segunda-feira, 5 de setembro de 2016

POR QUE A ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL NÃO ATRAI?

A religião - qualquer que seja – é sempre uma atividade de natureza didática, uma vez que sua principal tarefa é agregar e instruir pessoas que defendam os seus princípios. O cristianismo, desde longe, sobressai-se no afã levar os seguidores de Cristo ao conhecimento da verdade do evangelho (Jo 8.32). O próprio Senhor Jesus jamais abandonou a atividade didática para expandir a sua mensagem salvadora; e ele mesmo ordenou aos seus discípulos que assim procedessem (Mt 28.19-20). Deus é o Deus da instrução, do ensino. As determinações divinas sempre foram claras, precisas e absolutamente inteligíveis. Adão, por exemplo, nada ignorava de tudo quanto Deus lhe ensinara. Para Pedro, o Senhor usou um método didático, a fim de ele compreender que o evangelho chegara aos gentios.

A Bíblia registra uma bela passagem em que Esdras, o escriba, leu e ensinou as palavras da lei ao povo de Israel que voltara do cativeiro babilônico (Ne 8.8-9). Paulo exige que o obreiro maneje bem a Palavra da verdade (2Tm 2.15).

Todas as igrejas deveriam ser, prioritariamente, um centro de ensino bíblico; entretanto, não é isso que se observa. O meio pentecostal, em grande parte, ainda não chegou ao seu melhor nível de estudo e ensino da Palavra de Deus. Nossas igrejas há décadas, têm-se preocupado com a construção de confortáveis templos, com a formação de conjuntos musicais, voltados para os movimentados cultos ao anoitecer dos domingos. Todavia, o ensino bíblico tem ficado para segundo plano.

Em geral, a frequência à EBD chega ao nível do lastimável, se considerarmos o número de membros da igreja.. O resultado é que se tem uma “igreja cantante, ainda que em detrimento de seu hinário oficial”, cujos membros não dispõem de um mínimo de conhecimento e prática bíblica.

Evidentemente essa circunstância é também entrave no trabalho de evangelismo pessoal; pois, quem não é instruído na Palavra de Deus torna-se incapaz de agir como ordena Pedro: “...e estai preparados para responder com mansidão e temor a qualquer um que vos pedir a razão da esperança que há em vós”. (1Pe 3.15).

Entretanto, não há problema sem causa, logo, o fracasso de muitas EBD tem explicação. O primeiro ponto do problema está na formação do professor de Bíblia. É inadmissível sujeitar-se uma congregação ao ensino de quem não aprendeu a ensinar. A formação didática (e mesmo pedagógica) é indispensável. Nos idos de 1950, 1960, a maioria das EBD assembleianas tinham a mera preocupação de propagar os usos, os costumes, as proibições, ou as permissões da denominação. E achavam que isso era ensino bíblico!

Qualquer curso que se preza tem um programa a ser cumprido, prepara material didático compatível com a sua proposta e apresenta professores bem formados para o seu mister.

Curso de EBD não é uma atividade inócua, em que um “professor” lê, diante da turma, a página relativa à lição daquele domingo. O aluno se vê obrigado a assistir a uma leitura em voz alta, de um trecho - que ele mesmo poderia ler - sem que faça um aparte, tenha uma pergunta, ou dê uma sugestão. Depois da enfadonha leitura, muitos “professores” perguntam: “Há alguma dúvida?” Claro que há, mas só faltam dois minutos para encerrar a atividade e tudo fica como começou. Toda aula é uma atividade bipolar, integra professor e aluno em um assunto, mas as EBD, às quais me refiro, seguem a máxima do “magister dixit”. Evidentemente, essas circunstâncias esmorecem a frequência e o curso dominical minguará antes do término do trimestre.

Outro ponto a destacar é a constituição dos grupos de alunos. Claro que um cristão recém-chegado não poderá acompanhar os estudos de uma classe de anciãos. Por outro lado, a instrução que se dará aos jovens difere em conteúdo daquela que se oferece aos adultos. A instituição da “classe única” é expediente desaconselhável, quando se dá a devida importância à EBD.

Além disso, não se pode desprezar um fato crucial: se uma igreja  não se impõe como um “centro de estudos bíblicos” trabalha pelo afundamento da sua EBD. A escola dominical não é uma atividade à parte, sem noção da finalidade explícita. Ela é o sustentáculo da fé evangélica.

Hoje, há riquíssimos materiais sobre a formação das Escolas Bíblicas Dominicais, entre eles, é possível citar com elogio o CAPED – Curso de Aperfeiçoamento de Professores de Escola Dominical, do brilhante e emérito pastor Antônio Gilberto. Para conhecer as obras desse prestigiado professor, basta consultar as listas de obras da CPAD.

Cada crente precisa saber que a EBD dá e mantém o alicerce da sua fé. Cada igreja precisa entender que sua função indispensável não se concentra nas festas que promove, nem nas músicas que canta, nem na grandiosidade de seus templos: ela tem que ser um “centro de estudos bíblicos”!

Ev. Izaldil Tavares de Castro

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