Saber-se que um pastor se
declara desencantado com os princípios que nortearam a sua atuação eclesiástica é,
no mínimo, curioso. Bem, mas não é hora de se justificar a declaração, mantendo-a
sob o cobertor da sinceridade; também não cabe, até aqui, dizer-se que pastores
são seres humanos, daí, sujeitos às fraquezas próprias do homem. Não é hora de
justificativas; é hora de se observar o fato por outro prisma.
Não trato de especulação, nem
de possibilidade: a realidade do desencanto foi expressa pelo próprio pastor,
em artigo postado em mídia social, logo, ao alcance de quem quiser ler o terrível
desabafo. Na verdade, nem os grandes desabafos do conhecidíssimo Caio Fábio,
relativamente a questões filosófico-religioso-eclesiásticas causam tanto espanto.
Talvez a grandeza do espanto
se dê pelo fato de o pastor em apreço declarar-se (ainda) pentecostal!
Raridade: pastor pentecostal desencantado com os princípios bíblicos que
adotara.
Que marcas esse pastor
apresenta para tão grande desencanto? Num trecho de seu texto, o triste pastor
critica a mesma fé cristã, quando expressa: “Ele (o grupo conservador)
continuará a repetir fórmulas desgastadas, propagando que a fé cristã é a única
em resgatar pessoas do inferno medieval e de garantir um céu de delícias...”
Não entendi! O grupo conservador é aquele que considera imutável a Palavra de
Deus? Que pretende o pastor ao falar em inferno medieval? (O adjetivo, aí, é
sintomático). Não é a fé cristã que arrebata almas do inferno para um céu de
delícias? Mas, o pastor continua seu discurso de insanidade: “como cristão
proponho um caminho diverso...”! Insiste o condutor de almas em que haja “progressistas
(?) que se manifestem protegendo os indefesos, seja na opressão do mercado, no
preconceito de gênero...”. Desentendi!
Não para aí a verborragia do
desencantado, pois sugere que “mais evangélicos comecem a repensar suas
premissas teológicas fundamentalistas”. Esse discurso aproxima-se de certa ala
católico-romana; mas, sobretudo tangencia o pensamento do deputado BBB, Jean
Willys. Um discurso de pastor assembleiano alinhado ao discurso do deputado!
Para encerrar, menciono o ápice
do arrependimento do pastor: “... confesso que perdi tempo com a máquina
eclesiástica [...] defendi teologias desconexas da existência... Entreguei-me
de corpo e alma à oração, fiz vigílias, jejuns. Ralei os joelhos em busca de
uma espiritualidade eficiente". Que desencanto com a vida de piedade!
Tem mais: “Qual a pertinência do meu esforço?
[...] Só agora noto que o tempo é uma riqueza não renovável, me resta lamentar”.
Que dizer disso tudo? Nada a
dizer, porque a Bíblia diz tudo.
“... Estes são fontes sem
água, nuvens levadas pela força do vento, para os quais a escuridão das trevas
eternas se reserva, porque falando coisas mui arrogantes de vaidades, engodam
com as concupiscências da carne e com dissoluções aqueles que se estavam
afastando dos que andam em erro, [...] Porquanto, se, depois de terem escapado
das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo,
foram outra vez envolvidos nela e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior
do que o primeiro, porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça,
do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado. Deste
modo, sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao
próprio vômito; a porca lavada, ao espojadouro de lama” (2Pe 2. 17-22).
Ev. Izaldil Tavares de Castro
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