Verdade e simpatia parecem-me
conceitos excludentes, ou que, talvez, mantenham certa relação antipática.
Enquanto a verdade não transige jamais, a simpatia pode ser uma máscara a
esconder conivência com os desvios alheios. A má simpatia presta-se, ora, à
concessão para com a falha de outrem; ora, a ser uma mascara que oculta os
verdadeiros motivos de uma relação social. Assim, torna-se a simpatia uma
posição antagônica para com a verdade. Certamente por isso, as impressões que
uma e outra causam são bem distintas.
A verdade é indiscutivelmente contundente,
clara, indiscutível e, não raro, odiada. Por sua vez, a simpatia referida sempre
se veste de doçura, tem braços enormes para cingir aqueles que a procuram,
independentemente das circunstâncias. Quem não ama a simpatia? Veem-se em
vários lugares a solicitação “Sorria”, porque o sorriso é um gesto simpático.
Entretanto, a solicitação do sorriso, quase sempre, está em lugares em que
caberia muito bem, uma cara bem fechada. Trata-se da exploração da conveniência
da simpatia.
Pedir que alguém seja
simpático para com as pessoas, na maioria das vezes, significa pedir que não se
ponha em evidência a verdade; esse é o berço do eufemismo, que tanta satisfação
nos traz.
Que as pessoas mais buscam?
Verdade ou simpatia? Facilmente se troca a verdade pela simpatia, porque aquela,
quase sempre afasta os homens; esta os agrega ao nosso redor.
Certa ocasião, Jesus, que é a verdade, fez um
discurso que afastou a multidão dos seguidores, ansiosos pela falsidade da
simpatia. Até os discípulos ficaram incomodados e reclamaram com o Mestre, que
não arrefeceu o calor da sua mensagem (João, 6. 60-67).
Todavia, é necessário não se
confundir a noção de verdade com a noção de estupidez ou grosseria. A grosseria
é apenas ofensiva, nada constrói, nada ensina, nada melhora. Assim também, a simpatia
não pode traduzir a máscara da indulgência. A boa simpatia se mostra na maneira
cordial, na forma civilizada de se tratarem as pessoas. O problema é que
maneira cordial ou forma civilizada de tratamento não significa – como tantos
pensam - escamotear a verdade, nem massagear o ego (para usar um chavão) de
quem quer que seja. Embutida na estampa cordial da simpatia deve residir a contundente
força da verdade.
Pena, mesmo, é que muitos
púlpitos ditos cristãos preferem a máscara suja da simpatia, - a qual se chama
hipocrisia – à limpidez imarcescível da verdade, causando incalculável dano ao
amadurecimento de seus ouvintes.
Izaldil Tavares de Castro.

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