. 2 e 3). No primeiro versículo, o salmista faz uma confissão, com a qual já se antecipa, desculpando-se da falha cometida.

  2. Preocupação com a prosperidade dos maus (vv. 4 a 12) São 9 versículos que mostram a grande decepção do salmista, diante de tão grande prosperidade de homens inescrupulosos, maldosos com o próximo e rebeldes contra Deus. Esses homens vivem bem diante de nós, agora, em nosso tempo! Parece que Deus não se importa com a maldade deles.

  3. Desistência da fidelidade a Deus (vv. 13-16). O salmista chegou a pensar na falta de inteligência dos honestos, diante da vida rica dos perversos. O grande jurista Rui Barbosa também expressou essa indignação, quando disse:


“De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”


Não foi essa a atitude do salmista? E não é a nossa        muitas vezes?


  1. O retorno a Deus abre os olhos espirituais (vv. 17-22).

É maravilhoso verificar o que o salmista nos diz nos versículos 16-17: “Quando pensava em compreender isto, fiquei, sobremodo perturbado até que entrei no santuário de Deus; então entendi eu o fim deles.”


Toda a nossa preocupação termina quando nós entramos no santuário de Deus, o qual não é o templo físico em que estamos. O templo é o lugar em que nos reunimos para estas meditações; ele não faz alteração em nosso espírito. Entrar no santuário de Deus é restabelecer a comunhão com o Senhor, pela operação do Espírito Santo que habita em nós. “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1Co 3.16).


  1. Na presença do Senhor está a verdadeira felicidade (vv.23-28).


O salmista Davi declara: “O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei?” (Sl 27.1). Sabemos que a alegria no Senhor nos fortalece (Ne 8.10). “Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos.” (Fp 4.4)


Conclusão

A nossa natureza humana algumas vezes tenta ressuscitar, pois ainda estamos neste corpo mortal. Nesses momentos é que precisamos buscar o poder do Espírito para guerrear e vencer. Pensemos no que diz Paulo com relação às pressões e sentimentos desta vida terrena:


“Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?” (Rm 8.35)


Os ricos deste mundo, os endinheirados, os maus governantes não têm com todo o seu poder, aquilo que têm os que confiam no Senhor. (Sl 125.1). Paulo continua:


“Mas, em todas essas coisas somos mais do que vencedores por aquele que nos amou. Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem, a profundidade, nem alguma outra criatura nos pode separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Rm 8.38-39). Amém!


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