quarta-feira, 24 de junho de 2015

O DESENCANTO DO PASTOR


Saber-se que um pastor se declara desencantado com os princípios que nortearam a sua atuação eclesiástica é, no mínimo, curioso. Bem, mas não é hora de se justificar a declaração, mantendo-a sob o cobertor da sinceridade; também não cabe, até aqui, dizer-se que pastores são seres humanos, daí, sujeitos às fraquezas próprias do homem. Não é hora de justificativas; é hora de se observar o fato por outro prisma.

Não trato de especulação, nem de possibilidade: a realidade do desencanto foi expressa pelo próprio pastor, em artigo postado em mídia social, logo, ao alcance de quem quiser ler o terrível desabafo. Na verdade, nem os grandes desabafos do conhecidíssimo Caio Fábio, relativamente a questões filosófico-religioso-eclesiásticas causam tanto espanto.

Talvez a grandeza do espanto se dê pelo fato de o pastor em apreço declarar-se (ainda) pentecostal! Raridade: pastor pentecostal desencantado com os princípios bíblicos que adotara.

Que marcas esse pastor apresenta para tão grande desencanto? Num trecho de seu texto, o triste pastor critica a mesma fé cristã, quando expressa: “Ele (o grupo conservador) continuará a repetir fórmulas desgastadas, propagando que a fé cristã é a única em resgatar pessoas do inferno medieval e de garantir um céu de delícias...” Não entendi! O grupo conservador é aquele que considera imutável a Palavra de Deus? Que pretende o pastor ao falar em inferno medieval? (O adjetivo, aí, é sintomático). Não é a fé cristã que arrebata almas do inferno para um céu de delícias? Mas, o pastor continua seu discurso de insanidade: “como cristão proponho um caminho diverso...”! Insiste o condutor de almas em que haja “progressistas (?) que se manifestem protegendo os indefesos, seja na opressão do mercado, no preconceito de gênero...”. Desentendi!

Não para aí a verborragia do desencantado, pois sugere que “mais evangélicos comecem a repensar suas premissas teológicas fundamentalistas”. Esse discurso aproxima-se de certa ala católico-romana; mas, sobretudo tangencia o pensamento do deputado BBB, Jean Willys. Um discurso de pastor assembleiano alinhado ao discurso do deputado!

Para encerrar, menciono o ápice do arrependimento do pastor: “... confesso que perdi tempo com a máquina eclesiástica [...] defendi teologias desconexas da existência... Entreguei-me de corpo e alma à oração, fiz vigílias, jejuns. Ralei os joelhos em busca de uma espiritualidade eficiente". Que desencanto com a vida de piedade!

 Tem mais: “Qual a pertinência do meu esforço? [...] Só agora noto que o tempo é uma riqueza não renovável, me resta lamentar”.

Que dizer disso tudo? Nada a dizer, porque a Bíblia diz tudo.

“... Estes são fontes sem água, nuvens levadas pela força do vento, para os quais a escuridão das trevas eternas se reserva, porque falando coisas mui arrogantes de vaidades, engodam com as concupiscências da carne e com dissoluções aqueles que se estavam afastando dos que andam em erro, [...] Porquanto, se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, foram outra vez envolvidos nela e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro, porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado. Deste modo, sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao próprio vômito; a porca lavada, ao espojadouro de lama” (2Pe 2. 17-22).

Ev. Izaldil Tavares de Castro



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Translate:

Pesquisar este blog

• Arguivo do blog