Nascemos para crescer gradativamente. Por motivos óbvios, nascemos pequenos, mas não "espichamos" repentinamente, em seguida. O crescimento se faz dia a dia, ano a ano. Há o crescimento natural, independente da nossa vontade. Ninguém cresce em altura por sua própria decisão; aliás, a Bíblia diz que não podemos acrescentar medida à nossa estatura (Lc 12.25).
Há também o crescimento material, que depende do esforço e da dedicação da "persona". Esse crescimento foi um dom de Deus, que, por misericórdia, concedeu a Adão. Quando Deus disse que o primeiro homem ganharia o pão com o suor do rosto, obviamente não o condenou a uma espécie de "trabalhos forçados": deu-lhe, sim, inteligência para o progresso material e intelectual; um sinal de sua infinita misericórdia.
Se Adão, que vivera no paraíso, sem esforço, não recebesse a bênção de buscar seu próprio crescimento, talvez morresse como um inocente nascituro lançado à própria sorte. O esforço pessoal é uma bênção de Deus. A preguiça é um ataque do diabo. Logo, os preguiçosos estão sob ataque diabólico. A sapiência humana descobriu que "mente desocupada é oficina do diabo".
Nascemos para crescer gradativamente, em todos os aspectos, até alcançarmos o limite que nos é imposto. A estatura humana é traçada por determinações genéticas, biológicas. Essas determinações fazem o indivíduo alcançar o limite de sua estatura. Se, porventura, o homem não atinge esse limite, tem problema de saúde: é um nanico. Também o inverso é problemático; há defeitos genéticos que causam o gigantismo: o indivíduo cresce além dos seus limites, por isso, terá inúmeros problemas de saúde e até sociais. Nada deve ultrapassar os limites; mas, nada deve ficar aquém desses limites.
Há, de igual modo, a necessidade de crescimento intelectual, e esse não ocorre naturalmente, senão pelo esforço pessoal. O crescimento intelectual é talvez a maior bênção de Deus para o homem neste mundo; esse é, principalmente, o "ganhar o pão com o suor do rosto". Quem se esforça é abençoado. Quando Josué foi posto por Deus como líder do seu povo, ouviu a recomendação: "Tão somente esforça-te e tem mui bom ânimo para teres o cuidado de fazeres conforme toda a lei..." (Js 1.7). Aquele capitão não devia ficar à espera de um "milagre"; devia "esforçar-se", criar estratégias, "usar a cabeça", formular regras.
A manutenção da vida requer dedicação intelectual, aprendizagem crescente. Isso se faz com esforço, com luta, com trabalho. Trata-se de obediência à determinação divina para a humanidade. Logo, os desanimados, os preguiçosos, os inativos por decisão própria são desobedientes a Deus. Imagine-se Josué dizendo: "Não vai dar! É difícil demais!" Seria um derrotado pela desobediência.
Nascemos para crescer gradativamente também no plano espiritual. Muitas pessoas querem se isentar do esforço para crescimento espiritual. Valem-se, de modo impróprio, da afirmação de que o "sacrifício necessário" foi feito por Jesus, na cruz. Ora, o sacrifício de Cristo somente Ele poderia fazer para a redenção de nossas almas. Foi o sacrifício redentor! Ele fez o maior de todos os esforços para ser obediente à exigência para salvação da humanidade. "...e, achando-se na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz!" (Fp 2.8).
Mas o homem não está isento de esforço para compreender as benesses divinas; tem de ampliar conhecimentos, criar ciências, conhecer sua História, conhecer seu idioma e as possibilidades de expressão; necessita do conhecimento matemático, físico, químico, geográfico, a fim de apreciar racionalmente a grandeza de Deus Criador e de louvá-lo por tudo isso. Precisa compreender o plano da salvação por Cristo Jesus, a partir de de um estudo bem feito e ininterrupto da Bíblia Sagrada.
Não se pode conceber um evangélico apático, sem espírito de dedicação, sem coragem para tomar decisão. O povo evangélico verdadeiro (não os que vivem ao redor, sem compromisso com Cristo) é sábio, destemido, empreendedor de boas coisas, porque tem a mente renovada a cada dia, conforme ensina o apóstolo Paulo: "Portanto, irmãos, rogo-lhes, pelas misericórdias de Deus, que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, porque esse é o culto racional de vocês. Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." (Rm 12.1-2) - grifos meus.. É necessário o "sacrifício", a dedicação, o esforço racional, por meio da renovação da mente, a fim de compreender toda a vontade de Deus para o ser humano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário