Certo professor, muito criativo, alcançou um método de ensino diferenciado. Foi tão feliz na empreitada que os alunos viviam a procurá-lo. Sua criação não chegava a ser algo que outros não pudessem alcançar; qualquer profissional dado ao estudo, à pesquisa e, sobretudo, ao exercício constante conseguiria igual êxito. Porém, o comportamento profissional daquele mestre não levou seus colegas ao trabalho e à criatividade: despertou-lhes a comodidade da imitação.
A partir disso, começou a ocorrer uma disputa desleal no departamento, uma vez que cada professor passou a tentar a aplicação de métodos que nada mais eram do que a cópia daquele original. Grande foi o trabalho do criativo mestre para fazer valer aquilo que sua dedicação fizera vir a público.
Essa história serve para ilustrar o que vem ocorrendo, depois do advento do “facebook”: muitos usuários se julgam aptos a produzir textos, principalmente, de natureza crítica ou didática, sem que tenham se esforçado para entender, pelo menos, um pouco das técnicas de produção textual. Por isso, aparecem textos mal redigidos, carentes de nexo, a que se chama de coesão textual; são escritores que ignoram os operadores lógico-sintáticos de um período, desprovidos também de noções mínimas de concordâncias, de regências e crase e, muito pior, de ortografia!
Parece que discrimino, que tento impedir a expressão alheia ou que estou me mostrando elitista; mas não se trata disso. Aprecio os pontos de vista, as discussões, desde que bem elaborados, bem argumentados. Trata-se, aqui, de fazer ver a quem pretende escrever (exceto comentários fortuitos, breves apontamentos) a necessidade de fazer como o professor da nossa história. Nada de procurar concorrer com os que sabem o que fazer na produção textual. Ninguém é mais inteligente ou mais sábio que outros; o que há é gente esforçada que se preocupa com fazer coisas corretas. Há os que se dedicam ao estudo da língua, porque a veem como o melhor instrumento para a comunicação.
O mesmo aplica-se a quem fala em público. Quer falar? Habilite-se com estudo e treino constante, a fim de não ser mal visto, ou passar vergonha, por ignorar um vocabulário razoável e uma pronuncia medianamente aceitável. Um pouquinho de estudo da fonologia ajuda bastante.
Torço, sinceramente, para que estas linhas estimulem a quantos pretendem usar o teclado (ou a caneta, ou o microfone) uma busca incessante daquilo que os tornará tão bons quanto os mais admirados escritores. Aí, sim, valerá ler as suas produções e apreciá-las.
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