Na parte anterior levantamos a
questão da relatividade na conduta cristã evangélica. Entenda-se que, se as
verdades bíblicas não se relativizam, à nossa conduta não sobra opção. Vimos
que essa forma de ver a prática cristã, dentro ou fora da congregação, não nos
torna impecáveis; mas dá-nos o alento do perdão divino, por arrependimento,
quanto aos nossos erros confessados e abandonados.
Boa parte daqueles que
relativizam o que ensinam as Escrituras, gostam de entrar por questões
semânticas, afirmando toscamente que “igreja” não são as paredes; somos nós.
Muito pueril essa justificativa, as palavras são polissêmicas. A Bíblia emprega
a palavra igreja (ou termo correspondente) em, pelo menos, duas situações distintas:
como edifício ou local de cultos (Sl 122.1; 149.1; 1Co 14.34; Hb 10.25) e,
também como Corpo de Cristo (Ef 1.23; 1Co 3.9; Ap 21.9). Essas referências
refutam a presunção dos detratores dos edifícios onde se reúnem os irmãos e
onde se adora a Deus.
Isso posto, há razão para
alguém se desigrejar?
O salmista se declara alegre
por ser convidado para ir à Casa do Senhor (Sl 122.1). No Salmo 23, o rei Davi
demonstra confiança em que o Pastor divino o cobrirá com bondade e
misericórdia, fazendo-o habitar “na Casa do Senhor por longos dias”.
O escritor da Carta aos
Hebreus exorta os crentes a um comportamento eclesiástico de consideração mútua
(apoio), “não deixando a vossa congregação, como é costume de alguns...” (Hb
10,25).
É voz corrente na sociedade
civil que “um erro não justifica outro”. O preceito vale para a vida cristã.
Não há desigrejado, destemplado ou desistente que assuma erro por sua decisão;
mas todos têm um terceiro, errado, que lhes “justifique” a atitude. Que diz a
Bíblia a respeito dos erros alheios?
No evangelho de Mateus,
18.15ss, O Senhor Jesus instrui sobre o assunto. Ninguém age corretamente em
continuar vinculado a um ministério comprovadamente errado, pecaminoso;
“considera-o como um gentio e publicano” (Mt 18.17).
O crente que vive a Palavra de
Deus sabe como agir nesses casos. Assim como ao ministério da igreja local é
dada autoridade para chamar a atenção do membro faltoso e, até exclusão do
incorrigível, aos membros é dada a autoridade de chamar a atenção a um ministro
evidentemente faltoso, seguindo-se a instrução bíblica (Mt 18-15-17). Em ambos
os casos fica prevista a edificação do Corpo de Cristo (Jo 15.1).
O pretendente ao
“desigrejamento”, se for sábio, pode se tornar grande cooperador na obra do
Mestre, desde que haja em absoluta conformidade com a Palavra de Deus.
Se o irmão (mesmo ministro)
não der ouvido às exortações, o membro da igreja poderá transferir-se,
cautelosamente, analisando, como faziam os de Bereia, se a outra igreja anda em
conformidade com a Palavra de Deus. Isso, porém, não impede que ali também haja
pessoas erradas, mas o ministério existe para cuidar das almas enfermas e o
papel da igreja é orar por elas, em apoio à ação pastoral.
Portanto, creio que está claro
que a decisão de se tornar desigrejado, ou destemplado, ou desistente
caracteriza atitude equivalente à do soldado desertor, que foge covardemente da
luta para a qual foi convocado.
“Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns; antes,
admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais quando vedes que se vai
aproximando aquele Dia” (Hb 10.25).
“Mas o justo viverá pela fé; e, se ele recuar, a minha alma não tem
prazer nele. Nós, porem não somos dos que se retiram para a perdição, mas
daqueles que creem para a conservação da alma (Hb 10 38-39).
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