quinta-feira, 2 de março de 2017

A IMPORTÂNCIA GRUPAL DA IGREJA

Vivemos dias em que há grande desprezo pelo que se entende (fisicamente) como igreja. Quantas pessoas têm-se afastado do convívio congregacional, sem a menor preocupação; são crentes que adotaram a falaciosa compreensão de que “a igreja somos nós”, “nós é que somos templos de Deus”; portanto, prescindimos das reuniões em lugares pré-estabelecidos como “casas de oração”: igrejas ou templos. Já há até igrejas virtuais, celebração virtual da Ceia do Senhor, entre outras novidades que se opõem à Bíblia.
Acredito que em tais afirmações existe boa dose de desagrado pessoal, frustrações eclesiásticas, má compreensão das Escrituras e, até mesmo, mescla de rebeldia. Paulo recomenda a união sincera entre os irmãos; a valorização de cada membro, o respeito mútuo.
“Toda amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmias, e toda malícia seja tirada de entre vós. Antes, sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros como também Deus vos perdoou em Cristo” (Ef 4.31-32).
Não há qualquer texto bíblico que referende o comportamento separatista ou personalista. Ao contrário, não é difícil acharem-se instruções bíblicas que levam às reuniões para cultuar a Deus.
O Senhor sempre se preocupou com a sociedade humana, tanto que criou o primeiro casal, afirmando não ser bom que o homem vivesse sozinho. Por ocasião do pecado dos primeiros pais, Deus não promoveu a separação de Adão e Eva; Deus não acusou somente a Eva pelo fracasso; nem atribuiu apenas a Adão o infortúnio.
Ao mandar que Noé construísse a arca, determinou que a família com ele embarcasse. Do Egito Deus tirou uma multidão escravizada para lhes dar uma terra prometida. Quando a nação israelita se distanciava das leis divinas, a correção vinha para todo o povo. Deus vê um povo, ainda que entre eles destaque um homem.
Jesus veio ao mundo por amor à humanidade e em sua vida terrena esteve cercado de pessoas. O Mestre escolheu doze homens para lhes ensinar as boas novas. Jesus já formara, ali, uma congregação. Cumprida a missão para a qual viera, Cristo, ressuscitado, determinou que os seus discípulos permanecessem juntos, no aguardo da promessa do Espírito Santo. Desse grupo, dessa igreja é que se formou a igreja cristã, com a obrigação de anunciar o evangelho por todo o mundo, até aos confins da terra, gerando discípulos que deveriam aprender tudo quanto o Senhor mandara (Mt 28.19-20).
Entretanto, nossa era vê partes da Bíblia sendo retiradas do próprio contexto, a fim de justificar interesses pessoais de desunião. Falta a muitos entendimento para perceber que existe, sim, uma Igreja invisível, universal: a Noiva do Cordeiro, sobre a qual somente Ele tem domínio. É essa a Igreja que Jesus declarou fundar (Mt 1.18). Contra ela as portas do inferno não prevalecerão!
Há, também, sobre a terra uma igreja visível, um corpo, cuja cabeça é o Senhor e da qual os salvos são membros. Somos membros de um corpo; não somos “o corpo”. Ora, membros desconectados do corpo perdem a condição de membros; pois são partes extirpadas, inservíveis, mortas: não usufruem da vida que há no corpo.
Lá no deserto, Deus criou um sistema para que o povo se ajuntasse no cumprimento de suas determinações; por isso, estipulou a construção do tabernáculo, segundo as diretrizes divinas. Mais tarde, permitiu a construção do templo, também em conformidade com as determinações celestiais.
Quando Jesus morreu na cruz, o véu do santuário rasgou-se de alto a baixo, não para que se ignorasse a casa de oração; mas para deixar evidente que Jesus resolveu as pendências do homem para com o Pai. Ele, na cruz, restabeleceu-nos a ida ao Pai. Os primeiros cristãos não ignoraram o templo; lá (no templo) continuaram a adorar a Deus (At 2.46; 3.1). Paulo pregou o evangelho muitas vezes em templos - as sinagogas (At 9.20).
Na história da igreja cristã, formaram-se igrejas em vários lugares; o próprio Paulo deixou algumas sob liderança de ministros fiéis. É, por fim, inegável o conhecimento de que o próprio Senhor Jesus ressurreto, mandou cartas às sete igrejas localizadas na Ásia. O conteúdo das cartas faz referência à igreja, embora os receptores diretos da mensagem fossem os seus pastores; uma vez que o Senhor os escolheu para a liderança.
A seara do Senhor não é trabalhada por solitários; ela prevê uma organização em que cada membro do corpo tem um papel importante a exercer no conjunto. É singular a postura de Pedro, que, com João, subia ao templo para a oração. Aquele, vendo o coxo que esmolava à entrada do templo, disse-lhe: “Olha para nós”. Por que ele não disse “Olha para mim”? A essa altura da caminhada cristã, Pedro e João já não se importavam com a sua individualidade. Tanto um quanto outro, no passado foram individualistas; mas agora, transformados por Jesus, representavam a igreja de Cristo. Não mais o “eu”; mas o “nós”. A igreja se resume a um “nós”! Glória a Deus!
Ninguém será arrebatado isoladamente na vinda do Senhor. É a igreja quem subirá!
“Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim, estaremos sempre com o Senhor” (1Ts 4.16-17 - grifo meu).
Portanto, claro está que qualquer ensinamento declaratório de que o crente não precisa reunir-se com os seus irmãos no templo (edifício, casa, choupana etc.) é má instrução, promotora de desvios doutrinários com relação à Palavra de Deus. Tais ensinos promovem o interesse diabólico de ver separados, destroçados e mortos os membros do corpo de Cristo.

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