“Verdade é que
também alguns pregam a Cristo por inveja e porfia; mas outros, de boa mente”
(Fp 1.15).
Este é o século em que o
sentimento de inveja e a vaidade da porfia expandem-se no meio evangélico. É
invejoso aquele que nutre a ânsia de querer para si aquilo que é um bem
material, intelectual ou espiritual de outrem. A porfia, neste contexto, denota
a disputa ferrenha e a qualquer custo para obtenção das melhores posições
sociais, intelectuais ou hierárquicas. Entende-se, pois, que inveja e porfia
são irmãs gêmeas univitelinas.
Pode, entre os que anunciam o
evangelho de Cristo, haver algum desses sentimentos? Pode. O apóstolo Paulo deixou registrada essa
verdade. Ele estava preso, provavelmente, em Roma, havia algum tempo, e esse
episódio preocupava um pouco a igreja em Filipos, levando alguns ao desânimo.
Numa igreja abalada pelo desânimo espiritual, facilmente se instalam invejosos
e palradores. Por essa razão, o apóstolo adverte os valorosos filipenses contra
os maus obreiros.
Considerando que Paulo estava
preso, alguns intentavam usurpar-lhe o lugar, pregando, sim, o evangelho;
entretanto, faziam a obra com um coração impuro, carregado de inveja -
provavelmente, imitando os discursos de Paulo. Havia, também, os que pregavam a
palavra da cruz, interessados em porfiar (até entre eles próprios), isto é,
disputar conhecimento, eloquência, respeito dos ouvintes, a fim de parecerem
melhores do que Paulo e do que seus pares.
Vale atentar para a
tranquilidade do apóstolo, ao abordar o assunto; ele não se perturba com isso,
mas instrui a igreja de Filipos a prosseguir a jornada fielmente ao Senhor.
Para ele, a mensagem do evangelho não se contamina, ainda que o portador esteja
sujeito à repreensão, e, de fato, deva ser repreendido (v.16). Quantos terão
chegado à verdade pelo próprio poder da Palavra? O importante é que “Cristo
seja anunciado” (v.18).
Certa vez, os discípulos
noticiaram a Jesus que alguém expulsava demônios em nome dele. O Mestre mandou
que não se importassem com isso. “quem não é contra nós é por nós” (Lc
9.49-50).
Quantos há, hoje, dentro e
fora das igrejas doutrinariamente sadias, que desfiguram o evangelho por
vanglória, por inveja, por porfia, apenas voltados para os seus próprios
interesses!
Sem dúvida, devemos defender a
verdade bíblica e doutrinária em nosso meio; devemos conduzir as ovelhas ao
conhecimento da verdade. Quanto aos invejosos e mal intencionados, Deus os
julgará. O mesmo conselho de Paulo aos filipenses deve ser dado por nós à
igreja hodierna:
“Somente deveis portar-vos dignamente conforme o evangelho de Cristo,
para que, quer vá e vos veja; quer esteja ausente, ouça acerca de vós que
estais num mesmo espírito, combatendo juntamente, com o mesmo ânimo pela fé do
evangelho. E em nada vos espanteis dos que resistem o que para eles, na verdade,
é indício de perdição; mas, para vós, de salvação, e isto em Deus” (vv.27,28).
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