Vivemos a inexorável época da capa. Não é aquela que protege do frio ou da chuva. Vivemos a época da capa que esconde a verdade que cada um é.
Os homens são uma verdade dupla, o que chega a parecer um paradoxo. Não é uma verdade refletida, como se houvera um espelho, não! A que é refletida no espelho é sincera, única, fiel. Aqui, trata-se da dupla, mesmo, porque são verdades diferentes e até antagônicas.
A vida social pós-moderna contribui plenamente para tal condição. Até meados do século passado, mesmo nesta grande capital, as pessoas se conheciam mais de perto, os vizinhos pareciam gente da família, tal a proximidade que se mantinha. Claro que também essa forma de convivência gerou um mal terrível: as más línguas. Não há homem perfeito!
Até o segundo quartel do século passado, quase não havia prédios de apartamentos, as casas separavam-se por muros baixos. O bom dia era a saudação corriqueira, que já conduzia para alguma conversa mal terminada no boa noite. Hoje, as pessoas descem de seus andares num mesmo elevador em que estão três ou quatro diferentes vizinhos e nada passa de um sisudo "bom-dia". Eu escrevi bom-dia; não disse bom dia!
Cada qual já sai de casa com a capa adequada ao seu mister. O que vai dentro dela? um solitário, um misantropo, geralmente escondido num sorriso fixo, imóvel, adrede preparado.
Para o homem de nossa geração o "outro" é um ser de quem se deve tirar algum proveito, algo que se acrescente a um pecúlio invisível, totalmente pessoal. Lembra-me a piada sobre dois advogados que se encontram. Um deles diz: "Olá, vamos tomar alguma coisa?" Responde o outro: "De quem?" Considerando-se essa infame piada, todos somos um pouco "advogados"!
Tudo bem que se compreenda que esse é um mal do século secular; entende? O grande problema é que a capa já está plenamente usada onde não se deveria usar: no ambiente dos que se declaram cristãos.
Ora, se ser cristão é ser seguidor de Cristo, a coisa está péssima! Cristo criticou duramente a capa dos fariseus: homens que representavam fielmente a duplicidade de vida. Sempre os tachou de hipócritas.
Os fariseus apresentavam-se como perfeitos seguidores da Lei de Moisés, trajavam-se a caráter, não se misturavam com os "impuros". Que santidade! Repreenderam o próprio Cristo, porque, sendo um judeu, aproximava-se de qualquer cão (assim eles tratavam quem não fosse judeu, sério, puritano, cobrador da "vida correta".
Nas igrejas hoje os de "dupla vida", os que se vestem com a capa adequada à situação, são os que mais aparecem em sua "santidade". A capa que usam não tem nem cheiro de amor ao próximo, ao seu irmão dominical.
Claro que a "educação" faz que ele cumprimente, até com o sorriso postiço, o seu irmão de congregação. Mas ele sempre olha do alto. Do alto do seu cargo eclesiástico, do alto de seu conhecimento teológico, do alto de seu preparo intelectual, do alto de seu "perfeito" conhecimento das Escrituras, até do alto de sua situação econômica "abençoada" - haverá crente com condição econômica amaldiçoada, porque não é privilegiada pelos valores humanos?!
Quer-se mais fariseu do que essa raça, dentro dos templos domingueiros?
Passado o costumeiro domingo, ele tem outra capa, sobre a qual não se precisa falar. Pouco lhe importa a semana do seu irmão, os problemas que o companheiro tenha tido, as alegrias, as necessidades, as tristezas, o aniversário...
Se no domingo alguém mencionar que "fulano teve um problema nesta semana", ele dirá espantado: " Não me diga!". Se disserem que "fulano aniversariou nesta semana", ele dirá com seu sorriso
plastificado: "Parabéns! Vamos orar por você!".
É a época da capa; das duas caras que se manifestam em cada situação diferente. É o cristão deste século! É o novo fariseu que, depois de tudo, vai-se espantar, quando ouvir do Senhor: "Não te conheço!"
"Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus." (Jesus, in Mateus, 5.20).
Os homens são uma verdade dupla, o que chega a parecer um paradoxo. Não é uma verdade refletida, como se houvera um espelho, não! A que é refletida no espelho é sincera, única, fiel. Aqui, trata-se da dupla, mesmo, porque são verdades diferentes e até antagônicas.
A vida social pós-moderna contribui plenamente para tal condição. Até meados do século passado, mesmo nesta grande capital, as pessoas se conheciam mais de perto, os vizinhos pareciam gente da família, tal a proximidade que se mantinha. Claro que também essa forma de convivência gerou um mal terrível: as más línguas. Não há homem perfeito!
Até o segundo quartel do século passado, quase não havia prédios de apartamentos, as casas separavam-se por muros baixos. O bom dia era a saudação corriqueira, que já conduzia para alguma conversa mal terminada no boa noite. Hoje, as pessoas descem de seus andares num mesmo elevador em que estão três ou quatro diferentes vizinhos e nada passa de um sisudo "bom-dia". Eu escrevi bom-dia; não disse bom dia!
Cada qual já sai de casa com a capa adequada ao seu mister. O que vai dentro dela? um solitário, um misantropo, geralmente escondido num sorriso fixo, imóvel, adrede preparado.
Para o homem de nossa geração o "outro" é um ser de quem se deve tirar algum proveito, algo que se acrescente a um pecúlio invisível, totalmente pessoal. Lembra-me a piada sobre dois advogados que se encontram. Um deles diz: "Olá, vamos tomar alguma coisa?" Responde o outro: "De quem?" Considerando-se essa infame piada, todos somos um pouco "advogados"!
Tudo bem que se compreenda que esse é um mal do século secular; entende? O grande problema é que a capa já está plenamente usada onde não se deveria usar: no ambiente dos que se declaram cristãos.
Ora, se ser cristão é ser seguidor de Cristo, a coisa está péssima! Cristo criticou duramente a capa dos fariseus: homens que representavam fielmente a duplicidade de vida. Sempre os tachou de hipócritas.
Os fariseus apresentavam-se como perfeitos seguidores da Lei de Moisés, trajavam-se a caráter, não se misturavam com os "impuros". Que santidade! Repreenderam o próprio Cristo, porque, sendo um judeu, aproximava-se de qualquer cão (assim eles tratavam quem não fosse judeu, sério, puritano, cobrador da "vida correta".
Nas igrejas hoje os de "dupla vida", os que se vestem com a capa adequada à situação, são os que mais aparecem em sua "santidade". A capa que usam não tem nem cheiro de amor ao próximo, ao seu irmão dominical.
Claro que a "educação" faz que ele cumprimente, até com o sorriso postiço, o seu irmão de congregação. Mas ele sempre olha do alto. Do alto do seu cargo eclesiástico, do alto de seu conhecimento teológico, do alto de seu preparo intelectual, do alto de seu "perfeito" conhecimento das Escrituras, até do alto de sua situação econômica "abençoada" - haverá crente com condição econômica amaldiçoada, porque não é privilegiada pelos valores humanos?!
Quer-se mais fariseu do que essa raça, dentro dos templos domingueiros?
Passado o costumeiro domingo, ele tem outra capa, sobre a qual não se precisa falar. Pouco lhe importa a semana do seu irmão, os problemas que o companheiro tenha tido, as alegrias, as necessidades, as tristezas, o aniversário...
Se no domingo alguém mencionar que "fulano teve um problema nesta semana", ele dirá espantado: " Não me diga!". Se disserem que "fulano aniversariou nesta semana", ele dirá com seu sorriso
plastificado: "Parabéns! Vamos orar por você!".
É a época da capa; das duas caras que se manifestam em cada situação diferente. É o cristão deste século! É o novo fariseu que, depois de tudo, vai-se espantar, quando ouvir do Senhor: "Não te conheço!"
"Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus." (Jesus, in Mateus, 5.20).
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