quarta-feira, 10 de junho de 2020

AGEU, UM PROFETA PARA O NOSSO TEMPO


Leitura: Ageu 1.1-9
“Acaso é tempo de vocês morarem em casas de fino acabamento, enquanto a minha casa fica destruída? Agora, assim diz o Senhor dos Exércitos: Vejam aonde os seus caminhos os levaram. Vocês têm plantado muito, e colhido pouco; vocês comem, mas não se fartam; bebem, mas não se satisfazem; vestem-se, mas não se aquecem; aquele que recebe salário, recebe-o para colocá-lo numa bolsa furada. Assim diz o Senhor dos Exércitos: Vejam aonde os seus caminhos os levaram!
Subam ao monte, para trazer madeira. Construam o templo, para que eu me alegre e nele seja glorificado, diz o Senhor. Vocês esperavam muito; mas, eis que veio pouco. E o que vocês trouxeram para casa eu dissipei com um sopro. E, por que o fiz?, pergunta o Senhor dos Exércitos. Por causa do meu templo que anda destruído, enquanto cada um de vocês se ocupa com a sua própria casa”.

Introdução
O pequeno texto de Ageu faz parte dos três últimos livros do A.T. Tem apenas dois capítulos. São escassas as informações sobre o profeta Ageu. Ele foi levantado por Deus, juntamente com Zacarias e Malaquias, para profetizarem ao remanescente judeu que voltou do exílio babilônico, onde Israel estivera durante 70 anos. O primeiro templo havia sido totalmente destruído em 587 a.C.
A primeira leva de repatriados, que chegou em 538 a.C., sob a liderança de Zorobabel, começou com dedicação a reedificação do templo; porém, enfrentando problemas, aqueles israelitas tornaram-se apáticos e abandonaram as obras. Durante aqueles anos, o povo só se preocupou em reconstruir as suas moradias.
Em 520 a.C., devido à desatenção do povo para com a casa de Deus, Ageu foi levantado por Deus para transmitir a mensagem do Senhor, repreendendo a nação que abandonara em ruínas a casa de Deus.
O livro de Ageu traz cinco mensagens proféticas, datadas e introduzidas pela expressão: “Veio a palavra do Senhor pelo ministério do profeta Ageu”:
I. O tempo e o tema da mensagem (1.1-2);
II. O primeiro discurso (1.3-15) Mostra que a apatia não era por falta de recursos. Em 24 dias o povo recomeçou as obras na casa do Senhor;
III. O segundo discurso (2.1-9) Enfatiza a glória do segundo templo;
IV. O terceiro discurso (2.10-19) Repreensão severa e promessa de bênção;
V. O quarto discurso (2.20-23) A vitória sobre os inimigos

