É possível que decida usar título de advogado, de médico, ou de engenheiro, por exemplo, sem o devido reconhecimento dos órgãos controladores dessas atividades? Sim! O noticiário traz todos os dias os casos de charlatanismo, o que, parece-me, é crime de falsidade ideológica (salvo engano meu, que não sou advogado!).
Pois bem, nosso país abriga atualmente
milhares de “profissionais” que decidiram (por sua conta e risco) usar título
eclesiástico: apóstolos, bispos primazes, bispos, pastores, missionários etc.
Que órgão eclesiástico os controla? Nenhum! Suas próprias instituições, criadas
em seu próprio benefício, é que os abrigam.
Grande parte desses agentes da religião
labuta em causa própria e de seus familiares, já que é normal preparem filhos
ou parentes próximos para substituí-los. Assim, transformam suas “empresas-igreja”
num feudo que funciona como “atividade econômica familiar”: não lhes sai do
controle.
Considerando-se que no Brasil a “atividade
religiosa” não tem impedimento algum, vê-se a proliferação desenfreada de “ministros”
religiosos. A maioria deles não tem preparo teológico, nem respaldo de
instituições sérias e bem estruturadas como são as igrejas evangélicas
tradicionais (pentecostais ou não). De modo geral, os pretensos religiosos que
criam suas “igrejas” provêm da insubmissão à hierarquia aos ensinos bíblicos e
teológicos das igrejas evangélicas sérias, o que, por si mesma, revela
instabilidade emocional: impedimento tácito para que alguém seja um líder.
Por outro lado, a visão de dinheiro fácil,
fez surgir “cursos teológicos” que endossam o desvio dos interessados, vendendo-lhes
inválidos certificados e títulos. Trata-se de um verdadeiro círculo vicioso.
Quanto à clientela desses “profissionais”, o
país é um celeiro farto: há uma enorme população carente de tudo quanto se
refere ao social e, pior, absolutamente desprovida de conhecimento sobre o
cristianismo bíblico. Na ânsia de suprir suas necessidades sociais, caem na
isca lançada pelos profissionais do púlpito: compram toalhinhas milagrosas,
fronhas dos sonhos divinos, água do rio Jordão, entre outras esquisitices como
andar pelo “vale de sal”, adquirir a “chave da vitória”, ir, pelo menos uma vez
na vida, ao famoso “Templo de Salomão” e os cedês dos espertalhões. Já se forma
até um exército (?) de “guerreiros do altar”!
Diante dessas aberrações, só há que se
lamentar o espaço que as igrejas evangélicas reconhecidas cederam, sem querer,
a essa chusma de “vendilhões do evangelho”, juntamente com seus cantores de “música
gospel” – mais rentável que qualquer cantor de sertanejo ou tema de novela.
Creio que uma das maneiras para se fechar
essa desagradável torneira consiste num trabalho sério de as igrejas reconhecidas
pela decência evangélica prepararem teologicamente seu corpo eclesiástico
identificando-o amplamente para conhecimento da sociedade. Trata-se de uma das
formas de apresentar “o que serve a Deus e o que não o serve” (Malaquias, 3.18).
Para tanto, dever-se-á criar institutos, escolas, conselhos agregados à
denominação e com pleno acesso da sociedade secular.
O que, de fato, não pode é as igrejas
evangélicas verem a nação afundando nos barcos espúrios da enganação, e
proceder como se nada visse. Não isso que aprendemos de Cristo, por intermédio
das cartas do apóstolo Paulo, o qual não deu trégua ao espúrio (2Co 11.12-15).
Izaldil Tavares de Castro.
Izaldil Tavares de Castro.
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