“Ai daquele que constrói a
sua casa com meios ilícitos, e os seus aposentos com injustiça; que faz com que
o seu próximo trabalhe de graça e não lhe paga o salário” (Jr 22.13).
Há séculos os grandes filósofos da humanidade
debatem-se para achar uma explicação plausível para o relacionamento humano.
Essa busca visa não apenas explicar o convívio do homem com seu semelhante, mas
entra pela relação entre as sociedades no mundo. Evidentemente essa procura
filosófica caminha paralelamente à Bíblia; logo, os filósofos não dão com a
solução. Jesus viu que a natureza humana é decaída, inimiga do bem, da
honestidade, da moral. Por isso, mostrou a Nicodemos a necessidade do novo
nascimento. O velho homem é, sem dúvida, “o lobo do homem”.
Na Antiguidade, o pensador latino Plauto
(254-184) cunhou uma frase marcante para a História da Humanidade: “Homo homini
lupus”, isto é, “O homem é o lobo do próprio homem”. As explicações da
Sociologia amenizam a dureza de tal afirmação, mas é inegável que ela se aplica
à exploração do mais forte sobre o mais fraco.
Entretanto, dada à complexidade do
comportamento humano, é possível notar esse estado lupino do homem como se ele estivesse
numa roda-gigante, em que num momento as posições demarcadoras do forte e do
fraco invertem-se, um ocupando o lugar do outro. Quem é o forte, ou quem é o
fraco? As circunstâncias decidem.
Aqui chamamos o forte de explorador, aquele a
quem o profeta Jeremias menciona no versículo citado. O forte procura arrancar
do fraco tudo quanto lhe pareça vantajoso. O forte sonega o pagamento devido,
inventando desculpas capazes de ajudá-lo no mau intento. O forte não é solidário
com o fraco, antes o escorcha, ilude-o.
Geralmente se entende como forte o detentor
de mais-valia; e a mais-valia se expressa pela posse de bens materiais. Claro
que os bens materiais constituem essa mais-valia; entretanto, mesmo o
desprovido tem a sua mais-valia e usa-a, sem remorso, no seu momento de ser
“forte”.
Filhos exploram pais, pais exploram filhos,
até mesmo sem uma plena consciência daquilo que fazem. Comerciantes se esmeram
nas fraudes contra seus clientes, camuflam juros nos preços de suas mercadorias
e anunciam que não há cobrança de juros: mentem que o preço é o mesmo, para
pagamento à vista ou a prazo. Que impossibilidade, nessa economia capitalista!
Frauda-se contra o fisco, enquanto outros se apropriam de algum modo daquilo
que não lhes pertence.
Mas os “lobos vorazes” não estão soltos
apenas entre os poderosos do dinheiro: há “lobinhos” comprando e vendendo, em
cada esquina, CDs pirateados, fazendo cópias xerográficas de livros, não
devolvendo qualquer centavo que lhe venha a mais em um troco. A imoralidade
habita a alma humana, independentemente de sua condição social.
Pior é a condição daquele que conhecendo as
Escrituras Sagradas e declarando-se cristão, não se envergonha de declarar suas
práticas condenáveis, igualando-se a qualquer predador iníquo.
O versículo mencionado no livro de Jeremias
precisa ser mais conhecido. Aliás, a Bíblia precisa ser mais conhecida pelos
conhecedores da Bíblia.
Ev.
Izaldil Tavares de Castro.
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