INTRODUÇÃO.
Vamos meditar sobre uma bela igreja: composta
por crentes bem de vida, instruídos no conhecimento secular e persistentes na
vida cristã, crentes cheios de dons e de fé. Trata-se de uma igreja tal como
tantas que encontramos hoje, espalhadas em nosso país. Uma igreja que deixou de
congregar pobres e humildes, porque eles ascenderam socialmente, como ocorreu
com as igrejas brasileiras. A igreja de Corinto!
No texto lido, Paulo denota algumas
preocupações quando escreve à igreja que estava em Corinto. Logo na introdução
da carta, faz supor que os crentes de Corinto julgavam-se à parte de outras
igrejas, talvez mais aquinhoados, mais enriquecidos, mais orgulhosos de sua
condição. Por isso, o apóstolo lembra que eles foram “chamados para ser santos,
com todos os que em todo lugar invocam o nome do nosso
Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso”.
A Igreja do Senhor não se resume a um local,
a uma assembleia, a um grupo: ela é Universal. É a Igreja militante; não tem
placa denominacional, tem chamada para ser santa!
Por causa dessa chamada, Deus a mantém segura
e firme. “... e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do
inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus, 16.18). Jesus não a chamou de
igreja tal ou qual; ele a chamou de “minha igreja”!
1. Sobrevivência pela graça. O Senhor deu graça à igreja que estava em
Corinto, enriqueceu-a em tudo: palavra, conhecimento, fé. “Porque em tudo
fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo conhecimento; assim como
o testemunho de Cristo tem sido confirmado entre vós, de maneira que nenhum dom
vos falta; aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual
também vos confirmará até ao fim, para serdes irrepreensíveis no Dia de nosso
Senhor Jesus Cristo”. Outra tradução diz: ”Ele os manterá até o fim, de modo que vocês serão irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo. (grifo meu)
A Igreja ainda não é irrepreensível, ainda
tem falhas; mesmo que não lhe faltem os dons. É
a graça divina que a sustenta no trajeto que a leva ao aperfeiçoamento necessário
até o Dia do Senhor Jesus Cristo.
Deus é fiel na manutenção da caminhada da
Igreja como foi para com Israel em caminho da terra prometida, pelo deserto
inóspito. O povo israelita não alcançou a terra prometida por meios próprios,
por suas estratégias jamais conseguiriam tal êxito. A sua vitória proveio da
fidelidade de Deus. Êxodo 13. 21-22 fala da coluna de nuvem, durante o dia; e
da coluna de fogo, durante a noite.
2. Coluna
de nuvem:
por causa da coluna de nuvem em que estava envolvido, o povo não era atraído
pelas circunstâncias agradáveis aos olhos ou mesmo assustadoras. Eles tinham um
caminho a seguir, uma rota determinada por Deus. A Igreja tem uma “coluna de
nuvem” que a protege do mal, que a protege da visão mundana e que assinala o
caminho a seguir. Essa coluna de nuvem é a Palavra de Deus! Quando a Igreja não
se desvia dela, está segura na rota.
3. Coluna de fogo: por causa da coluna de fogo, Israel tinha
iluminação e calor nas noites geladas do deserto. A coluna de fogo servia para
iluminar e para aquecer. Iluminado, o povo não perde o rumo, tem conhecimento
do que deve fazer, conhece o caminho. Jesus disse: “Conhecereis a verdade, e a
verdade vos libertará” (João 8:32). A coluna de fogo serve para aquecer. Ora,
só se aquece o que tem tendência para esfriar. O aquecimento serve para manter
a temperatura desejada.
A coluna de fogo da Igreja é o Espírito
Santo. Ele mantém aquecida a Igreja. Por isso, Paulo aconselha: “Não apagueis o
Espírito” (1Tessalonicenses, 5.19).
O Espírito Santo aquece, consola e dá visão à
Igreja!
4. O
perigo do desvio.
Quando uma igreja se vê rica em dons, plena de conhecimento de si mesma, esquece
a coluna de nuvem e termina por desviar-se, atraída pelas circunstâncias.
Envolve-se com o derredor, mistura-se com o mundanismo e age mal. A partir do
versículo 10, Paulo apresenta uma igreja que saiu da coluna de nuvem. Por isso
o apóstolo lembra as origens dela:
“Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação,
visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos,
nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas
deste mundo para envergonhar os sábios...” (vv 26-29) Vejam: quem era Israel
diante das nações? Um bando de escravos analfabetos, causando espanto aos
grandes do Egito e adjacências! Paulo exorta aquela igreja a rever seus
conceitos, a corrigir seu trajeto rumo à perfeição. Leiam o capítulo 3.
5. O
perigo de perder o brilho celestial. Quando uma igreja que é rica em dons (boa
pregação, bons cantores, boas condições sociais) esquece a coluna de fogo,
esfria, perde o vigor, empana o brilho. Ela deixa de ser a “luz do mundo” como
se refere Jesus em Mateus, 5. 14-16. Iguala-se às circunstâncias que a cercam,
mistura-se.
Perdido o contato com a coluna de fogo, perde
o caminho, fica cega. Ap. 3. 15-17.
Conclusão:
A Igreja de Corinto espelha a igreja de
nossos dias. Vivemos numa igreja rica em dons, rica em bens materiais, em bens
intelectuais (quantos doutores, mestres, exegetas, ensinadores, ministradores,
cantores). Tudo isso é bênção provinda da fidelidade divina; provém do Senhor
que preserva a sua Igreja! Mas quantos desvios!
Cabe a cada um dos santificados, “chamados
para serem santos juntamente com todos os que em todo lugar invocam o nome de
nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” fazer o que a Palavra de Deus
aconselha:
“Aconselho-te que de mim compres ouro
refinado pelo fogo para te enriqueceres; vestiduras brancas para te vestires; a
fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e colírio para ungires
os teus olhos, a fim de que vejas. Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê,
pois, zeloso e arrepende-te” (Apocalipse 3. 18-19).
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