Leitura: Jo 10. 1-9;
16
Introdução
É comum haver, em
todas as igrejas, cristãos habituados a declarar que Jesus é o Bom Pastor; entretanto, na maior parte das vezes, essa
declaração é mal interpretada, quando estabelece qualquer relação entre o
Senhor Jesus Cristo e os homens que Deus deu à Igreja, para que, atuando nas
igrejas, promovam a excelência da obra do ministério.
“... com o propósito de aperfeiçoar os santos
para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado...”
(Ef 4. 12)
O texto de Paulo
deixa claro que o pastorado divino difere diametralmente do pastorado humano, em seus
respectivos objetivos. A comparação que muitos fazem, quando criticam (com ou
sem razão) os seus pastores, empobrece os seus argumentos, em vez de
comprová-los.
1.
POR QUE JESUS CRISTO
É O BOM PASTOR?
Uma leitura atenciosa
do trecho bíblico, no contexto em que o Senhor Jesus declarou que ELE É O BOM PASTOR, faz-nos
compreender que não existe qualquer referência ao trabalho de o Senhor ser “o
responsável” por uma congregação de crentes; essa compreensão torna o pastorado
divino muito mais elevado, absolutamente venerável e absolutamente
incomparável!
O texto em apreço
mostra que o Bom Pastor esclarece, de maneira maravilhosamente clara: Quem é o
Bom Pastor; quem são as ovelhas, qual é o aprisco, quem entra por outro lugar,
que não é a porta e quem é o Porteiro que lhe abre a porta!
Assim também fica
claro que o ladrão e salteador (v.
10), nesse texto, não é o diabo - como muitos afirmam - são os falsos
ensinadores, plantadores de heresias, que infestaram o ambiente da Verdade (Jo
8. 32), no passado e infestam tantas igrejas em nossos dias.
Jesus Cristo é o Bom
Pastor, porque “entra pela porta”, isto é, não faz nada que altere a sua missão
salvadora de todo aquele que nele crê. Ele mesmo é a Porta (v. 9); aqueles que
não entram por Ele são falsos pastores; são ladrões e salteadores.
2. QUEM SÃO E ONDE ESTÃO AS OVELHAS?
Se observarmos
criteriosamente o texto, e tivermos atenção à relação do povo de Israel com
Jesus (Jo 1. 11), notaremos que as referidas ovelhas do Senhor estão entre os
israelitas. Essas ovelhas estão circunscritas ao aprisco, o ambiente fechado da
Lei de Moisés, do judaísmo. Ainda que não ouçam a voz dos mercenários, seus
ouvidos só se destravarão quando o Porteiro abrir a Porta, por onde só pode
entrar o Bom Pastor. Então elas ouvirão a sua voz!
3. QUEM É O PORTEIRO E QUEM ENTRA POR OUTRA PARTE?
O apóstolo João faz
referência ao Senhor Jesus como o Verbo de Deus, a Palavra! Jesus prometeu, antes de sua partida, retornando para o Pai, que
em seu lugar, viria Alguém para
acompanhar a Igreja, e também para convencer o mundo da necessidade de
Salvação, da justiça que redime o pecador e do juízo de Deus sobre aquele que
não crê na obra salvífica do Bom Pastor. Esse Alguém é o Espírito Santo, o Porteiro divino, que abrirá a Porta
para o Senhor Jesus, o autor da liberdade dos israelitas, que ouvirão apenas a
sua voz; jamais a voz dos falsos mestres. Os falsos mestres são aqueles de que
Paulo diz que criarão doutrinas conformes aos seus próprios interesses.
4. QUEM SÃO AS “OUTRAS” OVELHAS?
Nesse mesmo capítulo, Jesus afirmou que tem
“outras ovelhas, as quais não são do aprisco judaico” (v. 16). Essas ovelhas,
que o Senhor veio também buscar, são todos os povos não judeus; isto é, “homens
de toda tribo, língua e nação...” (Ap 5. 9).
5. O PAPEL DOS PASTORES DIFERE DO PALEL DO BOM PASTOR
Apoiado nesta
meditação, eu creio que apenas cristãos
rebeldes, sem conhecimento bíblico serão capazes de refutar os pastores humanos,
com a alegação de que o seu pastor é Jesus Cristo, no sentido de ser conduzido
na caminhada cristã neste mundo. Pastores foram dados por Deus, a fim de
aperfeiçoarem a igreja para a obra do
ministério. Qual é a obra do ministério? É anunciar o evangelho e fazer
discípulos! Pastores preparam as igrejas para a obra do ministério, para o IDE do Senhor Jesus! (Mt 28. 19-20).
Diferentemente, o pastoreio de Cristo, conforme João 10, é a sua obra
salvífica, na cruz. Por essa obra maravilhosa é que o Senhor edifica a sua
própria Igreja, aquela que é invisível e intocável, a qual está disseminada entre
as igrejas. Então, para essas mesmas igrejas o próprio Deus deu obreiros que as
conduzam ao aperfeiçoamento da obra do
ministério. (Ef 4. 12)
Conclusão
O pastorado terreno,
bem como as demais funções ministeriais apontadas em Efésios 4, não exerce a função do Bom Pastor. Isso seria heresia. Que
homem pode resgatar alguém da perdição eterna? Nenhum! Nenhum dos pastores
poderia reunir homens de toda tribo, raça, língua, povo e nação (Ap 1. 6; 5.
9-10).
Evidentemente, este
texto não tem a intenção de passar pano
para maus pastores; a eles, o próprio Bom Pastor os julgará com justiça, pois
são servos infiéis, com que não devemos comungar.
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