Não restam dúvidas de que todos os crentes (em certos casos não é prático usar o nome “evangélico”) têm consciência de sua cidadania. A cidadania envolve obrigações para com o Estado que resultam direitos. Considerando-se que muito facilmente as pessoas se aplicam à exigência de direitos, é conveniente comentar sobre as obrigações, isto é tratar dos deveres.
O Senhor Jesus ordenou que se desse a César — governo humano, terreno, administrativo — o que lhe pertencesse. A Deus, o que lhe pertence. Há alguns anos, ouviam-se vozes cristãs que pretendiam isentar o crente de sua obrigação para com a administração pública; mas esse comportamento, como já se viu, não é bíblico. O melhor patriota é o servo de Deus; porque, estando, de fato, nessa condição, fará aquilo que o próprio Deus lhe exige, por meio das Sagradas Escrituras.
Num sistema democrático, é prerrogativa do cidadão a escolha de seus representantes políticos. Portanto, um crente não deixa de votar. Necessariamente providencia a escolha de sua preferência. Crente não faz voto nulo!
Aliás, é uma prática mentirosa dirigir-se à seção eleitoral, apresentar o Título de Eleitor, dirigir-se à cabine indevassável e sair de lá como se tivesse escolhido alguém. Quer dizer: legalmente votou; mas, de fato, não votou. Então mentiu! Ora, a mentira é imoralidade. Uma das características de um verdadeiro crente é o compromisso com a moralidade. Crente não se dispõe a mentir.
Já que não aceita a imoralidade, o crente se dedica a escolher seus candidatos. Exclui todos os que por causa do passado não são recomendáveis aos cristãos: ladrões, corruptos, corruptores, defensores de causas anticristãs etc. O crente exclui esses candidatos e, obviamente, desconsidera os partidos que os apoiaram.
Crente não vota em profissionais decadentes do meio artístico que, para garantirem seus vencimentos, candidatam-se a cargos políticos. Crente não vota em reles humoristas que denigrem a boa conduta familiar, social e cristã.
Muitas igrejas (vivemos no mundo material) indicam nomes que se propõem a defender os interesses materiais de suas administrações. Sendo o crente um companheiro das lutas da denominação, é impossível que não apoie a indicação. Cabe, sim, apoiar, porque, afinal, é um membro da igreja; logo, é de se crer que esteja afinado com as diretrizes. Esse não é um lado espiritual da organização eclesiástica. Ainda não moramos no Céu, coisa a que tanto aspiramos.
Enfim, a escolha de um candidato exige preocupação com o passado honesto, pelo equilíbrio ético, pela capacidade e experiência administrativa. O crente também não segue a falaciosa informação de que “crente vota em crente”. Crentes são os que se preocupam com sua relação com Deus; isso, entretanto, nada tem com capacidade administrativa. Não se mistura, nesse sentido, a tarefa de servir a Deus com a tarefa de administrar coisas materiais. Um bom crente pode ser um mau político!
Estando a poucos dias da grande tarefa nacional, não é oportuno que os crentes se esquivem da digna tarefa da eleição, a qual por ser digna, envolve inegociavelmente a igreja. Chega a hora da decisão que precisa da bênção de Deus chamada discernimento. Esse, por sua vez, só é dado por meio da oração que rega o bom senso, a formação política e a disposição de se preocupar com uma pátria mais justa.
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