A Bíblia narra o verídico
episódio da vitória de Davi contra o gigante filisteu Golias. É conveniente
rever alguns dos principais pontos dessa narrativa, a fim de se compreender que
para o pequeno pastor de ovelhas a tarefa não foi irrisória. À luz de uma
tradução da Bíblia em uma linguagem mais popular, que foge do caráter epopeico
do texto, é possível chegar mais perto das possíveis agruras pelas quais passou
o futuro rei de Israel. Lê-se em I Reis, 17: 4-7:
"Então, Golias, um
guerreiro filisteu de Gate, saiu das fileiras dos filisteus para enfrentar as
forças de Israel. Ele era um gigante que tinha dois metros e noventa
centímetros. Ele usava um capacete de bronze e vestia uma couraça de malha que
pesava cerca de sessenta quilos. Ele usava caneleiras de bronze e trazia um
dardo de bronze nas costas. A haste de sua lança era enorme, parecida com o
eixo de um tear, e a ponta de ferro de sua lança pesava cerca de sete quilos e
duzentos gramas. Adiante dele caminhava seu escudeiro" (Nova Bíblia
Viva. Ed. Mundo Cristão. São Paulo. 1ª reimpressão 2011).
Que descrição mais
horripilante para um jovem rapaz sem qualquer treinamento de guerra! Só isso já
era suficiente para fazer correr todo o exército de Israel. Somem-se a esse
dado, as terríveis ameaças do inimigo em seus malignos desafios. Cada vez que
Golias saía das suas fileiras e se punha diante dos guerreiros de Israel, o
pavor tomava conta deles.
Davi não foi afrontado apenas
pelo gigante; foi xingado e chamado de atrevido pelo próprio irmão mais velho,
o guerreiro Eliabe; creio que com a concordância daqueles que estavam
próximos. Talvez aquele guerreiro estivesse tão apavorado que achou um absurdo
a presença de um garoto por ali, indagando sobre a guerra.
Não duvidemos de que Davi
também sentiu medo. Ele era corajoso, mas não era insano. Lutava contra urso e
contra leão; mas, obviamente, sentia medo. O homem verdadeiramente corajoso
conhece as suas limitações, é inteligente; não se joga às cegas contra o
opositor; busca estratégias para suas ações.
Todos os homens enfrentamos os
"golias" dessa existência terrena. Quais são os "golias"
que nos subjugam? São os nossos interesses mais distantes da Palavra de Deus;
são as marcas da desobediência adâmica impregnadas em nosso caráter, as quais
dominam o intelecto, obstruem a visão e fazem fracassar a vontade. Não há quem,
por si mesmo, queira aproximar-se de Deus. A vida no pecado torna-se boa e
agradável ao pecador, assim como o lodaçal para o porco. Que suíno se enoja do
lamaçal malcheiroso?
Assim, o mal que reside no
homem torna-se o gigante que o escraviza, que o faz servo, tal como o filisteu
queria Israel. É preciso surgir em nós um "Davi" como aquele que,
embora humanamente temeroso, sem dúvida, ultrapassou as barreiras da limitação
e alcançou a mudança do cenário.
há dias, na Igreja Assembleia de
Deus Bereana, em São Paulo, o Pastor Walter Brunelli trouxe inspirada mensagem
sobre a luta de Jacó, até que se tornou Israel (Gênesis, 32). Àquele patriarca
não foi fácil aceitar sua mísera condição antes da bênção: era difícil para ele
reconhecer-se "enganador", “suplantador”. Todavia, ele só foi
abençoado depois de declarar sua própria fraqueza. Deus faz do fraco um forte!
Glória Deus!
Façamos sincero exame de
nossas inabilidades; busquemos no fundo de nós mesmos o caráter controverso,
pecaminoso; tenhamos a convicção de nossos erros e, corajosamente, partamos
para as mudanças que nos conduzirão, pela graça e misericórdia divinas, ao
caminho da estatura do varão perfeito, Jesus Cristo (Efésios, 4: 13).
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