sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

PROBLEMAS DO "EVANGELIQUÊS" INCONSEQUENTE

Crentes também “pegam” manias; e com frequência. Grande parte delas se concentra na área do vocabulário. Chamamos de gíria o falar específico, particular, de um grupo profissional ou social. Dessa forma há a gíria médica, a gíria jurídica; mas também há a gíria dos trabalhadores rurais, dos mecânicos, dos pedreiros, dos estudantes e... dos crentes! Entenda-se, a priori, que gíria não é o nome que se deve usar para classificar apenas uma linguagem despudorada ou de baixo nível.
Não há qualquer erro na existência desses falares. Eles funcionam como elementos de integração e de identificação do falante no seu grupo. Há professores que se têm dedicado à pesquisa nessa área. O problema aqui abordado não é o da “gíria”, em si, mas da inconsequência do falante.
Ainda nesta semana, dirigi-me a um irmão que não frequenta a Escola Bíblica Dominical (!) e lhe disse: “Esperei o irmão para a nossa Escola Dominical!” A resposta veio rápido (eu não quis dizer “rapidamente”): “Deus vai preparar, irmão.”
Cá entre nós, o que ele quis dizer com essa frase? Terá pretendido dizer que Deus vai prepara uma oportunidade para que ele saia de sua casa e se dirija ao templo, para se reunir conosco no precioso estudo da Palavra? Absurdo! Isso é o “evangeliquês inconsequente”.
Bem que poderia enumerar aqui grandíssimas “pérolas” desse linguajar de crentes. Não são poucas as vezes que diante de uma notícia desagradável, parte dos presentes à reunião levanta a voz num sonoro e irresponsável “Glória a Deus!”. Contaram-me que um pastor informou a igreja sobre o falecimento de um irmão. Mal terminara de dar a notícia, ecoou no templo um alegre “Glóóória!”. O pastor, felizmente, exortou os fervorosos, dizendo que o momento era de se fazer um respeitoso silêncio.
Muitas vezes, no decorrer de uma pregação exortativa, há alguém mais exaltado que grita a famosa frase “Fala Deus!”. Talvez a pessoa queira com isso lembrar o vizinho de banco de que a mensagem lhe cabe como uma luva!
É tão forte o “evangeliquês”, mormente no meio pentecostal, que muitos se escandalizarão ao ouvir de seu irmão um suave “bom dia!”. O pobre logo será tachado de desviado! O cumprimento habitual tem de ser usado, ainda que se tenha tornado uma expressão vazia na boca de muita gente.
Claro que não estou anulando a maravilhosa saudação com o desejo sincero de que a Paz do Senhor Jesus esteja com meu irmão. Refuto o falar inconsequente.
Creio que por força desse desgastado “evangeliquês”, muita gente não tem se alimentado da Palavra que é ministrada, do mesmo modo que automaticamente abre o hinário e “canta” o hino congregacional. Que diz a letra? É louvor? É adoração? É súplica? Sem dúvida uma resposta honesta dirá que não percebeu.
Se nos preocupássemos menos com o “evangeliquês”, que em muitos veste uma capa de “santidade”, e nos ativéssemos mais ao conteúdo das nossas expressões, saudações, mensagens e hinos, o nosso aproveitamento espiritual seria muito maior. Com menos “evangeliquês” e mais atenção ao que dizem, de fato, as palavras, a igreja de nosso tempo seria mais sadia. Vale muito pensar no assunto, certo? Fiquem na Paz do Senhor Jesus Cristo!

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