sábado, 30 de abril de 2022

JESUS NÃO ESTÁ VOLTANDO!





“E nós, cooperando também com ele, vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão (porque diz: ‘Ouvi-te em tempo aceitável e socorri-te no dia da salvação; eis aqui, agora, o tempo aceitável; eis aqui, agora, o dia da salvação;...’” (2Co 6.1-2)



Introdução

Convém que observemos os versículos em que o apóstolo Paulo relembra o trecho da profecia de Isaías, sobre a vindoura restauração da nação de Israel (Is 49.8). Entretanto, a mesma profecia faz referência a um tempo de Salvação para toda a humanidade, por meio da vinda do Messias.


No capítulo 6.1-2, da Segunda Epístola aos Coríntios, Paulo orienta os crentes para que não menosprezem o incalculável valor da graça de Deus (v.1), mas, para que percebam que “aqui e agora” está o tempo aceitável; “aqui e agora” está o dia da salvação (v.2), deixando subentendido que esse dia terminará.

A Igreja que anuncia o evangelho de salvação precisa intensificar a sua atuação, pois ela opera em tempo restrito: no dia aceitável.


  1. JESUS NÃO ESTÁ VOLTANDO


Se considerarmos a natureza do nosso idioma, perceberemos que as formas verbais no gerúndio (falando, vendo, partindo...) servem para expressar processos em andamento; processos que tiveram um início e se prolongam no decurso do tempo. Quando se está num trajeto, em direção a um ponto, podemos dizer: “Estou chegando.”. Isso, além de boa desculpa para os descumpridores de horário, não quer dizer que a chegada seja iminente nem inesperada.


Não vejo a vinda do Senhor Jesus como um processo; mas como um evento que se dará rápido, repentino, surpreendente e glorioso.


“Porque assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será, também, a vinda do Filho do Homem.” (Mt 24.27)


Podemos ver sinais para relâmpagos, em nuvens carregadas – e os vemos – mas não podemos marcar o momento em que eles ocorrerão. Os sinais dos tempos não dizem que Jesus “está voltando”. Eles nos lembram de que Jesus voltará.


  1. UM PROBLEMA NA EVANGELIZAÇÃO


Creio, ainda, que há certa incorreção – generalizada - na propagação da mensagem salvadora ao mundo incrédulo. Geralmente, grande parte dos crentes, talvez, temerosos de apontar o pecado, com a necessária ênfase, comunicam ao pecador inconverso: “Jesus está voltando!”.

Na verdade, por causa do desconhecimento da Palavra de Deus, essa informação não gera arrependimento de pecados; gera pilhéria ou discussão infrutífera.

A mensagem mais importante e mais urgente para esse mundo não é o arrebatamento da Igreja, nem o retorno do Senhor Jesus; pois o Senhor ordenou à Igreja fazer discípulos, ensinando-os a guardar tudo quanto ele mandou. (Mt 28.19-20)

Cabe aos crentes pregar o arrependimento dos pecados para a conversão ao evangelho de Cristo. Foi isso que João Batista anunciou. Foi isso que Jesus anunciou. Foi isso que Pedro anunciou. Foi isso que Filipe anunciou. Foi isso que Paulo anunciou. É isso que o crente deve anunciar!


“E, naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judeia; dizendo: ‘Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus.’” (Mt 3.1-2)


“Desde então, começou Jesus a pregar e a dizer: ‘Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus.’” (Mt 4.17)


“E disse-lhes Pedro: ‘Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.’” (At 2.38)


“Mas, como cressem em Filipe, que lhes pregara acerca do Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens quanto mulheres.” (At 8.12)


“E assim, quanto a mim, estou pronto para também vos anunciar o evangelho, a vós que estais em Roma. Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê...” (Rm 1.15-16)


  1. APRENDER PARA DISCIPULAR


Na vida secular, não basta ao trabalhador ter “vontade de fazer”. O preparo para atuar antepõe-se à decisão de atuar. Os trabalhadores despreparados causam prejuízos à empreitada. Assim, o crente que não se dispõe a ser discipulado jamais estará apto para a obra para qual foi convocado. 


Todo crente foi convocado para a obra do Reino de Deus; isso significa que todo crente está automaticamente inscrito para o discipulado. Velho ditado diz que aquele que não se assenta para aprender, não pode levantar-se para instruir. Isso é bíblico! O apóstolo Paulo relembra a “escolaridade cristã” pela qual passou o pastor Timóteo:


“... trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Loide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti. [...] Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes, participa das aflições do evangelho, segundo o poder de Deus.” (2Tm 1.5;8)


“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” (2Tm 2.15)


“Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de que o tens aprendido. E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Jesus Cristo.” (2Tm 3.14-15)




Conclusão


A partir dessa reflexão é possível compreendermos a carência da maioria dos crentes, em todas as igrejas, no que se refere ao cumprimento da ordem do Senhor, exarada no evangelho de Mateus 28.19-20.

Temos tido grande preocupação com a nossa denominação, com o nosso ministério, com a nossa liturgia e com os nossos costumes. Preparamos a nossa “sala de reunião semanal”, que é o templo, para uma reunião exclusivamente familiar. Aliás, até chamamos de “Culto da Família”! Fazemos o “nosso culto”, no sentido mais restrito do termo. Não olhamos para fora do arraial, nem nos preocupamos com isso. Porém, lá fora, pessoas perecem na ignorância do evangelho, só porque elas não são do nosso meio!

Precisamos sair da inércia, do habitual, da noção do “sempre foi assim”, porque não foi! Nossos antepassados iam às ruas para levar aos homens a mensagem salvadora da cruz. Somos fruto do trabalho daqueles ancestrais. 

De modo geral, tornamo-nos preguiçosos para o ensino bíblico e para a aprendizagem. As Escolas Bíblicas (pentecostais, sobretudo) tornaram-se uma vergonha por causa do desinteresse.

Os governos, alheios ao cristianismo, vedaram a propagação do evangelho nas praças, e, nós, jamais nos opusemos a essas proibições. Acatamos, silenciosos, porque nos sentimos confortáveis com as programações de rádio e de televisão, onde se mistura o falso com o verdadeiro.

Que cada um de nós acorde para o preparo bíblico necessário. Que tenham espaço aqueles a quem Deus mesmo deu por mestres à igreja. Que haja discípulos como os que Paulo encontrou em Bereia. Que haja um retorno à efetiva propagação da mensagem da cruz.


“... Quando, porém vier o Filho do homem, achará fé na terra? (Lc 18.8)


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Translate:

Pesquisar este blog

• Arguivo do blog