Quanto mais riqueza ajunta em
seu celeiro, mais orgulho invade a sua alma, fazendo-o esquecer as sua verdadeira
condição. À igreja que estava em Laodiceia – aquela cidade fora destruída por
um terremoto em 62 d.C, e orgulhosamente reconstruída pelos seus próprios
cidadãos, sem auxílio governamental - o Senhor Jesus endereçou a seguinte
mensagem: “Como dizes: Rico sou e estou enriquecido, e de nada tenho falta (e
não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu),
aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças, e
vestes brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez, e
que unjas os olhos com colírio, para que vejas.” (Ap 3. 17-18).
Quem deu ao homem tudo quanto
possui? Fez ele o solo em que pisa? De onde lhe vem (senão dele mesmo) a
documentação de proprietário? Produz ele a água com que mata a sua sede? Gera a
árvore que lhe dá os frutos, ou o metal precioso com que elabora as suas jóias?
Ao homem insano, resta-lhe uma
vaidade vazia, ignóbil, falsa.
A Bíblia ensina que “Toda boa
dádiva e todo dom perfeito vêm do alto; descendo do Pai das luzes, em quem não
há mudança, nem sombra de variação.” (Tg 1. 17). Nada, absolutamente nada é
propriedade do homem: aquilo que ele transforma em riqueza social ou pessoal,
nada mais é do que o uso do Bem primário de que se apossa. “Do Senhor é a terra
e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam.” (Sl 24.1). Nem mesmo o
homem é de si mesmo; mas do Senhor. Quem lhe conta os dias sobre a terra? Quem
os reduz ou amplia?
Entretanto, diante dessas
evidências, ainda a soberba está no coração humano. Por isso, sua enorme
vontade de reter tudo para si, sem reconhecer que tudo lhe vem de Deus, a Quem
deve adoração também com os bens materiais de que desfruta.
Entra aqui a questão amplamente
discutida da entrega dos dízimos; isto é, a entrega da décima parte dos
rendimentos do trabalho ou da fortuna administrada. Deve o homem submeter-se à entrega
do dízimo?
O homem deve submeter-se, sem
reservas, à Palavra de Deus. Não cabe a nenhuma pessoa decidir a que parte das
Escrituras Sagradas atenderá, ou que parte excluirá. A Bíblia é a regra
absoluta de fé e de conduta de todo cristão.
Vivemos em um país que “mantinha”
o hábito de declarar-se cristão. Digo “mantinha”, porque a nação se
desconfigurou tão grandemente do cristianismo que chegamos à lástima em que
vivemos. Fala-se hoje num país “laico”, sem que se defina - adrede decidido -
com exatidão o que é esse laicismo. Mas, não fujamos do assunto: há cristãos
neste país, e não são poucos.
Mas, que cristão perfilam de
fato no cristianismo? Cristãos, em grande parte, desviados, os quais buscam
selecionar da Palavra de Deus os trechos que convêm aos seus interesses. Hoje não
é raridade ver-se a Bíblia deturpada por pseudocrístãos que lotam várias
igrejas. Trata-se de um cristianismo espúrio; de um evangelho tortuoso como os
corações dos homens.
A Bíblia do verdadeiro cristão
trata da mordomia das finanças. Todos os “nossos” bens são do Senhor. As
finanças devem ser administradas segundo a orientação bíblica, mas falhamos,
deveras, nesse assunto. O centurião
Cornélio ficou sabendo que as suas orações foram ouvidas por Deus. Não só as
orações, mas também a administração de seus bens. (At 10.4).
Muitos ousam alegar que o
critério do dízimo ficou restrito ao que se estabeleceu no Antigo Testamento.
Essa é uma forma ladina de não reconhecer a verdade bíblica. A Palavra de Deus
é explícita na manutenção da prática dizimal no Novo Testamento, chegando aos
nossos dias.
Jesus nunca aboliu o dízimo;
reforçou-o. O Senhor ensinou a separação daquilo que cabe ao homem, aos governos,
daquilo que é de Deus. “Dize-nos, pois, que te parece: é lícito pagar o tributo
a César, ou não? Jesus, porém, conhecendo a sua malícia, disse: Por que me
experimentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo. E eles lhe
apresentaram um dinheiro. Ele disse-lhes: De quem é esta efígie e inscrição?
Disseram-lhe eles: De César. Então ele lhes disse: Dai, pois, a César o que é
de César; e a Deus, o que é de Deus.” (Mt 22. 17-21).
Também o Mestre relembrou aos
fariseus a obrigação do dízimo, juntamente com a benevolência. Por que se faz tanta
confusão nesse assunto em nossos dias? Por causa do endurecimento dos corações
apegados ao dinheiro.
A Carta aos Hebreus mostra um
dos trechos mais claros relativamente ao assunto. Leiamos:
“... tenhamos a firme
consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta; a
qual temos como âncora da alma, segura e firme e que penetra até ao interior do
véu, onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo
sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque. Porque este Melquisedeque, que era
rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão
quando ele regressava da matança dos reis e o abençoou; a quem também Abraão
deu o dízimo de tudo, e, primeiramente é, por interpretação, rei de justiça e
depois, também, rei de Salém, que é rei de paz. [...] Considerai, pois, quão
grande era este, a quem Abraão deu os dízimos dos despojos. [...] Mas aquele
cuja genealogia não é contada entre eles tomou dízimos de Abraão e abençoou o
que tinha as promessas. [...] E aqui certamente tomam dízimos homens que
morrem; ali, porém, aquele de que se testifica que vive." (Hb 7)
A quem pertencem os dízimos?
Àquele “de quem se testifica que vive”: os dízimos pertencem ao Senhor, ainda
que aqui o recebam homens que morrem. A bênção não vem do homem recebedor, mas
d’Aquele a quem pertence toda a terra. O dízimo é o reconhecimento da
soberania do Altíssimo.
A negação desse princípio
bíblico expressa a insubordinação à Palavra de Deus, portanto, a constatação de
um cristianismo torto, errado, reprovado biblicamente; logo, inócuo.
Inda agora, nestes dias, urge
ouvir as palavras de Jesus: “O tempo está cumprido, e é chegado o reino de
Deus. Arrependei-vos e crede no evangelho.” (Mc 1. 15).
Crer em qual evangelho? No
evangelho bíblico, integral, puro; sem qualquer relação com os falsos
evangelhos tão difundidos por aí. O evangelho abençoador do homem; não
explorador da boa fé, que visa a arrancar das pessoas o indevido.
Pratiquemos o evangelho em
todos os seus aspectos, inclusive trazendo ao Senhor os nossos dízimos, e administrando-os
com grande temor, pois os que administram não o fazem para si mesmos, mas para
o Reino e, sem dúvida, darão contas ao Rei.
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