quinta-feira, 11 de junho de 2015

MUITO CRENTE PATINANDO NO GELO!


Por aqui, as pistas de patinação no gelo são, geralmente, áreas cercadas, chamadas ringue, em que os patinadores entram paramentados para se deliciarem nas voltas que dão ali dentro.

Jovens e crianças são os maiores adeptos dessa brincadeira em pista de gelo; por isso passam horas a se deliciar despreocupadamente. Ao redor do cercado, espectadores que não se dispõem a participar ou apenas observam a habilidade dos que brincam.

Mas, as duas alas são bem demarcadas: a dos patinadores e a dos espectadores. Os daqui não vão para lá; os de lá não vêm para cá.

Em nossos dias, as igrejas funcionam mais como ringue de patinação: cá dentro do cercado a alegria da diversão; lá fora, a expectativa triste de milhões de pessoas. Os da pista, nem se dão conta daquilo que ocorre com os de fora. O que passa em seus corações? Como eles apreciam o que ocorre na pista? Apenas, cada patinador procura fazer melhor o seu “desempenho”; cada qual quer, na pista, ser visto como excelente patinador. Se o outro cai, melhor: ele não tem prática, não consegue, é parceiro inadequado nessa dança. Nada há para se observar à volta do ringue.

Nosso ringue é a igreja. Aqui temos satisfação, prazer, somos felizes; patinamos bem ou mal. Se caímos, levantamos, ainda que meio sem graça entre os demais; mas, estamos no ringue. Fora das paredes que nos separam estão espectadores. Alguns torcendo por nossa queda: sempre há corações maus. Outros estão tão carregados e oprimidos que não nos veem; se veem, não notam. Há também os que gostariam de ter oportunidade de participar da nossa tão demonstrada alegria. Pensam: “Ah! Se me convidassem!”.

Mas, continuamos patinando no gelo, em “nosso” ringue.

O que me chama a atenção é que Jesus não nos chamou para “patinar”. Ele não instalou uma pista de patinação; mas uma Igreja para “caminhar”. Sua ordem está expressa: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (Mt 28. 19-20).

Uma das noções do verbo “ir” é “caminhar em direção a um ponto”. Não significa “rodear”, “estar em torno” ou “voltear”: isso se aplica à patinação no ringue.

Enquanto grande parte da Igreja cristã dá voltas a patinar, o mundo fica privado das Boas Novas de salvação. A Bíblia manda anunciar o evangelho. Essa ordem supera o reunir-se com os irmãos, supera cantar na igreja, supera frequentar os cultos dominicais; porque sem o cumprimento dessa ordem de Cristo, nada tem valor perante ele. Ele veio resgatar o que está fora do “ringue”: “... Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o perdido” (Lc 19. 10).

O apóstolo Paulo, exemplo dos evangelistas, levou uma vida de “idas”, porque se interessava em propagar o evangelho. Não foi ele um exemplo de “patinador cristão”. Paulo ansiava por estar entre os cristãos; todavia, sentiu forte a necessidade de partir para propagar a fé que hoje nos alcançou.

A igreja tem que sair da patinação, precisa sair do cercado do ringue e distribuir a Palavra de Deus para o mundo corrompido e sedento de salvação e paz.

Ev. Izaldil Tavares de Castro.

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