O Evangelho de João é o único que narra o
primeiro milagre operado pelo Senhor Jesus: a transformação de água em vinho,
episódio do qual se podem tirar grandíssimas lições. Evidentemente, nenhum dos
atos de Jesus pode ser considerado como inócuo ou sem sentido, embora haja quem
ensine tamanha heresia. O homem material por meio de sua pretensa compreensão,
não atinge as noções espirituais. “Porque, qual dos homens sabe as coisas do
homem, senão o seu próprio espírito que nele está? Assim também, as coisas de
Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus.” (I Co 2.11).
Jesus, com seus discípulos, estava numa
festa de casamento para a qual foram convidados. Ele, porém, não precisava ser
surpreendido por um convite; pois, bem sabia por que estava lá. Para o Senhor,
nada lhe é surpreendente. O mesmo evangelho de João traz a seguinte passagem
que comprova a onisciência de Jesus: “Perguntou-lhe Natanael: Donde me
conheces? Respondeu-lhe Jesus: Antes de Filipe te chamar, eu te vi, quando
estavas debaixo da figueira. Então exclamou Natanael: Mestre, tu és o Filho de
Deus, tu és Rei de Israel! Ao que Jesus lhe respondeu: Porque te disse que te
vi debaixo da figueira crês? Pois maiores coisas do que estas verás.” (Jo
2.48-50).
As festas de casamento duravam muitos
dias, nos quais havia abundância de comida; nessas festas a bebida mais
consumida era o vinho. Para baratear o custo era costume servir-se primeiro um
vinho melhor, depois, se necessário, outro de qualidade inferior.
Naquela festa em que Jesus estava, num
dado momento, para vexame do noivo, anunciaram que o vinho acabara. Qualquer um
de nós pode imaginar a situação do noivo diante do fato Que fazer?
É possível que os donos da festa fossem
amigos da família de Jesus, pois sua mãe participava do serviço: foi ela quem
avisou que o vinho acabara. Maria tinha consciência de quem era Jesus, e
guardava em seu coração esse conhecimento (Mt 2. 17-19). Ela bem sabia a quem
recorrer na hora da necessidade; por isso, comunicou-lhe o fato, dizendo: “Eles
não têm mais vinho!”.
Jesus mostrou, ali, naquele evento, que
não está a serviço dos interesses materiais tão comuns ao homem; seu propósito
não era simplesmente resolver a questão do vinho. Ao dirigir-se a Maria, Jesus
deixou claro que essa questão material não era problema dele. Quantas vezes nos
decepcionamos porque o Senhor não atende o que em nós é anseio material!
Imediatamente a mãe de Jesus deixou por conta do Mestre qualquer solução.
Parece que os discípulos também estavam apreensivos, mas a orientação foi:
“Fazei tudo quanto ele vos disser”.
Jesus nunca fez milagres sem objetivo
maior: suas curas e outros milagres jamais visavam ao particular interesse
humano, mas sempre à glória divina. Hoje multidões correm atrás de milagres,
sem saber que Jesus já repreendera os que fizeram isso em relação a ele. (Jo
6.26-27). Ao transforma a água em vinho, que Jesus pretendia mostrar?
O vinho da festa estava em vasilhame
próprio, no recinto da comemoração, para servirem-se as mesas. Não estava nas
talhas: recipientes de pedra, para conter entre 80 e 120 litros de água. Desses
recipientes os judeus usavam água para se lavar, quando chegavam à casa dos que
os recebiam.
Ora, o vasilhame para vinho era, sem
dúvida, mais nobre que o vasilhame que continha a água da assepsia. Aqui se
começa ver uma lição do Senhor Jesus: o seu poder de transformar o pior em
melhor.
Vinho simboliza alimento, pureza, alegria,
festa: produto que já não havia entre os participantes das núpcias naquele
momento.
Lá fora só havia vasilhames, digamos, de
utilização inferior, cheios de água, provavelmente impura.
Jesus poderia mandar encher com água os
próprios vasilhames para vinho; mas ordenou que completassem a água dos
vasilhames impuros.
Jesus não conta com o que temos de bom, de
perfeito, de oportuno para fazer a sua obra. Seu poder transforma o pior em
melhor. Glória a Deus!
Os discípulos executaram a ordem:
completaram a água daqueles vasilhames. Então, Jesus ordenou que levassem ao
chefe do cerimonial aquilo que se tornara vinho da mais alta qualidade!
Tachos de pedra, água servida, material
impuro, nas mãos do Mestre tornam-se produto de primeira, capaz de deixar
atônita a sociedade.
Outra lição: nem todos souberam do
milagre, mas os serventes que encheram os vasilhames sabiam: os que servem às
ordens do Senhor ficam sabendo dos seus milagres.
O chefe do cerimonial ficou abismado
quando percebeu que o melhor vinho ficara para depois. O melhor de Cristo
sempre surpreende!
Qual a finalidade desse “simples” milagre?
Que lição tiramos disso?
1. Jesus sabe quando quer agir (João 2.4).
2. Jesus não segue a expectativa humana: usa
o que ele quer (João 2.6-7).
3. Jesus transforma o pior (água de banho) no
melhor (vinho fino).
4. Só os que servem a Jesus sabem dos seus
milagres (João 2.9).
Conclusão, diante de tal maravilha, fica
impossível a um homem dizer-se tão inteligente que não aceite a importância da
transformação de água em vinho? Como
pode levantar-se de modo tão petulante para se opor ao Senhor? Só pode ser uma
mente cauterizada, um coração desviado da Palavra de Deus. Cego condutor de
cegos, que terá de acertar contas com Deus por sua desenfreada arrogância.
Glória a Jesus, que transforma o mais vil pecador, o recipiente menos
valorizado, que contém água impura, num vasilhame de honra para servir a mesa
da festa, contendo vinho da mais alta qualidade. Amém!
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