quarta-feira, 20 de julho de 2016

MINISTROS DE LOUVOR E LEVITAS: UMA INSTITUIÇÃO BÍBLICA?

Embora a Igreja contemporânea tenha o louvor e a adoração a Deus como uma das atividades relevantes na realização dos cultos a Deus, muitas pessoas desconhecem a diferença entre louvar a Deus e adorar a Deus com cânticos.

O verbo louvar deriva do latim laudare; tem o sentido de elogiar com entusiasmo os feitos de alguém. Louvam-se os heróis nacionais, por exemplo. Depreende-se disso que louvar a Deus é engrandecer as suas obras magníficas. Há canções que louvam a Deus, por exemplo, Grandioso és Tu, composição de Stuart K. Hine, tradução de Manuel Porto Filho. Os cânticos registrados no Antigo Testamento são louvores a Deus, desde o cântico entoado por Moisés com os filhos de Israel (Êx 15), chegando aos Salmos, mormente os de Davi. No Novo Testamento, está o Cântico de Maria (quando o anjo anunciou que ela seria a mãe do Salvador) o cântico de Zacarias (quando nasceu João Batista). Essas canções são louvores a Deus.

Por outro lado, a adoração é a atividade de adorar, do latim, adorare; é cultuar a Deus tendo em vista reconhecer a sua magnificência: é o ato de magnificar a Deus, exaltando a sua soberania e poder inigualáveis, como se vê no cântico Santo, Santo, Santo; composição de Reginald Herber e tradução de João Gomes da Rocha. Nem toda adoração é entoada; quando oramos adoramos a Deus.

Estabelecida, por alto, essa diferença, vamos à prática do canto sacro nos cultos e como se dá a condução dela no templo.

É bem recente a introdução de uma categoria de “cantores especiais” nos cultos assembleianos; isso nasceu com a extinção quase total das bandas marciais e das orquestras (muitas de excelente qualidade musical) que conduziam o cântico dos fiéis, baseados em seu hinário oficial (ora em fase de extinção). Criou-se, assim, uma categoria que muitos, indevidamente, chamam de levitas. Há, por outro lado, os “ministros de louvor”: outra categoria imprecisa, porque não há, biblicamente, o ministério de louvor. Louvor – nem adoração – não se ministra. O louvor é uma oferta pessoal a Deus, e a adoração um dever individual. Cantar ou adorar nos cultos exigem posicionamento pessoal; sob pena de se transformar em “cantoria” sem sentido, vazia, o que geralmente acontece.

O problema com o chamado “ministro de louvor”, propriamente dito, é que o seu comando tira da igreja a espontaneidade do louvor e da adoração, pelo fato de a congregação ficar atenta àquilo que ele solicita. Alguns já transformaram essa parte do culto em espetáculo cênico, até interessante, mas inócuo.

Se não há “ministério de louvor”, qual o papel desses irmãos que “instruem” o cântico na igreja? Ora, não é difícil verificar que eles têm um trabalho que pode ser comparado ao diaconal. Assim como os diáconos trabalham nos cultos, atendendo às necessidades do evento, os cantores líderes e os maestros de música têm o serviço de manter a regularidade dos cânticos entoados pela igreja, no que se refere ao andamento e à tonalidade de cada composição entoada. Julgo que a questão do louvor e da adoração não depende de um ministro, mas da instrução que a igreja deve ter quanto a essa parte do culto. A experiência me mostra que o cântico no culto a Deus pode chegar a muito melhor qualidade e efeito espiritual. É hora de as igrejas porem à parte alguns pretensos levitas, erigidos em “perpétuos cantores dominicais” e instruírem alguns “ministros de louvor”, quanto à sua função. Para os que se julgam levitas, aconselho a participação no conjunto coral da igreja (geralmente eles não participam, pois seu “ministério” é outro). Para os “ministros de louvor”, aconselho que entendam a sua condição de “maestros”, de “condutores” dessa parte do culto; por isso, devem ater-se a sustentar o ritmo, a cadência, o andamento das canções com que a igreja louva a Deus, de modo inteligente, pessoal e contrito.
Ev. Izaldil Tavares de Castro.

Um comentário:

  1. Uma das causas do meu entristecer. Não sou arcaico, gosto e aprecio o conforto que a modernidade me proporciona mas, no que diz respeito as coisas de Deus... Muita invencionice, pouca criatividade. Não temos mais poesia, temos linhas de produção...

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