sábado, 18 de setembro de 2021

PREGADORES OU PRELETORES?



Cada vez mais tem-se substituído o designativo "pregador" por "preletor". Haverá algum problema nisso?

Antes, vejamos que o termo preletor se refere àquele que faz preleção, ou seja, preleção é a atividade de um comunicador que dá uma aula ou palestra, geralmente magna, cujo conteúdo, de natureza secular, interessa a um público específico.

Por sua vez, essa não é a atividade do pregador.

A frequente utilização do termo "preletor" parece resultar do surgimento, em algumas igrejas, de especialistas em palestras motivadoras do ânimo, ou voltadas ao benefício na atividade laboral.

Os profissionais da palestra são chamados "coaches". Alguns pastores, erradamente, têm-se tornado palestrantes ou "coaches" em suas igrejas.

O verbo "pregar", em português, vem do latim "praedicare": anunciar ou disseminar algo em voz alta. Esse mesmo sentido aparece nas palavras de Jesus aos seus discípulos: "O que vos digo em trevas, dizei-o em luz; e o que escutais ao ouvido, pregai-o sobre os telhados." (Mt 10.27).

Se por exemplo, observarmos a divulgação de uma teoria política, notaremos duas possíveis formas de expansão das ideias: aquela que se propaga dos palanques, por meio de caixas de som (sobre os telhados), o que caracteriza uma "pregação". A outra forma manifesta-se em ambientes restritos a público pré-selecionado; isso já não é "pregação"; é "palestra"; portanto, realizada por um "coach" ou palestrante.

Na propagação do evangelho, Jesus não mandou fazer "palestra"; mandou anunciar "sobre os telhados". Assim, "coaches", preletores ou palestrantes não pregam.

Há, ainda, que se considerar a atividade de ensino do evangelho. Em Mateus 28.19-20, o Senhor não mandou "pregar"; mandou, primeiro, "ensinar"; depois, "batizar" todas as nações. Não é sobre os telhados que se ensina nem ali se batiza.

Conclui-se que aqueles a quem o Senhor destinou a prática do ensino (e do batismo) não exercem, a priori, a "pregação", que é a "pescaria de almas", feita "sobre os telhados", a fim de atingir multidões. A rigor, os que ensinam praticam uma atividade posterior à pregação.

Em que categoria estão esses, então? Serão eles "coaches"?

Sem dúvida, não são "coaches", dado que seu papel não é apresentar sistemas ou processos para a ascensão material. Os que ensinam a Palavra de Deus e a prática da vida cristã são homens devotados ao crescimento espiritual da Igreja, sem que sua atividade objetive os interesses seculares.

Os púlpitos cristãos não precisam de "coaches"; necessitam com urgência de pregadores do evangelho e de mestres na Palavra.

"Rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara." (Lc 10.2b).



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