“... E os estrangeiros que se unirem ao
Senhor para servi-lo, para amarem o nome do Senhor e prestar-lhe culto [...] e
que se apegarem à minha aliança, esses eu trarei ao meu santo monte e lhes
darei alegria em minha casa de oração. Seus holocaustos e sacrifícios
serão aceitos em meu altar; pois a minha casa será chamada casa de oração
para todos os povos. Palavra do Soberano, do Senhor, daquele que reúne os
exilados de Israel: Reunirei ainda outros àqueles que já foram reunidos” (Is
56.6-8; grifos meus).
“... Todavia, o Altíssimo não habita em casas
feitas por homens...” (At 7.48).
“Não sabeis vós que sois o templo de Deus
e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1Co 3.16; grifo meu).
É relativamente nova, porém crescente, uma
corrente evangélica que se mostra avessa a melhor consideração aos edifícios em
que os irmãos se reúnem a fim de cultuar a Deus. Já é considerável a quantidade
de crentes que assumiram menosprezar as casas de oração; porque confundem o
lugar com a administração dele. Com a intenção de justificar suas convicções,
esses irmãos invocam, preferencialmente, versículos bem conhecidos que apenas
parecem validar seus pontos de vista; aqui e ali, recitam: “Deus não habita em
templos feitos por homens”; ou “O templo de Deus somos nós!”. Ora, vale a pena
refletir em até que ponto se trata de atitude aceitável, em até que ponto há
correta aplicação desses versículos acima transcritos; ou em até que ponto tudo
isso camufla rebeldia.
Não há dúvida quanto à linguagem figurada –
metafórica - de grande parte dos textos bíblicos. Sem um bom conhecimento desse
aspecto literário no texto sagrado e sem auxílio de boa compreensão dos
contextos, o deslize é quase certo.
Independentemente de se conhecerem os idiomas
originais da Bíblia – nem todos tiveram a oportunidade de se dedicar a tais
estudos – as traduções mais aceitas podem facilmente levar o leitor médio a uma
boa exegese.
Comecemos com o significado literal de templo, no português secular. Tal
palavra sempre designa um edifício construído com finalidade religiosa. Esse é
o significado primário que se depreende nas passagens registradas em Isaías 56
e Atos 7. Já não é o caso em 1 Coríntios, 3.16.
A passagem de Isaías é profética, sobre o
advento do Senhor Jesus, o qual traria salvação a todas as gentes. Ali, o texto alude ao templo material, quando
menciona “casa de oração para todos os povos”, porque era no “edifício” que se
prestava culto a Deus. Trata-se de se fazer entender a quem vivia um tempo
religioso anterior à vinda e à atuação do Messias.
A beleza profética dessa mensagem chama a
atenção pela sua ambiguidade: a reconciliação de Israel com Deus e o acesso dos
gentios à salvação, por Jesus Cristo; entretanto, não há dúvida de que a mensagem
- para todas as gentes - é trazê-las ao lugar
de adoração.
A passagem de Atos, 7.48 visa a relembrar que
o templo judaico já perdeu a sua importância, porque os sacrifícios e ofertas
pelos pecados foram cumpridos de forma definitiva por Cristo na cruz. ”Pois eu vos digo que está aqui quem é maior
do que o templo. Mas se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e
não sacrifício, não condenaríeis os inocentes” (Mt 12.6). Agora, a
importância não está voltada para o templo-edifício, cujo véu se partiu de alto
a baixo.
Claro está, portanto, que Deus não habita no
templo construído por homens! Essa é a razão por que Paulo escreve, lembrando
que nós somos, hoje, o templo do Senhor, uma vez que o Espírito Santo habita em
nós, para nos fazer testemunhas do amor de Deus pela humanidade (At 1.8).
Há dessa maneira um templo-edifício: o lugar onde Jesus disse que estará, se dois ou
três se reunirem em seu nome (Mt 18.20). Esse é o templo-edifício, a igreja-lugar.
Mas também há um templo-pessoa:
aquele em quem habita o Espírito de Deus. Há, ainda, uma igreja-povo, a nação santa (1Pe 2.9). Pessoalmente, eu não sou a
Igreja: sou parte dela, porque não sou o corpo de Cristo, mas membro desse
corpo (e o menor e menos importante).
Concluindo, irmãos, não é tempo de nos
envolver em discussões inócuas quanto ao assunto, uma vez que a Bíblia é clara
em suas instruções. Cabe a nós entender a verdade, para que não sejamos
enredados com as artimanhas geradas nas mentes insatisfeitas com as igrejas-ministérios às quais se filiaram,
por isso detratam a verdade. Aos tais falta a compreensão de que é bom que os
irmãos vivam em união (Sl 133.1). Se o lugar que o irmão frequenta não lhe
satisfaz, examine-se, primeiro a si mesmo,... (1Co 11.28); depois, procure
reunir-se com os que possa comungar em obediência à Palavra de Deus.
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