domingo, 15 de junho de 2014

QUAL É A RIQUEZA DO HOMEM?


 
Uma das grandes vaidades humanas é a condição social elevada que ostenta entre seus pares. O homem ama ser rico, bem sucedido, bem visto no meio em que vive; seja por seu conhecimento e preparo intelectual, seja pela fortuna material que lhe dá destaque.

Quanto mais riqueza ajunta em seu celeiro, mais orgulho invade a sua alma, fazendo-o esquecer as sua verdadeira condição. À igreja que estava em Laodiceia – aquela cidade fora destruída por um terremoto em 62 d.C, e orgulhosamente reconstruída pelos seus próprios cidadãos, sem auxílio governamental - o Senhor Jesus endereçou a seguinte mensagem: “Como dizes: Rico sou e estou enriquecido, e de nada tenho falta (e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu), aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças, e vestes brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez, e que unjas os olhos com colírio, para que vejas.” (Ap 3. 17-18).

Quem deu ao homem tudo quanto possui? Fez ele o solo em que pisa? De onde lhe vem (senão dele mesmo) a documentação de proprietário? Produz ele a água com que mata a sua sede? Gera a árvore que lhe dá os frutos, ou o metal precioso com que elabora as suas jóias?

Ao homem insano, resta-lhe uma vaidade vazia, ignóbil, falsa.

A Bíblia ensina que “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto; descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de variação.” (Tg 1. 17). Nada, absolutamente nada é propriedade do homem: aquilo que ele transforma em riqueza social ou pessoal, nada mais é do que o uso do Bem primário de que se apossa. “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam.” (Sl 24.1). Nem mesmo o homem é de si mesmo; mas do Senhor. Quem lhe conta os dias sobre a terra? Quem os reduz ou amplia?

Entretanto, diante dessas evidências, ainda a soberba está no coração humano. Por isso, sua enorme vontade de reter tudo para si, sem reconhecer que tudo lhe vem de Deus, a Quem deve adoração também com os bens materiais de que desfruta.

Entra aqui a questão amplamente discutida da entrega dos dízimos; isto é, a entrega da décima parte dos rendimentos do trabalho ou da fortuna administrada. Deve o homem submeter-se à entrega do dízimo?

O homem deve submeter-se, sem reservas, à Palavra de Deus. Não cabe a nenhuma pessoa decidir a que parte das Escrituras Sagradas atenderá, ou que parte excluirá. A Bíblia é a regra absoluta de fé e de conduta de todo cristão.

Vivemos em um país que “mantinha” o hábito de declarar-se cristão. Digo “mantinha”, porque a nação se desconfigurou tão grandemente do cristianismo que chegamos à lástima em que vivemos. Fala-se hoje num país “laico”, sem que se defina - adrede decidido - com exatidão o que é esse laicismo. Mas, não fujamos do assunto: há cristãos neste país, e não são poucos.

Mas, que cristão perfilam de fato no cristianismo? Cristãos, em grande parte, desviados, os quais buscam selecionar da Palavra de Deus os trechos que convêm aos seus interesses. Hoje não é raridade ver-se a Bíblia deturpada por pseudocrístãos que lotam várias igrejas. Trata-se de um cristianismo espúrio; de um evangelho tortuoso como os corações dos homens.

A Bíblia do verdadeiro cristão trata da mordomia das finanças. Todos os “nossos” bens são do Senhor. As finanças devem ser administradas segundo a orientação bíblica, mas falhamos, deveras, nesse assunto.  O centurião Cornélio ficou sabendo que as suas orações foram ouvidas por Deus. Não só as orações, mas também a administração de seus bens. (At 10.4).

Muitos ousam alegar que o critério do dízimo ficou restrito ao que se estabeleceu no Antigo Testamento. Essa é uma forma ladina de não reconhecer a verdade bíblica. A Palavra de Deus é explícita na manutenção da prática dizimal no Novo Testamento, chegando aos nossos dias.

Jesus nunca aboliu o dízimo; reforçou-o. O Senhor ensinou a separação daquilo que cabe ao homem, aos governos, daquilo que é de Deus. “Dize-nos, pois, que te parece: é lícito pagar o tributo a César, ou não? Jesus, porém, conhecendo a sua malícia, disse: Por que me experimentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo. E eles lhe apresentaram um dinheiro. Ele disse-lhes: De quem é esta efígie e inscrição? Disseram-lhe eles: De César. Então ele lhes disse: Dai, pois, a César o que é de César; e a Deus, o que é de Deus.” (Mt 22. 17-21).

Também o Mestre relembrou aos fariseus a obrigação do dízimo, juntamente com a benevolência. Por que se faz tanta confusão nesse assunto em nossos dias? Por causa do endurecimento dos corações apegados ao dinheiro.

A Carta aos Hebreus mostra um dos trechos mais claros relativamente ao assunto. Leiamos:

“... tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta; a qual temos como âncora da alma, segura e firme e que penetra até ao interior do véu, onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque. Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava da matança dos reis e o abençoou; a quem também Abraão deu o dízimo de tudo, e, primeiramente é, por interpretação, rei de justiça e depois, também, rei de Salém, que é rei de paz. [...] Considerai, pois, quão grande era este, a quem Abraão deu os dízimos dos despojos. [...] Mas aquele cuja genealogia não é contada entre eles tomou dízimos de Abraão e abençoou o que tinha as promessas. [...] E aqui certamente tomam dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de que se testifica que vive." (Hb 7)

A quem pertencem os dízimos? Àquele “de quem se testifica que vive”: os dízimos pertencem ao Senhor, ainda que aqui o recebam homens que morrem. A bênção não vem do homem recebedor, mas d’Aquele a quem pertence toda a terra. O dízimo é o reconhecimento da soberania do Altíssimo.

A negação desse princípio bíblico expressa a insubordinação à Palavra de Deus, portanto, a constatação de um cristianismo torto, errado, reprovado biblicamente; logo, inócuo.

Inda agora, nestes dias, urge ouvir as palavras de Jesus: “O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos e crede no evangelho.” (Mc 1. 15).

Crer em qual evangelho? No evangelho bíblico, integral, puro; sem qualquer relação com os falsos evangelhos tão difundidos por aí. O evangelho abençoador do homem; não explorador da boa fé, que visa a arrancar das pessoas o indevido.

Pratiquemos o evangelho em todos os seus aspectos, inclusive trazendo ao Senhor os nossos dízimos, e administrando-os com grande temor, pois os que administram não o fazem para si mesmos, mas para o Reino e, sem dúvida, darão contas ao Rei.

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