domingo, 2 de janeiro de 2011

PERGUNTAS À ESQUERDA

Causa grande tristeza notar-se que os homens desatentos à Palavra de Deus convivem em tranquilidade com sua natureza carnal, o que os torna terrivelmente perigosos. Uma das facetas dessa carnalidade se revela na formulação de perguntas cheias de intenções malévolas, porém, encapadas com os panos da ingenuidade. A essa espécie de pergunta é que chamo de “perguntas à esquerda”.
O Senhor Jesus desmascarou os hipócritas que sutilmente vinham testar o seu ministério terreno. Os fariseus eram especialistas nas “perguntas à esquerda”. Certa ocasião, aproximou-se do Mestre um jovem rico, chamando-o de “Bom Mestre”. Bem que Jesus poderia aceitar o deslavado elogio; mas, percebendo a intenção bajuladora de quem buscava uma resposta que lhe fosse conveniente, desmascarou-o (Lucas, 18: 18-19).
Os fariseus, como já afirmei, sempre formulavam “perguntas à esquerda”, porque esperavam apanhar Jesus nalguma falha. Aquelas perguntas não buscavam esclarecimento algum: eram armadilhas da carnalidade humana. A Bíblia manda que o crente tenha discernimento, dado pelo Espírito Santo, a fim de que não seja ludibriado (Hb 4: 12-13; 5: 14).
Há grande perigo no trabalho de evangelização desprovido de discernimento, uma vez que há corações endurecidos e maldosos, capazes de enfraquecer a pregação do Evangelho não revestida do discernimento espiritual. Esse problema só uma vida em oração resolve.
Os programas radiofônicos evangélicos costumam abrir espaço para perguntas dos ouvintes. Aí ocorre todo tipo absurdo. Alguns, dizendo-se crentes (!) fazem perguntas tão absurdas quanto à vida cristã, que não dá para aceitá-los como crentes. Talvez lhes falte ensino bíblico; mas, quem os alimenta, então?
Essas perguntas, às quais me refiro, revelam absoluta ignorância bíblica. A cura para elas está na recuperação dos cultos de ensino bíblico (que saudade!) e incentivo à frequência às aulas das Escolas Dominicais.
Há, entretanto, as “perguntas à esquerda”: aquelas encapadas por um falso interesse cujo objetivo é enredar o atendente. Essas não são feitas por ignorância bíblica; na maioria das vezes, bem ao contrário. Ora, se considerarmos que Jesus Cristo nos ensinou a enfrentar tais situações, convém imitá-lo.
A Igreja Primitiva muito sofreu com a introdução de heresias trazidas por falsos seguidores da Palavra de Deus, os quais buscavam destruir a genuína fé cristã. Paulo não deixou de atacar seriamente aqueles deturpadores da Palavra, mostrando que sua pregação não consistia em palavras exuberantes, marcadoras do conhecimento humano (que ele tinha!), mas “em demonstração do Espírito e de poder” (I Coríntios, 2: 1-4). Por causa da indução ao erro à qual se submetiam, Paulo chamou os gálatas de insensatos! (Gálatas, 3: 1-3).
Hodiernamente, há grande preocupação com os estudos hermenêuticos da Bíblia, mas há um enfraquecimento na busca da iluminação do Espírito Santo. Tal fato expõe o crente às “perguntas à esquerda”, formuladas com base em processos indutivos da resposta.
A falta de conhecimento hermenêutico e, por conseguinte, exegético, regado pela iluminação do Espírito Santo, faz que o homem se ensoberbeça, apoiado num conhecimento produzido pela sua própria carnalidade; mas enfraquece-o, diante da astúcia do seu opositor. Quem capacita, de fato, o defensor da Palavra de Deus é o Espírito Santo que nos ensina tudo quanto devemos dizer. (Lucas 12: 12).
Convém que estejamos bem atentos, nestes dias em que a sabedoria humana é supervalorizada; dias em que há indisfarçável guerra intelectual, projetando o orgulho e a concupiscência dos homens desprovidos da Verdade, os quais procuram gerar conflitos no entendimento do próximo, levando-os à derrota.
Busquemos a sabedoria espiritual, a inteligência que vem do alto, recomendada por Salomão, quando diz: “Filho meu, se aceitares as minhas palavras e esconderes contigo os meus mandamentos, para fazeres atento à sabedoria o teu ouvido, e para inclinares o teu coração ao entendimento; e, se clamares por entendimento, e por inteligência alçares a tua voz, se como prata a buscares, e, como a tesouros escondidos a procurares; então, entenderás o temor do Senhor e acharás o conhecimento de Deus. Porque o Senhor dá a sabedoria, e da sua boca vem o conhecimento e o entendimento”. (Provérbios, 2: 1-6).

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