Leitura bíblica: Atos 8.26-35
Nesse capítulo do evangelho de Lucas, em Atos dos Apóstolos, o médico e evangelista relata uma ocorrência em que o administrador geral da rainha da Etiópia, havia ido a Jerusalém, para adorar a Deus. Enquanto ele viajava de volta a sua terra, numa carruagem, lia o livro do profeta Isaías.
Embora aquele homem fosse religioso, e mesmo leitor das Escrituras, não conhecia o conteúdo da Palavra de Deus, pois lia o livro sagrado, sem qualquer processo de discipulado.
Foi necessário que um homem, enviado por Deus, Filipe, interrompesse aquela viagem, e lhe perguntasse: “Você entende o que está lendo?”.
Dessa abençoada pergunta pode-se tirar uma grande lição: a simples leitura de um texto não é suficiente para a compreensão do seu conteúdo; é necessário que a pessoa entenda o que lê. O apóstolo Paulo levanta a questão:
“Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E, como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?” (Rm 10.14).
A resposta do viajante etíope deveria ser constantemente lembrada na Igreja dos nossos dias: “Como poderei entender, se alguém não me explicar?”.
Talvez, esse seja o episódio mais inspirador para o surgimento das Escolas Bíblicas. Seria uma bênção, se encontrássemos muitos irmãos com tão grande interesse por ensino bíblico!
A Bíblia é, indiscutivelmente, o mais precioso livro à disposição do ser humano; suas riquezas claras ou ocultas não se esgotam. A Bíblia é a fonte perene dos tesouros espirituais. A descoberta desses tesouros, porém, exige trabalho contínuo e persistente.
Deus escolheu um homem preparado nas Escrituras, a fim de socorrer a necessidade do etíope religioso. O preparo de quem ensina é indispensável. Muito se ouve dizer que “quem não se assenta para aprender não pode levantar-se para ensinar”.
O pregador Filipe, já estava preparado em tudo, para “ir e fazer discípulos”, em conformidade com a ordem do Senhor Jesus, por isso, ele foi enviado pelo Espírito Santo, para ensinar a Palavra de Deus àquele alto funcionário da Etiópia.
A Palavra bem explicada levou o ouvinte à compreensão e à conversão consciente. Por compreender a Palavra de Deus, o homem que fora apenas um religioso, tornou-se um servo do Senhor.
É bom que a igreja tenha homens dedicados ao ensino; mas também é bom que haja discípulos interessados em saber sempre mais da Palavra de Deus. Assim como não há discípulos, se não há mestres; os mestres não podem atuar onde não há discípulos. O Senhor Jesus disse:
“Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.” (Mt 28.19-20).
As igrejas precisam tornar-se, urgentemente, centros de ensino bíblico, para si mesmas, antes de se tornarem evangelizadoras. O bom trabalho na divulgação do evangelho inicia nos bancos do discipulado nas igrejas.
Há muitos crentes inertes, quanto à expansão do Reino de Deus. Muitos se escondem atrás de desculpas, quando alegam “não ter dom para evangelizar”. Entretanto, a tarefa de evangelizar não está associada a dom algum; está na obrigação de cumprir a ordem do Senhor Jesus.
Muitos dizem adorar a Deus nas igrejas, sem se darem conta de que Deus não aceita louvor daqueles que não se dedicam à divulgação do evangelho aos perdidos. O próprio Senhor Jesus iniciou sua vida ministerial divulgando o evangelho de salvação:
“O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, e pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor”.
E, cerrando o livro, e tornando a dá-lo ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. “Então, começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.” (Lc 4.17-21).
A tarefa de levar a mensagem de salvação é a mais nobre de todas. Para isso, é necessário que cada um entenda o que lê. Atos 17.11 informa que os crentes da cidade de Bereia “iam examinar nas Escrituras” se aquilo que aprendiam na igreja estava correto. Para eles, não bastava ir à igreja, não bastava ouvir a pregação; era necessário estudar a Palavra, após os cultos.
A maioria das congregações cristãs tornaram-se lugar de reunião domingueira, nas quais, raramente, está impregnado o propósito de fazer crescer o Reino de Deus. Se o Senhor Jesus mandou fazer discípulos, é isso o que temos de fazer!
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