Normalmente se diz que o importante é ir
adiante, o que vale é olhar para frente, correr atrás daquilo que se deseja.
Alguns afirmam que caranguejo é que anda para trás (o que não é verdade; é só
impressão). Há “slogans” usados em muitas igrejas, em muitos púlpitos e em
camisetas, dizendo: “Recuar, jamais!”. Será isso uma verdade a se observar? Uma
prática adequada e inteligente?
Pessoas que buscam apoio em explicações deficientes
costumam dizer que não retornar ao passado é natural do homem. O indivíduo é
gerado; uma pequenina partícula que se desdobra, evolui, forma-se, nasce,
cresce, evolui; enfim, vai adiante, não retorna ao estágio inicial. Engano! Essa
escalada ascendente vai só até ao ponto de descendência; decai até tornar-se pó.
A humanidade não olha para trás, recusa as
marcas do passado, altera a História, evita os desacertos que deixa para trás.
Importante é prosseguir, é buscar metas, correr para atingir objetivos. Os
séculos se passaram, o nosso esvai-se e nada nos atrai para um retorno àquilo
que fomos deixando pela estrada da vida. Andemos.
Em termos da Igreja evangélica, há tempos que
se despreza o passado, há tempos que se rejeitam as bases, há tempos que se
relativizam as doutrinas bíblicas. Muito fácil “argumentar” que certas
mensagens eram para outro tempo, outros costumes, outra sociedade. O homem evoluiu;
já não se adapta a certas páginas da Bíblia. As imutáveis verdades divinas
tomam outro colorido para a visão de homens que só pretendem olhar adiante.
Há quem se apoie (de modo indevido) no texto
em que o apóstolo Paulo diz que prossegue para o alvo! (Fp 3.13-14). Má
interpretação; o apóstolo não manda prosseguir sem exame do passado. Ele mesmo,
em 1Co 11.28, manda que a pessoa se examine a si mesma, antes de tomar uma
decisão.
Rever o passado e a ele retornar, quando
necessário, é ato de inteligência, além de admoestação do Senhor Jesus, como se
lê na carta à Igreja de Éfeso (Ap 2.4-5). O retorno ao início do trabalho, para
rever as técnicas pelas quais ele foi desenvolvido e para efetuar correções necessárias
é prática comum dos cientistas.
Há tempos a Igreja evangélica deixou de olhar
para trás. Por isso, abandonou princípios irrefutáveis das páginas sagradas e
construiu para si um programa paralelo de “modus operandi” e de “modus vivendi”.
Criou suas próprias doutrinas, facilitando a prática de um evangelho alheio ao
verdadeiro evangelho de Cristo.
Os evangélicos deste século querem olhar para
frente, alcançar o que está adiante. Os evangélicos deste século são famintos
de progresso; querem um Deus de quem possam solicitar e exigir direitos que não
têm e nunca terão. Seus falsos guias criaram um sistema de apaziguamento da
alma em pecado, mas ansiosa por bens materiais.
Muitas igrejas, nestes dias, desconhecem
vergonhosamente a Palavra de Deus, ainda que se rotulem de igrejas cristãs.
Trata-se de um falso cristianismo, criado por homens rebeldes aos princípios
irretorquíveis da Bíblia. Pecado, hoje, nem sempre é pecado. Há quem afirme que
a bondade de Deus opera de forma descontrolada o perdão provindo da cruz.
Afirmam que não há severidade em Deus, porque desconhecem (ou negam) o que está
registrado na carta aos Romanos, 11.22. A melhor pregação nesta época é a da
vitória, a do crescimento, a que encanta os sedentos de riquezas materiais.
Tais mensagens se proliferam na malfadada música gospel: restituição, virada,
chuva é o que mais se canta por aí, aos domingos, juntando uma plateia movida a
guitarra, bateria e descompromisso com Deus. Tornaram os cantores seus ídolos,
a quem defendem, exaltam, reverenciam.
A Igreja evangélica precisa voltar, sim!
Precisa retornar à Bíblia, a fim de pautar uma nova caminhada com base no
arrependimento das más obras. Deus ainda está concedendo esse tempo à Igreja
brasileira. Muitas não voltarão, prosseguirão conforme os interesses de seus
líderes e serão levadas à derrocada juntamente com eles. Seu orgulho, suas
grandiosas construções, seus aviões, seus negócios paralelos ruirão
fragorosamente. O profeta Malaquias diz que se verá a diferença entre o que
serve a Deus e o que não o serve (Ml 3.18)
2015 precisa ser o ano da volta ao passado, a
fim de se corrigir um presente que se deturpou ano a ano. Deus tenha
misericórdia de nós.
Izaldil Tavares de Castro
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