Introdução
A euforia humana, revelada num sentimento de
prestígio pessoal merecido, nunca abandonou o homem natural (1Co 2.14). Esse
sentimento que faz o homem sentir-se privilegiado em relação aos seus semelhantes
causou muitos problemas ao povo de Deus; os próprios discípulos do Senhor Jesus
criaram situações embaraçosas, por causa das disputas sobre quem, entre eles, seria
mais importante. (Mt 18.1)
O apóstolo Pedro, particularmente, achava-se
sempre em condições melhores para enfrentar as dificuldades que atacam todas as
pessoas; e as derrotas que ele sofreu não eram suficientes para livrá-lo de tal
orgulho. Somos assim. Julgamo-nos mais fortes, mais preparados para a luta,
temos muita inteligência e as melhores estratégias na hora das dificuldades.
Por isso, a todo instante apelamos para o versículo: “... Quem será contra nós?
É natural que sejamos assim, desde os nossos
primeiros pais, que, um dia, pretenderam – por astúcia do diabo – ter conhecimento
do que é o Bem e do que é o Mal. Porém as coisas não funcionam segundo esse
nosso enganoso coração.
O Senhor Jesus sempre esteve atento a essa
característica humana. Certa feita, um moço rico aproximou-se do Mestre, para
saber como herdar a vida eterna; todavia, o seu coração estava cheio de
presunção. Jesus colocou-o em tal situação que ele, em vez de reconhecer a sua
miserável condição, retirou-se pesaroso. (Mt 19.16-22 KJA). Não menos
instrutivo foi o encontro que o Senhor teve com o importante mestre em Israel,
Nicodemos. (Jo 3.1-10 KJA)
Nossa soberba atinge pontos altíssimos, porém,
mui perigosos para uma grande queda.
1. QUEM SERÁ CONTRA NÓS?
Um dos erros mais graves na abordagem de um
texto bíblico nasce na aplicação dele, sem se considerar o seu contexto. Jamais
devemos tomar do texto - muitas vezes, até de todo o livro - uma parcela isolada
do seu âmbito contextual, a fim de garantir o nosso pseudorraciocínio sobre um
assunto. Essa prática pode desmontar qualquer pretenso argumento.
Na Epístola
aos Romanos, o apóstolo Paulo canta um lindo hino de vitória, no capítulo
8.31-39. Entretanto, a que vitória o apóstolo se refere? Não é raro que muitos
crentes tomem, para se sentirem agraciados ou superprotegidos em suas lides
terrenas, uma parte do versículo 31, que diz:
“... Se Deus é por
nós, quem será contra nós?” (KJA)
É absolutamente impossível o emprego dessa
segunda parte do versículo, sem que se verifique a primeira parte. Sobre que o
apóstolo discorre, ao fazer essa afirmação? Caso contrário, invalidamos a
afirmação paulina; antes ele pergunta: A
que conclusão chegamos diante destes fatos? Quais fatos?
Se tomarmos apenas o versículo 18: “Estou absolutamente convencido de que os
nossos sofrimentos do presente não podem ser comparados com a glória que em nós
será revelada.”, já temos uma boa noção de que a referência do apóstolo é a
confiança na providência de Deus, para que suportemos
as dificuldades desta vida, conscientes de que os males destes dias são
infinitamente pequenos, diante da gloriosa herança que nos está preparada.
Paulo trata, praticamente, em todos os
capítulos anteriores da benevolente Salvação propiciada por Deus, tornando-nos,
ainda nesta vida, mais que vencedores
(v.37). Não há necessidade, por ora, de, neste texto, buscarmos mais dados (e
há) que demonstrem o teor da pergunta mencionada: “Quem será contra nós?”
2. DEUS É POR NÓS, POR CAUSA DE CRISTO JESUS
“Porquanto, aqueles
que antecipadamente conheceu, também os predestinou para serem semelhantes à
imagem do seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E
aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes
igualmente justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou.”
(8.29-30 KJA)
Deus, o Pai, que se põe em nosso favor, não o
faz com a finalidade de que não soframos as dificuldades deste século; não é
nesse sentido que temos privilégio; o próprio Senhor Jesus alertou os
discípulos e, consequentemente, a nós também:
“Eu vos preveni sobre
esses acontecimentos, para que em mim tenhais paz. Neste mudo sofrereis
tribulações; mas tende fé e coragem! Eu venci o mundo.” (Jo 16.33 KJA)
Em Efésios, lemos que Deus nos abençoou com todas as bênçãos. Porém, é
necessário perceber que o autor da Carta faz alusão a bênçãos espirituais; e mais, não é nas regiões deste mundo! São “todas as bênçãos espirituais nas regiões
celestiais em Cristo”. (Ef 1.3 KJA)
Neste mundo, as aflições não nos poupam. Exatamente
por isso, Paulo afirma que toda a criação geme e sofre (8.22). Não somos nós os
únicos sofredores.
“... E não somente
ela, mas igualmente nós, que temos os primeiros frutos do Espírito, também
gememos em nosso íntimo, esperando com ansiosa expectativa, por nossa adoção
como filhos, a redenção do nosso corpo.” (Rm 8.23 KJA)
Conclusão
“Se Deus é por nós”, os desapontamentos, as
dores, as lutas, ou as perseguições não nos podem causar desânimo e medo. Pela fé
que temos na Salvação em Cristo Jesus, devemos estar preparados para, se
necessário, trocar quaisquer benesses desta vida passageira pela glória que em nós será revelada.
Ansiamos por alcançar plenamente “todas as bênçãos espirituais nos lugares
celestiais em Cristo”, pois ele nos disse:
“Não permitais que o
vosso coração se preocupe. Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu
Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, e o teria dito a vós. Portanto,
vou preparar-vos lugar. E, quando eu me for e vos tiver preparado um lugar,
virei, de novo, e vos levarei para mim, a fim de que onde Eu estiver, estejais
vós também.” (Jo 14.6 KJA)
“Em verdade vos
afirmo que necessitais de perseverança, a fim de que, havendo cumprido a
vontade de Deus, alcanceis plenamente o que Ele prometeu; pois, dentro de pouco
tempo, Aquele que vem, virá, e não tardará.” (Hb 10.37 KJA) Maranata!
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