Proponho-me, aqui, a levantar uma questão da mais alta
importância no ambiente cristão evangélico, principalmente, no ambiente
pentecostal conservador. O uso desse adjetivo não envolve crítica, nem elogio:
a Igreja cristã evangélica que se pauta pelas Escrituras Sagradas tem de ser
absolutamente conservadora; caso contrário, não lhe cabe ser chamada de
pentecostal.
Entretanto, inicialmente, levanto uma pergunta; o que
significa ser “igreja conservadora”? Sem dúvida, creio que é desnecessário
dizer que, neste caso, o adjetivo não envolve, aprioristicamente, a escolha do
traje, nem o gosto pelos adornos que possam agradar aos afiliados às
mencionadas igrejas; ressalvando, contudo, que aqueles que não têm bom senso
nesse aspecto ficam excluídos dessa consideração. O que é, então, ser uma
“igreja conservadora”?
Ora, conservadora é a igreja que se mantêm nos princípios
apostólicos; e, para garantir essa posição, é imprescindível que ela mantenha
acesa a chama do estudo bíblico dos evangelhos e das epístolas, pois esses
textos concentram a essência do viver cristão, que, de modo algum, privilegia o
que possa pensar, à parte das Escrituras, qualquer que seja a liderança, por
mais antiga que seja. Aqui, de fato, trato da questão que encabeça esta página:
Pastores não são capatazes; são protetores
das ovelhas!
O evangelho, além de não se prender a tradições
extrabíblicas, designa os pastores como homens dados à igreja (não o
contrário) por decisão de Deus, com a finalidade de aperfeiçoá-la “para a obra
do ministério e edificação do corpo de Cristo.” (Ef 4.12). A igreja tem
ministério (Mt 28. 19-20)! Os pastores devem aperfeiçoá-la para essa tarefa!
Assim, pastores servem às ovelhas; logo, eles têm de ser amigos delas, não
capatazes, no mau sentido da palavra.
Porém, ao contrário disso, pelo que se vê
frequentemente, tem surgido uma categoria de líderes posicionados entre o pastorado e o mercenarismo. A Bíblia deixa claro que ninguém pode servir a dois
senhores; isso também quer dizer que a adoção de uma dupla maneira de conduzir
o rebanho de ovelhas de Cristo (o rebanho não é propriedade deles, cf. Jo 21.
15-17), é detestável ao Senhor da Igreja.
É evidente que boa parte dos líderes pentecostais tem
misturado a essência do viver biblicamente cristão com os interesses
hierárquicos deste mundo. Porém, certa vez, os discípulos de Jesus decidiram
disputar posição hierárquica na “igreja-protótipo”; Jesus repreendeu-os com uma
claríssima exortação, que transcrevo:
“E chegou a
Cafarnaum e, entrando em casa, perguntou-lhes ‘Que estáveis vós discutindo pelo
caminho? Mas eles calaram-se, porque, pelo caminho, tinham disputado entre si
qual era o maior. E Ele, assentando-se, chamou os Doze e disse-lhes: ‘Se alguém
quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos...”
(Mc 9. 33-37; Mt 18. 1-14; Lc 9-46-48. RC 1995)
Aqueles discípulos, à maneira dos homens deste século,
disputavam avidamente posições hierárquicas. Foram repreendidos por Jesus!
Outra passagem relata que dois discípulos queriam lugar privilegiado no Reino
de Deus; mas Jesus os exortou dizendo que os que governam os povos sobrepõe-se,
soberbos, aos governados e que homens considerados importantes têm poder sobre
as nações...
“... Não será assim
entre vós. Ao contrário, quem desejar ser importante entre vós será esse o que
deve servir aos demais. E quem quiser ser o primeiro entre vós que se torne
vosso escravo. Assim como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas
para servir e dar a sua vida como único resgate por muitos.” (Mt 20. 26-28.
KJA 2012)
Essas anotações devem, em caráter de urgência,
levar-nos, os pastores, a um decidido retorno às Escrituras. Pastores não têm igrejas; igrejas têm
pastores, os quais devem respeitar a bênção que Deus lhes concedeu: a de
trabalhar, segundo instruem as Escrituras, pelo aperfeiçoamento dos santos,
para a obra do ministério, que é a pregação do evangelho, também pelas ovelhas;
e para a edificação do corpo de Cristo... (Ef 4.11-15). A função pastoral é
vista sob dois aspectos: como preparadora da igreja como mensageira do
evangelho e como edificadora do corpo de Cristo.
Questiona o apóstolo Paulo: “... Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele
de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão se
não forem enviados?...” (Rm 10. 14-15a)
Roguemos ao Senhor para que o Santo Espírito abra os
olhos dos ministros que, já manifestamente, estão em falta com os seus deveres
pastorais, para que retornem do mau caminho por onde têm andado, conformados
com os interesses deste século (Rm 12. 2).
Esse será um grande passo para que toda a Igreja do
Senhor viva nos padrões bíblicos, “crescendo na graça e no conhecimento de
Jesus Cristo.” (2Pe 3.18).
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