Não existe qualquer dúvida de que o mundo
está perdido em seus desencontros de forma generalizada. O cérebro humano, que
se arroga senhor da inteligência, gera a cada dia mais desacordo entre os seres
pensantes.
No campo do que se entende como cristianismo,
a teologia parece basear-se em preceitos particulares, bem próximos do “achismo”,
ou do pragmatismo exacerbado de cada observador. No campo dos estudos, o homem
supervaloriza a discordância, dando-lhe o “status” de área a ser pesquisada.
Refiro-me não à valorização dos pontos díspares; mas, à supervalorização desses
pontos como a assegurar verdades orgulhosamente pessoais.
Parece-me que o problema todo repousa, na
falta de submissão humana à orientação divina: o homem decidiu guiar-se por si
próprio, assumindo a responsabilidade de explicar-se a si mesmo, ao mundo e,
pasmemos, ao próprio Deus!
Um dos principais teólogos da Teologia da
Libertação, frei Betto, defende a nova posição católico-romana, adotada pelo
papa Francisco, ou seja, a receptividade que a Igreja Católica deverá dar aos
homossexuais, LGBT e outros por ela há tempos recusados.
Argumenta o citado frei que Jesus andou por
entre todas as classes sociais, o que não deixa de ser verdade. O mestre esteve
entre escribas e fariseus, entre pobres famintos e ricos orgulhosos, atendeu a
mulheres recusadas socialmente e, por fim, salvou a um ladrão na cruz.
Até esse ponto, frei Betto e a Igreja
Católica têm razão: a Bíblia comprova tais ocorrências.
Por isso, vem-nos o teólogo da libertação
ensinar que ninguém deve opor-se à “religiosidade” dos que seguem caminhos
moralmente tortuosos, alegando que Jesus veio para os marginalizados pela fome,
pelas doenças, pela pobreza e, também, pela moral.
De fato Jesus veio para todos os seres
humanos: não há exceção. Ele veio para quantos o receberem, dando-lhes o
direito de serem feitos filhos de Deus (João 1.12). O triste problema dessa
teologia é a razão da vinda de Jesus.
Qual o valor da permanência do Cristo entre
nós, se, de acordo com esse enfoque, ele foi apenas um bom homem que não
recusava, nem discriminava os que dele se aproximavam? Ou melhor, essas pobres
criaturas eram a preferência de sua aproximação? Ghandi foi um bom homem,
também foi uma boa senhora a madre Teresa de Calcutá. Quantos bons homens há na
História! O romanismo termina por apresentar mais um: Jesus! Isso chega à
blasfêmia! Então, nós, como seus discípulos, devemos praticar essa aproximação,
segundo referenda a Igreja Católica e apoia o frei Betto. Sejamos como Ghandi,
como madre Teresa de Calcutá, como Jesus! Absurdo! A capa de bondade aí é bem
bordada e parece ser de justiça. Mas não é, porque contraria de modo absoluto a
verdade divina. Jesus não veio para ser “amigo” dos problemáticos, os quais
são, irremediavelmente, todos os homens.
A Bíblia, de modo explícito, aponta aos
homens a missão do Senhor Jesus neste mundo; ele não veio apenas buscar,
arrebanhar, fazer-se seguir de uma chusma de errados, tortos, famintos e
miseráveis. Ele é o Rei dos reis, o Senhor de todos e de todas as coisas. Ele
veio, sim, buscar a toda essa gente, da qual fazemos parte, sem exceção. Porém,
veio, sobretudo para salvar! Jesus veio salvar, transformar o caráter perdido
do pecador. Veio fazer de nós uma nova criatura. Jesus anunciou a necessidade
do novo nascimento (João 3.3).
Ora, pretender atrair os pecadores, apenas
para nos fazermos seus irmãos, acolhedores e bonzinhos, sem conduzi-los à transformação
em Cristo Jesus, assemelha-se a permitir que o enfermo se assente dolorido à
nossa mesa, sem que lhe prestemos o necessário socorro médico.
Jesus mandou que pregássemos o evangelho.
Pregar o evangelho é mostrar a realidade de Cristo em confronto com a realidade
do homem. Pregar o evangelho de Cristo é anunciar o caminho da transformação de
vida. Jesus não apedrejou a mulher pecadora; perdoou-lhe os erros, mas ensinou “não
peques mais!”. Jesus veio buscar e salvar os pedidos. Frei Betto e o romanismo
parecem querer cumprir só uma parte da tarefa cristã: buscar.
Apenas buscar é ajuntar a palha que vai ser
queimada de qualquer forma. A grande tarefa está em salvar. Quem salva?
A salvação é dom de Deus, por Jesus Cristo,
nosso Senhor. Ele, na cruz, ofereceu a salvação para todos os que nele creem. A
salvação é para os que aceitam a nova vida em Cristo. Sem nova vida em Cristo,
nada se fará, ainda que juntemos multidões de espiritualmente mutilados.
Izaldil Tavares de Castro.
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