Não é todo dia que a vida nos proporciona satisfação e alegria. Há muitos momentos pesados, cheios de incertezas e descontentamentos. Nem sempre o vento sopra a favor de nossas pretensões. Essas circunstâncias costumam ferir nossa personalidade, abater nossas forças, expor nossas inseguranças, quebrantar nossas convicções. Quantos sentimentos de derrota nos invadem!
Em tais ocasiões vêm-nos todos os pensamentos de desistência da jornada; a palavra que nos vem à boca seca é “chega!”. Parece que descartar o (s) problema (s) é a mais correta das soluções ou, talvez, a única. Parece mesmo que a questão se localiza apenas fora de nós; então, se a descartarmos, nos reencontraremos em felicidade.
Entretanto, os problemas que nos afligem entranham-se em nós, já que nos abalam e ferem. São espinhos que se encravam no ferimento. A alma ferida não se cura a si mesma; antes, deteriora-se.
O salmista anônimo dialogou com a sua alma abatida e perguntou-lhe: “Por que estás abatida, minha alma, em mim? Por que estás assim tão perturbada?” (Sl 42: 5) O Senhor Jesus, em seu sofrimento disse: “A minha alma está cheia de tristeza até à morte.” (Mt 26:38) Não há em nós mesmos fuga para o abatimento da alma.
Que fazer nesses momentos pelos quais todos os homens passam? Muitos abandonam a fé, concluindo que não vale a pena trilhar esse caminho, já que, na condição de salvos em Cristo, não poderiam ter dissabor algum. Para que observar os caminhos do Senhor, se passo por tantos dissabores? Baseados nesse ponto de vista, vêem no caminho mundano as melhores soluções para seus desgastes: explosões de ódio, bebedeiras, substituição da crise por algumas sensações de alegria etc.
Será essa a opção inteligente? Realmente esse desvio trará a paz almejada? Obviamente, não. Primeiro porque é solução forjada numa falsa premissa: ser salvo não significa estar isento dos problemas terrenos. Quem estrutura sua decisão num raciocínio contestável, colherá mais mau resultado ainda.
O caminho da paz é outro: reconhecimento de que as crises são inevitáveis e ânimo para enfrentá-las. Jesus ensinou que haveria tribulações para os seus filhos, mas recomendou “bom ânimo”. Ele já venceu os problemas, por isso, tem condição de servir de modelo para os crentes!
Só atravessaremos o mar revolto da vida, revestidos de bom ânimo. O ânimo não vem de nós. É anormal pedir ânimo ao abatido. O ânimo é obtido através de um estado de confiança no resultado: a fé. Por meio da fé, na hora do abatimento, Deus nos confere ânimo para o combate. A fé e o ânimo são dons de Deus!
Ora, o ânimo nos faz prosseguir no difícil caminho, porque através dessa disposição olhamos para o resultado, não para o percalço. Quem desiste da jornada por causa dos espinhos não crê no objetivo. Tem caráter fraco.
Para ser crente é preciso ter caráter forte. Esse caráter forte não é o natural do homem, mas o recebido de Cristo. O crente — que é nova criatura em Cristo — adquiriu o caráter do Senhor e sabe por que lhe vêm males. Pode até abalar-se com eles; mas, sua nova personalidade não lhe permite deserção.
Na hora dos ataques, o inimigo do bem sopra a receita da deserção, porque ele deseja, lá na frente, chamar o crente de fraco; pretende rir dos filhos de Deus. Mas os sábios não ouvem a sua voz. Prosseguem, ainda que entre espinhos. Há um prêmio, há um galardão para aquele que vencer.
É muito difícil ser crente; o vencedor, porém, receberá o prêmio de seu bom caráter. Amém!
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