“Porque
assim como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam, mas regam a
terra e a fazem produzir e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que
come, assim será a palavra que sair da minha boca, ela não voltará para mim
vazia; antes, fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a enviei.”
(Is 55:10-11).
Introdução
O
homem que põe a serviço de Deus tudo quanto o próprio Deus lhe deu torna-se uma
grande bênção. O texto de Isaías mostra — além da inspiração profética, pois
fala sob a unção do Espírito do Senhor — uma admirável beleza de linguagem.
Isaías foi preparado intelectualmente; era historiador, escritor e poeta.
Depois de ser escolhido para trazer as mensagens do Senhor, usou o seu preparo
para fazer a obra.
Os
profetas do Senhor podem estruturar de duas maneiras a mensagem, pela qual se
responsabilizam: podem usar o discurso
direto ou discurso indireto.
Chama-se
discurso direto a técnica em que a mensagem é enunciada em primeira pessoa, isto
é, o próprio Senhor fala com o seu povo: as palavras empregadas vêm diretamente
da boca do Senhor. O discurso indireto se estrutura em terceira pessoa, como se
fosse uma interpretação da mensagem. O profeta tem o assunto inspirado por Deus
e usa sua própria linguagem, seu falar costumeiro para entregá-lo. Não
raramente, ocorre a mistura das duas formas no mesmo texto; o que dá respaldo à
fala do profeta. (Is 3.1-3; 4). Por esta causa uma profecia não pode ser
julgada pela “qualidade” da linguagem! Muitas pessoas iletradas trouxeram, com
seu linguajar precário, importantes mensagens do Senhor.
As
profecias expressas em discurso direto, geralmente iniciam com a seguinte
frase: “Assim diz o Senhor...”
Veja-se, por exemplo, o início do capítulo 43 de Isaías: “Mas agora, assim diz o Senhor, que te criou, ó Jacó, e te formou, ó
Israel: ...” Nessa introdução ao versículo é o profeta quem anuncia a
mensagem que virá expressamente de Deus: “Não
temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome; tu és meu.”
Se
a mesma mensagem fosse transmitida por um discurso indireto, o profeta diria: “Mas, naquela hora, o Senhor que te criou, ó
Jacó, e te formou, ó Israel, disse para não temeres, porque (ele) te remiu;
chamou-te pelo teu nome; tu és dele”. Não é difícil perceber que a mensagem
direta é muito mais contundente! Deus é Sabedoria! Glória ao seu Santo Nome!
A
mensagem em Isaías 55:11.
Esse
é um dos trechos da Bíblia que mais transmite segurança, tranquilidade e paz ao
coração do crente. Todavia, não deixa de ser grave exortação. Trata-se de uma
mensagem que se aplica a um amplo contexto.
É
costume invocarmos a passagem, para responsabilizar o fruto do trabalho
evangelístico. Se o Senhor afirmou que sua Palavra não lhe voltará vazia, a
responsabilidade do cumprimento é exclusivamente dele. Esse posicionamento pretende
isentar-nos de responsabilidade. Entretanto, Deus não fez o homem para livrá-lo
de responsabilidades. O Senhor não é um pai superprotetor, que isente seus
filhos de qualquer encargo. Não nos esqueçamos de que, ainda que o Senhor Jesus
tenha pedido ao Pai o livramento, essa atitude evidencia o exemplo de que a vontade
do Senhor Todo-Poderoso é irrevogável. O Senhor decidiu que a missão seria
cumprida. E o foi. Deus virou o rosto ao próprio Filho, por causa de nós. Ele
não muda a sua Palavra! Somos feitos à sua imagem, conforme a sua semelhança;
por isso, temos também trabalho a executar e contas a prestar a ele!
A
Palavra não volta vazia para o Senhor, não só porque traz os efeitos que
esperamos: dela vêm bênçãos; mas, não volta vazia, porque deixa sobre nós uma
responsabilidade inegável.
Mensagem
de conforto
A
porção da Palavra a que nos referimos foi enviada ao povo de Israel, como
confirmação da promessa feita no Éden (Gn 3.15). Um pouco antes do trecho
estudado, o profeta prediz a vinda do Salvador: “Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi e a vossa alma viverá; porque
convosco farei um concerto perpétuo, dando-vos as firmes beneficências de Davi.”
