“Depois, (Jesus) subiu
ao monte, e chamou a si os que ele mesmo queria; e vieram a ele”. (Mc 3:
13)
O apóstolo Paulo, escrevendo a
Timóteo, informa: “Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra
almeja”. (1Tm 3:1). No confronto dessa passagem com o texto de Marcos 3:
13-19, nota-se que uma coisa é ter o desejo de alcançar função na Igreja de
Cristo Jesus; mas, outra, é ser chamado pelo Senhor da Obra; porque ele chama “os
que ele mesmo quer”, se vierem a ele. Diz o texto:
“Depois, subiu
ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram para junto dele. Então
designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar, e a exercer a
autoridade de expelir demônios. Eis os doze que designou: ...”. (Mc
3:13-16).
Os doze discípulos não decidiram,
por conta própria, incluir-se no Ministério do Senhor, nem resolveram que
atividade exerceriam no trabalho com o Mestre. Segundo Marcos, Jesus os
escolhera de acordo com a sua própria vontade; e já havia convocado
anteriormente a cinco deles: Simão, André, Tiago, e João, filhos de Zebedeu, e
Mateus, que era Levi, filho de Alfeu. (Mc 1:16-20; 2: 13-14)
É possível crer que o Senhor
percebera naqueles homens uma característica importante: os cinco tinham
atividade e a exerciam no instante da chamada. Deus não convoca homens
desocupados! Outra coisa: eles eram desprendidos, dispostos a empreitadas, por
isso “deixando tudo” o seguiram.
Jesus,
durante o seu ministério terreno, andou cercado de grande multidão, mas a
maioria dessa gente procurava bênção: o povo do tempo de Jesus queria ver
milagres e receber pão. Também procurava um líder terreno; só havia preocupação
com o que é perecível. O povo de hoje não é diferente daquele. A maioria quer
um “evangelho de resultado material”; procura o “reino da Terra”, ainda busca
uma Canaã geográfica, sem atentar para a Canaã celestial. O mais preocupante é
que eles (o povo) os encontram por aí!
Realmente, Jesus não está nisso, pois ele declarou que o seu reino não é
deste mundo.
Os
doze que o Senhor escolheu estavam entre a multidão, todavia, demonstraram mais
disposição e entusiasmo pela obra do Senhor. Claro que no coração deles ainda
não havia brotado a visão do reino celestial; o trabalho de Jesus apenas
começara. Por isso, é de se esperar que as preocupações materiais ainda
estivessem latentes em seus corações. Não eram perfeitos. Digamos que eram novos
convertidos. Entre esses novos convertidos havia um instável, que
mais tarde se perdeu: Judas Iscariotes.
A
inexperiência dos doze pode ser avaliada na passagem em que, estando em apuros
no mar, viram que o Senhor vinha para eles por sobre as ondas, e se apavoraram,
pensando ser um fantasma! A Bíblia diz que eles estavam com o coração
endurecido! (Mc 6: 45-52). Deus não escolhe os melhores aos olhos humanos:
escolhe a quem ele quer e os prepara. Glória a Deus!
O
desejo de alcançar posição na Obra do Senhor é elogiável, entretanto, há
exigências; basta ler 1Tm 3. Muitos há que almejam posição no Ministério da
Igreja por mera vanglória. Querem um título, um nome, uma cadeira para si! Os
tais estão naquela categoria de ricos, sobre os quais Jesus disse ser difícil
entrar no reino dos céus. (Mt 19:23-24). Qual a causa disso? Há algumas causas
que se podem detectar:
1.
Muitos homens que na atividade humana
exercem função de destaque; têm subordinados e decidem o funcionamento de suas
atividades ou empreendimentos, quando aceitam o Evangelho, tornam-se
impacientes por estarem subordinados à hierarquia da Igreja. Esses aspiram aos
títulos e aos primeiros lugares por carnalidade; é a turma do “sabe quem eu
sou?”;
2.
Pessoas insubordinadas e mal-educadas,
que não se conformam aos processos hierárquicos, desonram seus chefes e vivem a
criar problemas em seu ambiente profissional, sempre passíveis de demissão da
empresa, tendem a trazer esse comportamento para o seio da Igreja e, talvez, só
se sintam bem, assumindo postos no Ministério, até que tragam a próxima
confusão;
3.
Os titulados, doutores e mestres de
formação acadêmica apreciável, se não estiverem realmente convertidos a Cristo,
não suportarão a submissão eclesiástica, porque se investem da cobrança de
reverência humana a seu egocentrismo;
4.
Os pseudo-intelectuais — gente
difícil! — donos de sua verdade, que superestimam seus conhecimentos musicais,
bíblicos, eclesiásticos e doutrinários são pessoas que almejam cargos para seu
próprio engrandecimento.
A
esses, ainda que o Senhor não os tenha escolhido; um ministério sem visão pode
dar-lhes atenção e, por isso, fica à mercê de grandes prejuízos à causa do
Evangelho.
“Guardai-vos
de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por
eles: doutra sorte, não tereis galardão junto a vosso Pai celeste.” (Mt
6:1).
“Conheço
as tuas obras, que nem és quente nem frio. Quem dera fosses frio ou quente!
[...] Pois dizes: estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem
sabes que é infeliz, sim, miserável, pobre, e cego, e nu”. (Ap 3: 15-17).
Não basta desejar o episcopado; é
necessário apresentar pré-requisitos exteriores e interiores. Os pré-requisitos
interiores são os que revelam os exteriores não-falsificados. Paulo resume
essas características, quando usa o adjetivo: irrepreensível (1Tm 3:1).
O aspirante deve ser irrepreensível, primeiramente, quanto à fidelidade ao
Senhor e à sua obra. Seu trabalho deve ser desprendido de intenções pessoais.
Esse aspirante continuará seu trabalho, ainda que seu credenciamento demore,
ou mesmo não venha nesta vida, pois ele almeja servir tão somente a
Deus, que, por fim, o galardoará! Comportando-se assim, será também
irrepreensível com relação aos que o cercam.
O apóstolo Paulo humildemente
declara: “Sou grato para com aquele que me fortaleceu, a Cristo Jesus, nosso
Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim que
noutro tempo era blasfemo, e perseguidor e insolente. Mas obtive misericórdia,
pois o fiz na ignorância, na incredulidade”. (1 Tm 1:12-13). Paulo
não se pôs orgulhosamente; mas disse que Jesus Cristo o considerou fiel.
É necessário que a nossa fidelidade seja avaliada por Cristo Jesus.
Quem aspira ao episcopado deve estar
pronto para ser escolhido e, necessariamente, segue a recomendação do apóstolo:
“Medita estas cousas, e nelas sê diligente, para que o teu progresso a todos
seja manifesto. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres;
porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes”.
(1Tm 4:15-16).
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