domingo, 29 de março de 2015

QUAL A PROFISSÃO? APÓSTOLO? BISPO? PASTOR?


É possível que decida usar título de advogado, de médico, ou de engenheiro, por exemplo, sem o devido reconhecimento dos órgãos controladores dessas atividades? Sim! O noticiário traz todos os dias os casos de charlatanismo, o que, parece-me, é crime de falsidade ideológica (salvo engano meu, que não sou advogado!).

Pois bem, nosso país abriga atualmente milhares de “profissionais” que decidiram (por sua conta e risco) usar título eclesiástico: apóstolos, bispos primazes, bispos, pastores, missionários etc. Que órgão eclesiástico os controla? Nenhum! Suas próprias instituições, criadas em seu próprio benefício, é que os abrigam.

Grande parte desses agentes da religião labuta em causa própria e de seus familiares, já que é normal preparem filhos ou parentes próximos para substituí-los. Assim, transformam suas “empresas-igreja” num feudo que funciona como “atividade econômica familiar”: não lhes sai do controle.

Considerando-se que no Brasil a “atividade religiosa” não tem impedimento algum, vê-se a proliferação desenfreada de “ministros” religiosos. A maioria deles não tem preparo teológico, nem respaldo de instituições sérias e bem estruturadas como são as igrejas evangélicas tradicionais (pentecostais ou não). De modo geral, os pretensos religiosos que criam suas “igrejas” provêm da insubmissão à hierarquia aos ensinos bíblicos e teológicos das igrejas evangélicas sérias, o que, por si mesma, revela instabilidade emocional: impedimento tácito para que alguém seja um líder.

Por outro lado, a visão de dinheiro fácil, fez surgir “cursos teológicos” que endossam o desvio dos interessados, vendendo-lhes inválidos certificados e títulos. Trata-se de um verdadeiro círculo vicioso.

Quanto à clientela desses “profissionais”, o país é um celeiro farto: há uma enorme população carente de tudo quanto se refere ao social e, pior, absolutamente desprovida de conhecimento sobre o cristianismo bíblico. Na ânsia de suprir suas necessidades sociais, caem na isca lançada pelos profissionais do púlpito: compram toalhinhas milagrosas, fronhas dos sonhos divinos, água do rio Jordão, entre outras esquisitices como andar pelo “vale de sal”, adquirir a “chave da vitória”, ir, pelo menos uma vez na vida, ao famoso “Templo de Salomão” e os cedês dos espertalhões. Já se forma até um exército (?) de “guerreiros do altar”!

Diante dessas aberrações, só há que se lamentar o espaço que as igrejas evangélicas reconhecidas cederam, sem querer, a essa chusma de “vendilhões do evangelho”, juntamente com seus cantores de “música gospel” – mais rentável que qualquer cantor de sertanejo ou tema de novela.

Creio que uma das maneiras para se fechar essa desagradável torneira consiste num trabalho sério de as igrejas reconhecidas pela decência evangélica prepararem teologicamente seu corpo eclesiástico identificando-o amplamente para conhecimento da sociedade. Trata-se de uma das formas de apresentar “o que serve a Deus e o que não o serve” (Malaquias, 3.18). Para tanto, dever-se-á criar institutos, escolas, conselhos agregados à denominação e com pleno acesso da sociedade secular.

O que, de fato, não pode é as igrejas evangélicas verem a nação afundando nos barcos espúrios da enganação, e proceder como se nada visse. Não isso que aprendemos de Cristo, por intermédio das cartas do apóstolo Paulo, o qual não deu trégua ao espúrio (2Co 11.12-15).
Izaldil Tavares de Castro.

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