Dentro da Igreja Evangélica deste século -
refiro-me, antes, à instituição terrena - há uma verdadeira Igreja de Cristo, a
ekklesia, conforme a transliteração
do grego. Essa é a Igreja que Jesus disse que edificaria (Mt 16.18),
guardando-a das portas do inferno. É, indubitavelmente, essa Igreja dentro da
igreja que está na mira do Inimigo, o qual não descansa em sua pérfida tarefa
de atacá-la de modo violento ou sutil (1Pe 5.8). Aliás, a sutileza é uma de
suas armas de maior eficácia.
No Éden, Satanás não atacou a Eva de modo
rude, mas usou toda a malícia de sua sutileza, a fim de obter o seu mau
intento. Ele não desiste dessa arma perigosa.
Na bagagem de suas sutilezas perversas nunca
falta a mesma arma que usou contra Eva: a indução à autossuficiência, ao engodo
da importância e da vaidade que o ser humano pode ver em si mesmo (Ef 4.17).
Ele sussurra docemente ao incauto que Deus criou todas as coisas por causa da
importância que dá ao ser humano. Quando Jesus foi tentado no deserto, após
quarenta dias de jejum, o inimigo não veio com ferramentas pontiagudas para
atacá-lo. Ele veio como quem se preocupa com as necessidades do aflito,
mostrou-lhe como o Pai o ama e pode socorrê-lo na angústia; na tentativa de um golpe
fatal, uma possibilidade de que Jesus se tornasse senhor deste mundo, ainda que
o Mestre não tivesse qualquer interesse por isso (Lc 4.2-12). “E, acabando do
diabo toda a tentação, ausentou-se dele por algum tempo” (Lc 4.13 –
grifo meu).
Grande parte de nossas igrejas estão,
distraidamente, deixando-se envenenar por pregações sopradas pelos ventos
diabólicos; são as chamadas pregações antropocêntricas. E não são apenas
pregações, mas também muitas canções domingueiras são bafejadas pelo engano do
diabo.
Muitos púlpitos estão dando lugar a doutrinas
falsas, trazidas por “pregadores” que, por má intenção uns; porém, por total despreparo
bíblico, outros; servem de canal aos interesses malignos. Esses interesses
causam gravíssimos males à congregação.
Em quantos cultos se espalha a mentira de que
“você é importante”; de que “Deus criou um Universo para você”; de que “você
merece o melhor desta terra”! Raramente se ouve a pregação feita por João
Batista, a do arrependimento para remissão dos pecados. Já não se alerta o povo
para a necessidade da salvação em Cristo, para o destino da alma, o qual será,
necessariamente, Céu ou Inferno!
Com isso, veem-se cultos sem compromisso com
Deus. Não há confissão de pecados, não há busca de perdão do Senhor, não há
reconhecimento da nossa miserabilidade. A misericórdia divina, hoje, é vista
como “dever de Deus”. Tudo se baseia em afirmar que há promessa! Todavia, não
há nenhuma promessa divina apartada do dever do homem para com Deus.
Deus não criou o Universo para mim, nem para
você; ele o criou - também a mim e a você – para o louvor da sua própria glória
(Ef 1.11-12; 14). O resto é bafejo satânico saído dos púlpitos!
Precisamos entender que o primeiro passo para
“termos o poder de sermos feitos filhos de Deus” é crer no seu Filho unigênito
(Jo 3.16). Aqui “crer” é reconhecer e aceitar o senhorio absoluto de Cristo, a
fim de tê-lo como Salvador. Ele só é Salvador daqueles que o reconhecem como
Senhor.
O segundo passo consiste em nos
compreendermos como tendo sido absolutamente carentes do perdão e da
misericórdia divina, os quais foram demonstrados lá na cruz, onde Cristo pagou
a nossa dívida, não para termos a garantia de herdeiros dos bens deste mundo
(Jo 16.33); mas para sermos herdeiros de uma glória eterna (1Pe 1.3-4).
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