Jesus,
certa feita, mencionou o aproveitamento da sementeira, fazendo a conhecida
Parábola do Semeador. Normalmente observamos esse ensino do Mestre como se o
resultado do ato de semear em nada dependesse de nós. Costumamos dizer que
nossa missão é semear.
O
padre António Vieira, um expoente na literatura sacra erudita em língua
portuguesa, diz que na semeadura há três fatores a serem avaliados: a Palavra
de Deus (semente), o semeador (o pregador) e a terra (o ouvinte). Na explicação
para o insucesso da semeadura, aquele escritor deixa resolvida a questão da
semente, porque ela é indiscutivelmente boa: a Palavra não tem defeito. Assim,
argumenta que pode haver defeito naquele que semeia ou na terra em que ele
semeia, ou, talvez em ambos. Deixemos Vieira para uma leitura interessante.
Vamos ao texto sagrado.
No
evangelho de Lucas, capítulo 8, está registrada a parábola em apreço. No
versículo 8, o Senhor diz que uma das sementes (a que caiu em boa terra) deu
abundância de fruto. Por que as outras sementes não frutificaram? Pela ordem: uma
caiu fora do lugar da sementeira, à beira do caminho, descoberta, à mercê das
aves. A outra caiu nas pedras, em lugar seco; outra caiu entre espinhos, sendo,
portanto sufocada. Outra, porém, a frutífera, caiu em hora e lugar oportunos
para a germinação e deu 100% de frutos. Porque aquelas não frutificaram? Terá
sido apenas a questão do lugar em que caíram?
Jesus
não ia ensinar desperdício de sementes! Parece-me, então, que uma lição tem
ficado esquecida: o zelo do semeador para com a semente. Se é sabido que a
semente só frutifica em solo adequado, espalhar sementes ao vento é
desperdício. Claro que Jesus ensinou isso, também.
O
evangelho - que é a semente – hoje é propagado à vontade, e isso deve ser
feito; porém está havendo um trabalho parcial dos semeadores, pois,
praticamente, não existem os preparadores do solo, a fim de evitar a perda de
preciosa semente.
Postei
hoje, no “facebook”, o meu ponto de vista sobre “sementes desenterradas”, a
respeito dos movimentos evangélicos que se valem de expedientes criticáveis, a
fim de atrair rebanho (qualquer que seja o interesse) para os seus templos.
Isso não possibilita preparo do solo (discipulado), e a semente desenterrada fatalmente
morrerá improdutiva.
Haverá
ajuntamento de pessoas com as mais variadas intenções: busca de entretenimento
com os famigerados gospel-cantores, sede de bens materiais, até namoros e
casamentos. Todavia, esses eventos não serão frutuosos. A realidade do que digo
está aí, à vista de quem quiser. Temos deixado sementes ao abandono: à beira do
caminho, à disposição de ouvintes desapercebidos; sobre as pedras aquecidas
pelo sol, expostas a corações endurecidos; entre os espinhos, a mercê de
interesses materiais.
É
necessário que os semeadores utilizem bem as sementes, que as valorizem com seu
próprio modo de ser e de agir em conformidade com as Escrituras Sagradas.
Semeador tem que ser preparado para o trabalho. Tem que ser, antes, um arador
da terra, tem o dever de cuidar da semente, para que ela seja produtiva.
O
tempo de semear esvai-se; a Igreja tem perdido tempo e semente, por falta de
sabedoria ou por interesses nada publicáveis, esquecendo-se de que dará conta
ao Senhor da Seara e da semente. Os fins nem sempre justificam os meios. Convém
pensar nisso com seriedade.
Ev.
Izaldil Tavares de Castro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário