quarta-feira, 17 de agosto de 2016

NÃO HÁ SABER SEM PRECEDENTE


O homem tem grande prazer em toda forma de conhecimento. Conhecimento é descoberta. Há em nós uma necessidade insaciável de saber, a qual já nos vem do berço e nos acompanha até ao túmulo. As primeiras atitudes dos bebês são as de adaptação ao mundo, por meio do conhecimento. Para o infante, a vida não se realiza - em primeiro plano - pelo reconhecimento (pois não há um dejà vu); realiza-se pelo conhecimento: o “start” da identificação.

O processo de identificação do mundo e das circunstâncias gera e é gerado pela curiosidade como num moto perpétuo. Na fase adulta, o homem continua a busca pelo conhecimento e, para atingir a satisfação de saber, faz do reconhecimento uma de suas ferramentas. O processo é cumulativo.

O diabo viu em Eva, a nossa primeira mãe, a possibilidade de induzi-la ao erro, deturpando-lhe a necessidade da descoberta. Enganada pelo mal, Eva teve manchada pela desobediência à determinação divina a satisfação do saber. Por isso, caiu na condenação de si mesma e toda a espécie humana. Talvez daí venha o dito popular: “A curiosidade mata”! Melhor será dizer que a curiosidade estúpida mata.

A nossa curiosidade, para produzir bom resultado, deve ser provida de sabedoria; isto é, ela tem de estar submetida a um precedente. Nada sabemos aprioristicamente; a curiosidade de Eva não foi sábia, já que ela não atentou para o precedente, que era a determinação divina. Não há conhecimento, nem ciência que se expliquem a partir do nada, o precedente determina o trajeto e o resultado da curiosidade. A isso chamamos circunstância.

Aos pais cabe servir de base para o saber dos filhos; assim também aos professores, para o saber dos seus discípulos e aos pastores, para o saber das ovelhas. Quanta responsabilidade para a formação dos precedentes.

Todavia, continuamos, como nossos primeiros pais, desconsiderando as bases, e formando para nossa própria infelicidade um pretenso saber. Hoje, todos já sabemos tudo. Não precisamos olhar para modelos, não precisamos atentar para instruções. Julgamo-nos capazes de traçar nosso próprio percurso. Continuamos vítimas do diabo, enquanto pensamos ter criado nossa cosmovisão. Ela, contudo, é particular, míope e pecaminosa. Não somos melhores que Adão e Eva.

A tecnologia em que estamos mergulhados dá-nos essa sensação de sabedoria enlatada. Já não precisamos queimar as pestanas nos estudos e pesquisas assessorados: tudo já nos vem pronto à mão. De nada precisamos saber, realmente. Mas, na verdade, nós nos tornamos arrogantes neste século! As mídias sociais são o espelho dessa arrogância fajuta. Temos o direito de dizer o que bem quisermos; mas, geralmente, sem pensar, sem precedentes que nos apoiem.

Abrimos mão de pais, de professores, de pastores. Somos ricos e de nada temos falta; todavia, não vemos a nossa condição de pobres, cegos e nus, como informa a passagem de Apocalipse. No tocante ao conhecimento bíblico, a situação é caótica, porque já dispensamos nossos pastores, nossas igrejas e nossas congregações; já nos tornamos capazes de “interpretar” a doutrina cristã por nosso próprio metro.

A sede de saber, que nos é inata, está conspurcada pelas enganosas armadilhas do Mal, que insiste em perguntar-nos: “É assim que Deus disse...?”, para em seguida falar: “Certamente não...”. O capítulo 3 de Gênesis não está num passado longínquo; está constantemente bem perto de nós, que desprezamos o precedente aviso e determinação do Pai Celeste.

Ev. Izaldil Tavares de Castro.

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