O estudo relativo à Igreja de Cristo chama-se Eclesiologia. Essa
palavra grega significa “estudo da igreja”. A eclesiologia é um ramo da
Teologia cristã. Trata da doutrina da Igreja, quanto à sua origem, seu papel no
plano de salvação, sua atuação social, as mudanças por que tem passado e sua relação com o ambiente não cristão ou
profano.
A palavra Igreja vem de ekklesia = chamados para fora ou para
reunião. Os componentes da Igreja de Cristo foram chamados para fora do mundo
(o sistema que governa esta Terra) e convidados para uma reunião (assembleia).
Talvez a melhor noção para
“igreja” seja “corpo”. Igreja é corpo. Existe a Igreja chamada Corpo de Cristo
e existe a igreja corpo material, isto é, o conjunto dos crentes que frequentam
uma instituição, também chamada “denominação evangélica”.
Há tempos, muitos crentes
levantam uma questão: o templo, o prédio em que os irmãos se reúnem é “igreja”?
A questão é de simples solução. Trata-se de uma figura de linguagem: uma
metonímia. A metonímia consiste – por exemplo - em se nomear o produto pela
marca como nos casos a seguir:
Fala-se BomBril em vez de
palha de aço; ler Machado de Assis em vez da obra machadiana; ler Mateus em vez
de ler o evangelho escrito por ele; ir à igreja em vez de ir ao lugar de reunião dos
membros. Portanto, não há problema nisso. A partir do século IV as comunidades
passaram a chamar os templos de igreja.
A Bíblia não atribui esse nome
ao templo, mas não impede o uso corrente.
A Igreja como Corpo de Cristo
é universal e invisível. Ela independe de controle humano, não está vinculada a
qualquer processo material como – por exemplo - cumprimento de preceitos legais
dos países. Ela constitui o Reino dos Céus, e está formada por todo o conjunto
dos salvos por Jesus, em todos os tempos e em todos os lugares. Ela é o corpo
místico do Senhor. Cada crente é um membro desse bendito corpo. É essa a Igreja
que o Senhor Jesus vem buscar para a eterna morada celestial. Trata-se da Igreja Triunfante, fundada por Jesus.
A igreja, do ponto de vista
material, é uma instituição santificada, mas terrena. Ela congrega o conjunto
dos crentes que partilham uma mesma visão bíblico-doutrinária, sob um aspecto
jurídico chamado “denominação”. Essa igreja subordina-se às administrações
públicas, uma vez que atua dentro do sistema profano. Chama-se também Igreja
Local. Trata-se da Igreja Militante, iniciada nos Atos dos Apóstolos, no Dia de
Pentecostes.
Essa lição tem como alvo
apresentar a Igreja de Cristo (a Igreja Triunfante) e os elementos que a
identificam. Todavia, é impossível tratar da Igreja Triunfante sem se falar da
Igreja Militante, já que está funciona em favor daquela.
Jesus é o fundador da Igreja Triunfante (Mt 16.18).
Ou seja, Ele instituiu a grande assembleia dos
salvos. Depois de assunto aos céus, os apóstolos do Senhor ficaram incumbidos
de instalar a Igreja Militante, assim que recebessem o Espírito Santo (Atos 2).
“... E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de
salvar” (At 2.47). “E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como
mulheres, crescia cada vez mais” (At 5.14).
O Espírito Santo cuida da Igreja militante (Atos 1.8)
O Senhor, antes de voltar para
o Pai, deu recomendação aos seus discípulos. “E chegando Jesus falou-lhes,
dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, ensinai todas
as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, ensinando-as
a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco
todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28.19-20). “E eu rogarei ao
Pai e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre.” (Jo
14.16). “... Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu
nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho
dito” (Jo 14.26).
Jesus deixou duas ordenanças.
Ordens ou ordenanças são
recomendações específicas, indispensáveis à obediência da igreja: o Batismo (Mt
28.19) e a celebração da Ceia (Lc 22.18-19; 1Co 11.23-24).
O corpo de Cristo e seus membros.
Já vimos que cada crente é um
membro da Igreja Triunfante, o corpo místico do Senhor. “Ora, vós sois o corpo
de Cristo e seus membros em particular” (1Co 12.27). Da mesma forma, cada
membro da Igreja Mística é, por sua vez, membro da Igreja Militante, a
denominação evangélica à qual se filia.
Para que se reúne a igreja militante?
Jesus ensinou que os crentes devem reunir-se
“Por que onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio
deles” (Mt 18.20). “Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos
no mesmo lugar” (At 2.1). Paulo ensina que a igreja terrena se reúne com
finalidade específica. “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um
de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação.
Faça-se tudo para edificação (1Co 14.26). “Mas faça-se tudo decentemente e com
ordem” (1Co 14.40).
Administração espiritual da igreja militante.
O Senhor convoca homens para a
administração espiritual da Sua igreja na Terra. Essa convocação está
registrada em Efésios. “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para
profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores,
querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para
edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e ao
conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito à medida da estatura completa
de Cristo” (Ef 4.11).
Administração material da igreja militante.
Em Eclesiologia estuda-se uma
matéria chamada Administração
Eclesiástica. Essa seção cuida dos aspectos materiais do funcionamento de
uma denominação cristã. Cada denominação estabelece os princípios e condutas de
sua administração. Aqui não as discuto, porque não é esse o campo do estudo ora
realizado. Mas, não custa lembrar que muitos crentes têm-se insurgido contra as
administrações de suas igrejas. É necessário haver um estudo específico sobre o
assunto.
Não deixar a sua congregação.
Deixar a congregação por
motivos fúteis não é recomendável. A Palavra de Deus recomenda a paz entre os
membros da igreja. “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados,
de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão,
longanimidade, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros, se
algum tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós
também... e a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo,
domine em vossos corações, e sede agradecidos” (Cl 3.14-17).
O desigrejamento é um fenômeno
perigoso que tem afetado grande número de crentes, os quais terminam decidindo
pelo afastamento não recomendado pela Bíblia, não raras vezes por questões mínimas.
No caso de desacerto impossível de reconciliação para a permanência na
congregação, o melhor é mudar-se para outra igreja (se possível na mesma
denominação) em plena paz e comunhão com todos.
Conclusão.
Assim, espero ter contribuído
para esse importante assunto, deixando claro que a Igreja foi instituída por
Cristo, o qual declarou: “Pois, também eu te digo que tu és |Pedro, e sobre
esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão
contra ela.” (Mt 16.18).
A igreja terrena é constituída
de pessoas salvas, membros do corpo místico de Cristo, as quais têm a tarefa de
levar o evangelho ao mundo e de se reunir para adorar ao Senhor, engrandecendo
o Seu nome, estudando a Palavra e vivendo em apoio mútuo e profunda união.
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