Houve um tempo em que pouco se encontravam pessoas evangélicas (talvez houvesse um ou outro membro de igrejas chamadas denominacionais ou não-pentecostais).
Pentecostais eram, na maioria, os assembleianos, além dos membros da Igreja Cristã no Brasil. Antes dos anos 50, não se falava em neo-pentescostalismo. Aqueles irmãos antigos eram tratados com desprezo, sob o nome de “crentes”, “bíblias” etc. Era difícil ser “crente” e benquisto na sociedade.
Os “crentes” eram um povo sério, muito honesto; mas, um tanto “esquisito”. Os assembleianos faziam cultos de evangelismo nas praças, aos domingos, antes de se dirigirem a acanhados salõezinhos alugados. Vestiam-se com extremo recato e, no decorrer de seus cultos, faziam muito barulho, o que os tornava mais estranhos ainda. Enfim, era um povo escarnecido e, às vezes, agredido pela sociedade.
Acontece que esse povo foi crescendo de maneira espantosa; de tal forma que seus sucessores construíram templos em todo o território nacional, ascenderam socialmente, e, hoje, estão atuantes nas mais diversas áreas da administração pública ou privada.
A maioria aboliu costumes desnecessários, deixando, assim, de marcar diferença no aspecto físico, o que é muito louvável. Posteriormente, surgiram — saídas da igreja-mãe — as primeiras neo-pentecostais, as quais, pelo tempo de existência, já estão fora desse rótulo e possibilitaram o surgimento de uma terceira geração neo-pentecostal.
O fenômeno dessa multiplicação parece acentuar-se a cada dia, o que tem gerado grupos adeptos de ensinamentos muito perigosos. Entretanto, não é esse o assunto encaminhado. Fala-se aqui dos “crentes” de outrora relativamente aos “evangélicos” desta década.
A multiplicação de igrejas gerou um novo tipo de “crente”, agora chamado de “evangélico”. A nova geração de cristãos já não causa estranheza à sociedade, porque está perfeitamente conformada com o comportamento mundano, literalmente. “... e não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Rm 12: 2)
Se, outrora, havia exageros nas cobranças comportamentais dos crentes, hoje existe uma liberalidade excessiva. Vivem-se os dias de “o que é que tem?” época de “todo mundo faz!”. Há, neste tempo, uma “igreja” que não se compõe dos “tirados para fora”, uma “igreja” que não faz diferença no mundo; mas, funciona como canal por onde a vida mundana invade pelas portas os templos.
Ficou vantajoso permanecer na igreja “evangélica”, uma vez que ela é anunciada como o “portal de bênçãos materiais”. Anuncia-se um deus-papai-noel, à semelhança do enganador velhinho da época natalina. Nada é imposto ao interessado nas benesses celestiais, a não ser suas contribuições financeiras.
Há um novo conceito do homem cristão: aquele que paga (até caro) pela bênção; portanto, determina-a ao Céu. Hoje, quem quer bênção e pode pagar, desembolsa; quem não pode pagar em dinheiro, tem de ir à televisão, para “testemunhar”. Por isso, é necessário construírem-se os mega-templos que abriguem a multidão de “evangélicos” que só sabem que Bíblia é um livro de capa preta (melhor, era: as capas também mudam de cor). Tanto melhor será a igreja quanto mais ela anunciar um céu aberto a derramar ouro, prata, pedras preciosas, casas, carros, viagens e “felicidades” mil. Oferecem um “cesto de vida feliz”.
Mas, pensando bem, nada disso corresponde ao verdadeiro evangelho de Cristo. O Mestre não disse que a porta é larga; não disse que espaçoso é o caminho da salvação. Ao contrário! Leia-se: “... Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e, porque estreita é a porta e apertado o caminho que leva à vida, poucos há que a encontrem.” (Mt 7: 13-14).
A Palavra diz que não se deve amar o mundo, pois quem o ama não pertence a Deus. “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.” (I Jo 2: 15-17).
A Palavra ensina que o mundo é lugar de lutas e de aflições; por isso aponta para aquele que sofreu e é o Vencedor. “Tenho-vos dito isso, para que tenhais paz: no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”
A Palavra ensina que se seja imitador dele; e ele não tinha onde repousar a cabeça! “Sede, pois, imitadores de Deus como filhos amados.” (Ef 5: 1) “E disse Jesus: As raposas têm covis e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.” (Mt 8: 20).
A Palavra ensina que os tesouros que se possam pretender estão no céu! “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro aí estará também o vosso coração. (Mt 6: 19-21).
A vantagem de ser evangélico nesta década é falsa e leva para o inferno. É necessário que se levantem vozes trombeteando contra esse perigo! É necessário que se dobrem joelhos intercessores por uma mudança radical no comportamento daqueles que se comprometeram com o evangelho de Cristo. É preciso que se anuncie o evangelho verdadeiro; mas não se pode esquecer que Jesus também mandou “ensinar” todas as coisas que ele mandara. “Portanto ide, ensinai as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado...” (Mt 28: 19-20).
Deus procura homens que combatam a atual “vantagem” de ser evangélico, e anunciem a necessidade de novo nascimento, para que se formem crentes em Cristo Jesus.
Uma reflexão exemplar. - Como sempre...
ResponderExcluirPerfeito.
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