domingo, 20 de fevereiro de 2022

FIGOS BONS E FIGOS RUINS NÃO SÃO NOVIDADE






Um trecho do capítulo 24 de Jeremias registra uma visão que teve o profeta; ele viu, diante do templo do Senhor, dois cestos com figos. Diz o trecho:

 

“Então, o Senhor Deus mostrou-me dois cestos de figos, colocados diante do Templo do Senhor... Um dos cestos continha figos muito bons, como os que amadurecem logo no princípio da colheita; os figos do outro cesto eram ruins, amargosos, e intoleráveis ao paladar.

Então, o Senhor Deus me indagou: “Que vês, Jeremias?” E eu respondi: Figos. Os bons são muito bons; mas os ruins são insuportáveis.” (Jer. 24. 1-3. Bíblia KJA).

 


Mateus 13. 47-50 (KJA)



“O Reino dos céus é ainda semelhante a uma rede que, lançada ao mar, recolhe peixes de toda espécie. E, quando está repleta, os pescadores a puxam para a praia. Então se assentam e juntam os bons em cestos, mas jogam fora os ruins.

Assim também ocorrerá no final desta era. Chegarão os anjos e irão separar os maus de entre os justos. E lançarão os maus na fornalha ardente; e ali haverá grande lamento e ranger de dentes”.



Introdução


Uma das parábolas de Jesus mais conhecidas é aquela do joio e do trigo, registrada em Mateus 13. 24-30.

Normalmente ela ilustra as pregações que se referem à expansão do evangelho pelo mundo afora e para a colheita de almas para o Reino de Deus. Entretanto, nesta meditação, eu pretendo associá-la à formação da igreja militante.


As duas leituras iniciais conduzem a nossa atenção para a formação da igreja na Terra; uma formação que nem sempre chama a nossa atenção.


Na verdade, a igreja militante é esta, que trabalha para a construção do Reino dos céus; ela atua no mundo e pode ser comparada a uma rede que o pescador lança ao mar. Quando a trazem para a terra, entre os peixes, vêm muitas coisas inservíveis. Assim, a rede é uma figura para a igreja militante.


A igreja (rede) não pode selecionar o que apanha; porém, na hora da escolha, os pescadores separarão o que serve do que não serve. Essa prática também me lembra o antigo trabalho familiar de catar feijão. Comprava-se o feijão; mas, na hora de prepará-lo, fazia-se a cata, a separação dos grãos de qualidade. Pedriscos e outras impurezas iam para o lixo.


Se nós temos inclinação para selecionar o que é saudável, o Senhor, que é santo e perfeito, separará para si o que é bom, e destruirá o inservível. Jesus foi claro quanto a isso, quando propôs a parábola referida dos peixes e a do joio no meio do trigo.


É essa separação, cuja hora pertence somente ao Grande Pescador, o qual encerrará a atividade da Igreja Militante neste mundo e abrirá as portas para a Igreja Triunfante.



  1. “SUPORTANDO-VOS UNS AOS OUTROS”


Imagine-se que algum peixe, apanhado na rede em que estão também coisas inservíveis, quisesse abandoná-la, por achar-se melhor do que tudo aquilo que ali está. Muitas pessoas não se acertam nas igrejas, porque pensam, de si mesmas, mais do que lhes convém pensar. Por isso, vivem de igreja em igreja, à cata da que lhes pareça perfeita. Onde qualquer pessoa estiver, ali estará a imperfeição; ela é a nossa sombra.


No contexto da igreja militante, nenhum membro pode achar-se melhor, nem mais perfeito do que qualquer outro. O próprio Senhor é quem avaliará cada um, no Dia em que separará os bons dos maus. O apóstolo Paulo ensina que ninguém deve pensar de si mesmo mais do que lhe convém. No Reino do Senhor, o maior é aquele que serve ao menor. (Lucas 22. 24-38).


“Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus que Deus repartiu a cada um.” (Rm 12.3)



Ainda que o crente perceba um irmão mais fraco, não lhe cabe fazer avaliação depreciativa. O apóstolo dos gentios sabia quem eram os fracos, mas não os discriminou; decidiu ganhá-los, sem se fazer de arrogante com eles. Paulo transferiu-nos a fórmula de nos suportarmos mutuamente:


“Fiz-me fraco para com os fracos, a fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns.” (1Co 9.22-23)



  1. HÁ DE TUDO NAS REDES DE PESCA E NAS IGREJAS


O profeta Jeremias teve a visão de dois cestos com figos, diante do templo do Senhor. Ora, ambos os cestos traziam frutos provindos de figueiral, tais como crentes são provenientes da igreja militante.


Porém, os figos bons estavam separados dos maus. Existem mãos para separar os bons dos maus. Não foram os figos bons que julgaram os figos ruins; entretanto, eles não permaneceram juntos. Há cestos diferentes em que o Senhor vê os bons e os ruins.

O salmista Davi, falou, profeticamente, sobre a sua própria casa: “Aquele que usa de engano não ficará dentro da minha casa.” (Sl 101.7)


Somente os pescadores separam os peixes bons dos peixes ruins; somente os anjos são qualificados para a tarefa da separação que será feita entre os homens. Cessará a oportunidade para os ruins; seu destino, então, será a fornalha de fogo ardente, disse Jesus.


Na parábola do semeador, os lavradores foram impedidos de arrancar o joio, cuja planta se assemelha à do trigo, para que, porventura, eles não arrancassem alguma planta de trigo por engano.


A falta de discernimento na igreja militante leva muita gente a confundir crente fraco com crente ruim. Há grande diferença entre eles!

O crente fraco carece de apoio, sustentação, ensino, acompanhamento fraternal visando ao seu crescimento espiritual.

Por sua vez, o crente ruim, comparado aos figos ruins, intragáveis, vistos por Jeremias, ainda existem na igreja.

Eles também vieram na rede; mas são peixes que não servem; por isso, na separação, eles serão descartados, se permanecerem nessa condição.

A falta de se discernir entre o fraco e o ruim gera igreja problemática e, muitas vezes, leva-a a grande queda.


Quando o apóstolo Paulo recomendou, na Carta aos Colossenses 3.13, que os crentes se suportem mutuamente, ele se refere a suportar os fracos (suportáveis); não os ruins (insuportáveis). Suportar os ruins é ser conivente com eles.


Nunca se espantem por haver problemas na igreja. Na plantação de trigo há joio. As parábolas que já mencionei respondem claramente a essa questão. Se não existissem crentes ruins na igreja, Jesus não teria mencionado isso.


Conclusão

Diante do exposto, é possível compreender que é inútil a procura de “uma igreja perfeita”, porque todas são formadas de seres humanos que são, obviamente, imperfeitos.


A luta do cristão não é para manter-se perfeito; porque não há homem perfeito. A luta do cristão é para aperfeiçoar-se dia a dia.


“... até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.” (Ef 4.13 - grifo meu) 



Dessa forma, toda igreja militante é imperfeita, congrega trigo e joio, congrega fortes e fracos. Congrega figos bons e figos ruins. Porém, a união recomendada pelas Escrituras deve observar quais são os crentes fracos, para suportá-los com ensino e acompanhamento fraternal, como orientou o nosso Senhor Jesus Cristo:



“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.” (Jo 13.34)



Quanto aos ruins, devemos insistir para que abandonem o seu mau caminho; porém, se persistirem na sua impiedade, ainda que se infiltrem no seio da igreja, devem ser gravemente exortados. Jesus disse o que lhes acontecerá:


“... Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro.” (Mt 13.28-30 - grifo meu)


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