(Is 55.3). Deus prometera, lá no Jardim do Éden, a vinda daquele que esmagaria
a cabeça da serpente. Passaram–se os séculos e Israel permanecia à espera do
seu benfeitor. O povo é constantemente repreendido a não duvidar das promessas,
mas o homem é falho e necessita de ser alertado. A longanimidade de Deus fica
revelada nas Escrituras, como se vê no capítulo 50 de Isaías. O Senhor, além de
reiterar o seu compromisso para com Israel, revela a imensa compaixão pelos
gentios, quando diz: “Vinde todos os que
tendes sede, vinde às águas, e vós que não tendes dinheiro, vinde e comprai, sem
dinheiro e sem preço, vinho e leite”.
Os
gentios não têm dinheiro, não possuem garantia, não têm promessa de resgate;
não têm crédito. Só a misericórdia os salvará! Então o Senhor diz: “Vinde, ainda que não tenhais dinheiro, não há
preço estipulado para vós: o que há é misericórdia”. A benignidade do
Senhor trouxe a nós, os gentios, o resgate pela morte de Cristo Jesus. Em
Cristo bebemos da água da vida, por ele recebemos a adoção de filhos. É por
isso que rios de água viva correm do nosso ventre! Isto quer dizer que
multiplicamos os rios de águas vivas! A Palavra do Senhor não lhe volta vazia!
Aleluia!
Mensagem
de responsabilidade
Se,
por um lado, a mensagem trazida por Isaías é confortante, confirma a fidelidade
de Deus quanto à sua benignidade, coloca, também, em nossos ombros a
responsabilidade pelo desempenho da obra. É, hoje, nossa obrigação fazer que a Palavra não volte vazia.
Fomos chamados pela Palavra para trazer frutos. Diz a Bíblia que nós somos as
varas enxertadas na videira verdadeira, a fim de darmos fruto. Caso tal não
aconteça, há punição! (Jo 15.1). A Palavra é espada de dois gumes. As páginas
sagradas registram bênçãos, porque entregam apoio na dificuldade. (2 Rs 6.
5-6); cura na doença. (2Rs 20.5); alimento na fome. (1Rs 17.12-15).livramento
na perseguição. (At 5.19-20). vitória na luta. (2Rs 19.35). São páginas de
bênçãos!
Por
outro lado, a Bíblia não omite a responsabilidade dos homens. (Rm 11.22). Há
inúmeros registros bíblicos que não omitem a severidade de Deus. Ainda que o
Senhor tenha feito o homem com carinho especial, fazendo-o à sua própria
imagem, em conformidade com a sua semelhança, não o poupou da pena por causa do
pecado. Deus não releva atos pecaminosos. Os israelitas que murmuraram no
deserto sofreram o castigo e o próprio Moisés foi punido pelo Senhor. Página
após página, do Antigo ao Novo Testamento, a Bíblia relata a bondade e a
severidade de Deus. A Palavra do Senhor não volta vazia! Glória ao seu nome
eterno!
Conclusão.
A
linguagem de Deus é linda e perfeita tanto no conteúdo quanto na forma de
expressão. (Sl 18.30; Sl 33.4). Vale muito o amor e a dedicação ao texto
sagrado. (Sl 119.97). A Bíblia é linda! Quanta beleza e profundidade há em cada
página! (Rm 11.33). É também maravilhoso perceber que o Senhor usa a
capacitação que dá aos seus servos para a expressão de suas indizíveis
grandezas. Em Isaías, observa-se a linguagem poética exuberante, por meio da
qual o profeta nos entrega a mensagem. É gratificante perceber pelo texto que a
chuva e a neve, vindo sobre a terra, não deixam de fazer o papel a que se
destinam. Os eventos da natureza cumprem irrestritamente os desígnios de Deus.
Bom seria que assim todos os homens agissem. A figura de linguagem expressa no
versículo deixa suficientemente claro que todos os desígnios do Senhor são
executados. O Altíssimo diz: “Assim será
a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia; antes, fará o
que me apraz...”.
O
Senhor Jesus determinou aos seus discípulos, antes de subir ao Céu: “Portanto, ide, ensinai todas as nações,
batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a
guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado...”. (Mt 28.19-20). A ordem
do Mestre inclui ensinar tudo quanto ele mandou! Só ensina quem aprendeu. O
Senhor disse: “Aprendei de mim...”. A
ordem é explícita; devemos, então, cumpri-la, para que não sejamos
responsabilizados. A palavra do Senhor, necessariamente, cumpre o que propõe:
bondade: se cumprirmos fielmente o seu mandado; severidade, se nos descuidarmos
de tão grande salvação. (Hb 2.3). Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário