Magnanimidade é o modo como age aquele que é
magnânimo. A magnanimidade é a forma plenamente altruísta, por meio da qual
alguém se dispõe em relação a outrem.
Trata-se do mais alto grau de generosidade,
de clemência, de amor, de liberalidade, sem qualquer intenção de proveito
pessoal. Deus é magnânimo para com a humanidade; pois, a todos dá as mesmas
oportunidades e sobre todos – bons ou maus – deixa cair as mesmas bênçãos.
Muitas pessoas são bondosas, não negam a sua
generosidade para com o próximo; todavia, o caráter humano não chega a atingir
grau de magnanimidade, porque só Deus é magnânimo.
A mais preciosa demonstração dessa tão imensa
generosidade divina revela-se em que “... Deus
amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele
que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João, 3.16). Ainda que a
humanidade tenha-se desviado de Deus, opondo-se acintosamente à sua soberania, Deus
demonstra imensa compaixão por esse mundo que lhe dá as costas.
Todas as coisas que percebemos fazem parte da
magnanimidade divina: a vida, o sol, a chuva, a frutescência, são exemplos
indiscutíveis da enorme bondade de Deus para com os homens bons e maus. O
anoitecer ou o amanhecer, a chuva ou o sol não são reservados a seres humanos “especiais”;
mas, a todo e qualquer ser humano.
Claro é que existem, sim, bênçãos especiais,
porque existem pessoas que honram a Deus e a sua Palavra, reconhecendo-lhe todo
o poder e a mais inquestionável autoridade e senhorio. Pessoas há que
compreendem sua absoluta carência de Deus, quer na vida material, quer na vida
espiritual. São esses os que alcançam mais da misericórdia e da atenção divina. “Os
sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e
contrito não desprezarás, ó Deus” (Salmo 51.17).
Quando a nação de Israel sofria sob o jugo
egípcio, clamou a Deus por libertação, e Deus a ouviu: levantou, pois, a Moisés
para socorrer aquela multidão escravizada. “E
disse o Senhor: tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no
Egito, e tenho ouvido o seu clamor, por causa dos seus exatores; porque conheci
as suas dores. Portanto, desci para livrá-lo da mão dos egípcios e para fazê-lo
subir daquela terra...” (Êxodo, 3.7-8). A providência divina não se resumiu
a retirar de lá os israelitas; supriu-os de tudo, no trajeto que fizeram no
decurso de quarenta anos pelo deserto, conforme relata o livro do Êxodo.
A magnanimidade do Senhor faz-nos compreender
que as preocupações que nos acometem devem ser rechaçadas, pois, certamente,
ele nos socorrerá. Jesus ensinou: “Por
isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de
comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis
de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento e o corpo mais do que o
vestuário?” (Mateus, 6.25).
O orgulho incrustado no coração humano é que
o faz ignorar a especial providência divina, arrogando para si as conquistas na
vida. O orgulho do homem ofende a Deus. “Clamam,
porém ele não responde, por causa da arrogância dos maus. Certo é que Deus não
ouvirá a maldade, nem atentará para ela o Todo-Poderoso” (Jó, 35.12).
A ausência da resposta divina, causada pela
arrogância dos homens, não deslustra a magnanimidade do Senhor, antes, revela
uma magnanimidade baseada na Justiça. Deus é magnânimo e justo. “Considera, pois, a bondade e a severidade de
Deus: para com os que caíram, severidade; mas, para contigo a benignidade de
Deus, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira, também tu
serás cortado” (Romanos, 11.22).
Assim, reconhecer o caráter magnânimo de Deus
é também andar em conformidade com a sua justiça. A recusa dessa premissa
implica receber tão-somente a bênção de usufruir aquilo que Deus dispôs para todo
homem: um período de vida terrena, o sol, a chuva, os frutos, a capacidade
material. Todavia, essa é uma bênção dada por misericórdia; trata-se da bênção
dada a um Adão pecaminoso: viver à custa do suor do rosto e da obrigação de
separar da plantação os espinheiros. “E,
a Adão, disse: Porquanto deste ouvidos à voz da tua mulher e comeste da árvore
que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti;
com dor comerás dela, todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também te
produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o teu pão,
até que tornes a terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te
tornarás” (Gênesis, 3.17-19). A magnanimidade de Deus não anula a sua
perfeita justiça.
Ev. Izaldil Tavares de Castro.
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