1. O SILÊNCIO SE TORNA CONIVENTE COM O ERRO
O povo que retornou do exílio babilônico somava 43.260 israelitas. Muitos deles não tinham a experiência vivida por seus pais, pois a nação passara 70 anos sob os babilônios. Além disso, provavelmente, traziam os maus hábitos dos povos estrangeiros com quem se misturaram. Entretanto, entre eles, haveria, certamente, remanescentes que preservavam os preceitos da lei de Deus e amor pelo templo. Por que, então, a reconstrução foi abandonada, em favor dos interesses materiais?
Nesses casos, o silêncio dos que persistem na lei de Deus dá oportunidade ao crescimento dos desvios daqueles que se esfriam na fé. O silêncio do justo alimenta o crescimento do erro. Uma igreja atuante não se cala diante dos erros.
O povo recém-chegado do exílio foi estimulado pelo seu líder, Zorobabel, a que se dispusesse à reconstrução do templo e assim foi feito por um tempo. Porém, as oposições ao trabalho e a apatia levaram ao abandono da obra (Ed 4.4-5). Quantas pessoas estão em estado de apatia diante do que precisa ser feito! Por isso, Deus se manifestava aos homens por meio dos profetas. Ageu foi, de fato, a voz usada por Deus para despertar um povo espiritualmente ocioso. “Assim diz o Senhor dos Exércitos...”. A Igreja atual ainda tem vozes usadas por Deus, a fim de estimular, corrigir e ensinar o seu povo. Porém, é necessário que haja cuidado, quanto a um perigo muito grande no emprego dessa expressão - usada por Ageu - por pseudoprofetas que imaginam, com isso, dar garantia às suas palavras aos irmãos ou à igreja. Há, no livro do profeta Jeremias, uma séria exortação contra eles: “Não enviei esses profetas, mas eles foram correndo levar a sua mensagem; não falei com eles, mas eles profetizaram” (Jr 23.21). Esse não foi o caso de Ageu.
2. AGEU: UMA PERSPECTIVA ESPIRITUAL
O pensamento natural busca no conhecimento humano as causas que levam à decadência econômica individual ou mesmo coletiva. Esses altos e baixos são, geralmente, atribuídos a fatores políticos, sociais ou ambientais. Vivemos esse tempo: os estudiosos de todas as áreas buscam na ciência uma explicação para os problemas que o mundo enfrenta. Mas a Igreja sabe a origem desses males.
No livro de Ageu há uma perspectiva espiritual para esses fenômenos. O menosprezo dos judeus pela reconstrução do templo incendiado equivale ao menosprezo de muitos crentes pela manutenção e reconstrução do templo espiritual. “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1Co 3.16).
Se, no Antigo Testamento, a nação de Israel tinha no templo material o seu lugar de adoração a Deus, no tempo da Igreja, esse templo são os membros do
corpo de Cristo. Estêvão declarou “O Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens...” (At 7.48). A Bíblia é bastante enfática e clara, ao posicionar cada crente verdadeiro como “templo do Espírito Santo “Vocês não sabem que são santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês”? Se alguém destruir o santuário de Deus; Deus o destruirá; pois o santuário de Deus, que são vocês, é sagrado” (1Co 3.16-17).
Paulo escreve aos Efésios: “Assim, que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos e da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina, no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor” (Ef 2.19-21).
Se o povo, saído da Babilônia, perdeu o interesse pela reconstrução e manutenção do templo material, porque priorizou o seu próprio interesse, representado pelas casas confortáveis que eles construíram, hoje, muitos crentes têm perdido o zelo pela salvação graciosamente recebida, porque priorizam os seus objetivos terrenos. A voz do profeta Ageu ainda hoje precisa ecoar nos ouvidos da Igreja, que é “a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido para anunciar as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pe 2.9).
3. DOIS DESTINATÁRIOS DA PROFECIA DE AGEU
As palavras do profeta Ageu ecoam a voz do Senhor para os crentes e para a Igreja deste tempo. É notória a nossa preocupação com aquilo que só diz respeito a nós e a nossa família. Vivemos dias de intenso consumismo e amor aos bens terrenos, contrariando, com isso, as orientações do Senhor Jesus, em Mateus 6.25-34. Essas preocupações levam à falta de zelo pelo templo do Espírito, o que, sem dúvida, o entristece o e o extingue “Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção” (Ef 4.30). “Não apaguem o Espírito” (1Ts 5.19).
Como Ageu levou a exortação a Zorobabel, líder do povo, devemos nós, também ouvir essa voz que nos chama ao concerto com Deus.
Conclusão
De que maneira podemos nos qualificar para receber as bênçãos de Deus? Primeiramente é necessário aceitar que a ansiedade pela aquisição dos bens materiais não deve ocupar o nosso coração, nem a nossa mente, se é que temos a mente de Cristo. Jesus nos ensinou a ajuntar tesouros no céu, não na terra. A recomendação é “Ma, busquem primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas (Mt 6.33).
A bem-aventurança da parte de Deus, tanto para esta vida como para a vida futura, está atrelada ao nosso zelo para com a obra do Senhor, em todos os seus
aspectos. O zelo pela obra do Senhor, neste mundo, é motivado pela observância da manutenção constante do templo pessoal. Sem sermos um templo reconstruído para a habitação do Espírito, Deus não concede as suas bênçãos e não nos faz vigorosos e produtivos como “árvores plantadas junto a ribeiros de águas” (Sl 1).

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