Leitura: Rm 8.1-9; 31-39.
Introdução
Existe um grande perigo no meio evangélico: usar versículos isolados do seu contexto.
Algumas pessoas cometem esse erro intencionalmente, com a finalidade de encaixar a parte selecionada do texto bíblico num contexto bem diferente. Outros, porém, fazem isso por despreparo bíblico, teológico e gramatical.
Por exemplo, o texto de Romanos 8 precisa ser cuidadosamente estudado, para que não nos coloquemos acima da nossa própria condição de fragilidade diante do Senhor.
QUEM SERÁ CONTRA NÓS?
A pergunta de Paulo, em Romanos 8.31 é retórica: "Se Deus é por nós, quem será contra nós?". Essa pergunta tem servido para a satisfação de muitos pretensiosos que ignoram o contexto do qual o apóstolo trata.
Os pretensiosos procuram entender que o Senhor os tem selecionado, para que se sintam acima do bem e do mal.
Precisamos compreender que, de fato, "Deus é por nós", isto é, Deus concede a sua graça aos crentes regenerados, no sentido de que fomos justificados do pecado, por meio da remissão executada por Cristo, na cruz.
Ninguém pode apresentar acusação de pecado contra aquele que está em Cristo Jesus. A dívida do crente foi paga por Jesus, na cruz do Calvário; portanto, o próprio Deus se fez favorável a nós, tornando-nos justificados, por causa do sacrifício do seu amado Filho. Os versículos 33 e 34 dão a explicação para a pergunta de Paulo. No texto, a expressão “é por nós” significa “aceita-nos”.
NINGUÉM NOS SEPARARÁ DO AMOR DE DEUS
Devemos ter atenção, também, ao trecho que vai do versículo 35 ao 39. O pronome “ninguém” (vv.35-36) representa as dificuldades e as pessoas que, porventura as promovam, gerando perseguições e até morte. É, de fato, impossível que haja qualquer força que anule o amor que Cristo mostrou por nós. É o seu amor que nos atrai a ele. “Mas, eu, quando for levantado da terra, atrairei todas as pessoas para mim.” (Jo 12.32).
Não se separar do amor de Cristo não depende de uma capacidade humana, mas graça do Senhor. Nós não fomos até a graça; ela veio a nós. A graça nos alcançou, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8).
Pela nossa própria capacidade ou esforço não somos, nem seremos, mais do que vencedores (v.37). Muitos falsos ensinadores disseminam erros com base na distorção de fragmentos das Escrituras. A afirmação de que somos mais do que vencedores pode expressar um excesso de autoconfiança, o que é pecado. A nossa vitória vem do Senhor. (1Co 15.57).
Conclusão
A verdadeira fé precisa estar assentada no reconhecimento de que nada temos ou merecemos por mérito próprio, e na certeza de que Deus nos vivificou quando estávamos mortos em ofensas e pecados.
“Mas, Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou, juntamente com Cristo (pela graça sois salvos) e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus.” (Ef 2.4-8)
Quando o Senhor Jesus mandou que roguemos ao Senhor, para que mande trabalhadores para a sua seara (Mt 9.38), não se referiu apenas à necessidade de quem saia a evangelizar o mundo; ele bem sabia a falta que fazem os mestres, aqueles que ensinam, que discipulam na igreja. Há grande deficiência de mestres cristãos, no meio evangélico.
Oremos para que o Espírito Santo enriqueça a Igreja com homens crentes, estudiosos da Palavra de Deus, tementes a Deus e aptos para ensinar.
“Mas, como está escrito: ‘As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam’.” (1Co 2.9). Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário